Taxas em debate
foto JMF
Afirmando que é profissional de saúde «há mais de 30 anos», Ana Jorge disse que em contactos que manteve com pessoas que tratou durante muito tempo percebeu que nenhuma delas tinha a «noção de qual é o valor real do que custa ao Serviço Nacional de Saúde os seus tratamentos».
No final do debate no Parlamento, em declarações aos jornalistas, Ana Jorge escusou-se a tecer uma opinião sobre a alteração das taxas moderadoras, dizendo que isso consiste num «problema dos deputados e da Assembleia da República».
A ministra também não se pronunciou para dizer se defende o fim das taxas moderadores na próxima legislatura, recusando-se a fazer «futurologia».
TSF, 20 02 09
Ana Jorge, profissional com longos anos de SNS, sabe que as taxas de utilização nos 10 primeiros dias de internamento (5,20 euros p/dia) e de cirurgia de ambulatório (5,20 euros), introduzidas por CC, constituem formas injustas de co-pagamento da prestação de cuidados.
Acresce que a critica a estas taxas integra algum do escasso capital político da ministra antes de entrar para o XVII governo constituconal.
No debate parlamentar, a ministra da saúde achou por bem refugiar-se na argumentação da necessidade de moderação dos dispendiosos cuidados de saúde.
No final do debate no Parlamento, em declarações aos jornalistas, Ana Jorge escusou-se a tecer uma opinião sobre a alteração das taxas moderadoras, dizendo que isso consiste num «problema dos deputados e da Assembleia da República».
A ministra também não se pronunciou para dizer se defende o fim das taxas moderadores na próxima legislatura, recusando-se a fazer «futurologia».
TSF, 20 02 09
Ana Jorge, profissional com longos anos de SNS, sabe que as taxas de utilização nos 10 primeiros dias de internamento (5,20 euros p/dia) e de cirurgia de ambulatório (5,20 euros), introduzidas por CC, constituem formas injustas de co-pagamento da prestação de cuidados.
Acresce que a critica a estas taxas integra algum do escasso capital político da ministra antes de entrar para o XVII governo constituconal.
No debate parlamentar, a ministra da saúde achou por bem refugiar-se na argumentação da necessidade de moderação dos dispendiosos cuidados de saúde.
Ultrapassada a fase inicial, em que soltava um ou outro apontamento dissonante da liturgia oficial, Ana Jorge parece limitar-se, cada vez mais, ao cumprimento de calendário até ao desfecho das próxims eleições.
Moral da história: Sem ninguém que lhes valha, os utentes vão continuar a pagar “taxas moderadoras” de cuidados em que não há nada a moderar. Na esperança que o Governo, um dia destes, não se lembre de os taxar por estarem doentes.
Moral da história: Sem ninguém que lhes valha, os utentes vão continuar a pagar “taxas moderadoras” de cuidados em que não há nada a moderar. Na esperança que o Governo, um dia destes, não se lembre de os taxar por estarem doentes.
Etiquetas: Ana Jorge
18 Comments:
Requiem pelo SNS
"|as taxas moderadoras| É um valor insignificante no financiamento do SNS", a receita da aplicação não ultrapassa os 0,7% do orçamento do Ministério.
"As taxas moderadoras têm valor educativo e pedagógico."
Absolutamente certo! Tem toda a razão, a senhora ministra.
«Os utentes nunca tiveram a noção do valor real do que custa uma consulta ou um tratamento.»
Aqui é que a porca torce o rabo!
Quem é que não tem noção?
Ou utentes ou os profissionais do SNS ?
Nomeadamente os médicos que insistem em prescrever medicamentos de marca. Que só são capazes de diagnosticar à custa de resmas de MCDTS, a maioria desnecessários. Que continuam a não cumprir horários. Que só recuperam listas de espera à custa de programas especiais com muito dinheiro à mistura.
Quem também não tem a noção é a administração de saúde e o ministério da saúde. Incapazes de pôr cobro a estas e outras ineficiências e em desenvolverem uma politica de saúde coerente em defesa do SNS.
É por estas e outras coisas que o SNS está condenado.
A incompetência dos nossos políticos matou o SNS.
Os privados começam a dar mostras de conseguir fazer melhor : com custos inferiores e melhor qualidade.
Restarão uns tantos crentes. Sempre necessário para gerir o que restar do SNS.
Os técnicos que fazem as autópsias no INML de Lisboa não estão a receber a totalidade das horas extraordinárias. A nova lei impõe limites e não é ainda claro se podem manter o regime de excepção de que gozavam. A greve já foi equacionada.
As limitações ao trabalho extraordinário impostas pelo novo regime de Contrato de Trabalho em Funções Públicas (CTFP) está a fazer com que os oito técnicos da delegação de Lisboa do Instituto Nacional de Medicina Legal (INML) ligados à patologia forense (autópsias) não possam receber na totalidade as horas extraordinárias que fazem. Esta situação - que já levou os trabalhadores a equacionar uma greve - só deverá ficar resolvida durante o próximo mês. .../
JN 21.02.09
Como é aceitável situações destas com os níveis de desemprego que há?
Os que estão dentro refastelaram-se à sombra do orçamento impedindo os novos de entrar.
Os negócios da Caixa
O Banco do Estado comprou acções da Cimpor a empresário oferecendo-lhe 60 milhões de mais-valias. O negócio já foi questionado pelo BE e pelo PCP. Mas o mal-estar provocado atingiu também a bancada do PS. Vera Jardim assinou ontem um requerimento dirigido a Teixeira dos Santos
Vera Jardim questiona Governo sobre o negócio
O negócio da Caixa Geral de Depósitos (CGD) com o empresário Manuel Fino de compra de acções da Cimpor, anteontem alvo de fortes críticas por parte do Bloco de Esquerda, está também a provocar mal-estar na bancada da maioria socialista.
O deputado José Vera Jardim, ex-ministro da Justiça, corporizou esse mal-estar enviando ontem, sob a forma de requerimento, duas perguntas ao ministro das Finanças, Teixeira dos Santos: "O accionista Estado [da CGD] teve conhecimento prévio da operação efectuada?"; "Se a resposta for afirmativa, solicita-se esclarecimento sobre o que justifica tal transacção, nos moldes em que foi efectuada."
60 milhões de mais-valias
O que está em causa é o facto de, alegadamente, o banco do Estado ter comprado a Manuel Fino um lote de 64 milhões de acções da Cimpor por 4,74 euros, quanto estavam cotadas a 3,79 euros. Ou seja, nesta venda fez uma mais valia de 60,8 milhões de euros em relação ao preço de mercado das acções. E esses 60,8 milhões de euros vieram dos cofres do Estado, tendo anteontem o Bloco de Esquerda afirmado, através de Francisco Louçã, que poderiam servir ao empresário para este pagar uma dívida à CGD (dinheiro usado para comprar acções do Banco Comercial Português). Segundo o Bloco de Esquerda, Manuel Fino tem ainda opção de recompra das acções, por três anos. A Caixa Geral de Depósitos é agora dona de 9,53 % dos activos financeiros da cimenteira Cimpor. "Com que critério numa época de tantas dificuldades se esbanja dinheiro destaforma?", perguntou Francisco Louçã.
O grupo parlamentar do PCP também reagiu ao caso, requerendo a audição urgente do presidente do conselho de administração da CGD, o ex-ministro do PSD Faria de Oliveira, na comissão de Orçamento e Finanças.
O PCP argumentou que "nos últimos tempos" a Caixa tem sido chamada a intervir "na salvação de alguns bancos do sistema bancário" e que "tem tido intervenções incompreensíveis no apoio a alguns grupos económicos e financeiros".
E quer também esclarecimentos sobre as opções estratégicas da CGD, referindo casos de "negociações leoninas de empréstimos" feitos entre empresários como Manuel Fino, Teixeira Duarte, Joe Berardo e José Rendeiro. "São conhecidos casos de investidores e grupos económicos que há algum tempo obtiveram empréstimos da CGD para participarem em aumentos de capital de outros grupos económicos e que agora perante um mercado bolsista em queda abrupta, conseguem negociações leoninas desses empréstimos", refere o requerimento apresentado na Assembleia da República pelo grupo parlamentar comunista.
DN 21.02.09
Ouvimos com frequência dizer: "trata-se de um banco do Estado...". Querendo com isto dar a entender tratar-se de uma instituição bancária da maior confiança.
Maior confiança?
Um banco que se dedica a negociatas. E presta serviço esmerado a especuladores da bolsa!
"Save us from the banks", podia-se ler em inúmeros cartazes da campanha de Obama.
Bancos que não têm pejo em despejar famílias de suas casas, quando estas deixam de poder pagar os empréstimos carrgados dejuros.
“Ninguém deveria pagar internamentos, tratamentos ou meios complementares que são definidos por prescrição clínica”.
O Governo deveria abolir os “co-pagamentos que erradamente são definidos como taxas moderadoras”.
"Toda a população já paga impostos e quando vamos ao centro de saúde ou ao hospital não vamos ao circo, não vamos divertir-nos”.
Santos Cardoso, MUS
Carta Aberta à nossa Colega de Blog Joana
Cara amiga apesar de não nos conhecermos imagino-a uma pessoa interessada pelas questões relativas ao sistema de saúde. Fiquei um tanto assustado pelo tom fúnebre que é conferido ao seu post pelo título que escolheu. Vejo que concorda com a singela afirmação da Sra. Ministra quando esta referiu: …”As taxas moderadoras têm valor educativo e pedagógico”…A extensão deste raciocínio levar-nos-ia até a supor que no próximo Plano Nacional de Saúde, a iniciar em 2011 um dos Programas escolhidos venha a ser qualquer coisa do tipo:”Educação para a Saúde através do pagamento de Taxas Moderadoras”.
Depreende-se, das suas palavras, que não será médica (provavelmente engenheira ou economista) uma vez que zurze nessa ignomínia que é os médicos prescreverem, livremente, quer medicamentos quer MCDT’s.
Termina dizendo: …” Os privados começam a dar mostras de conseguir fazer melhor: com custos inferiores e melhor qualidade”…Sobre esta matéria muito aproveitaria ao meu e ao nosso conhecimento que nos pudesse facultar a evidência científica onde tal está documentado (isto é claro para além dos dípticos e brochuras a quatro cores e papel couché da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada). Com efeito o escasso conhecimento empírico o que nos revela, quase sempre, é uma associação entre redução de custo unitário versus aumento da frequência condimentada, esta associação, por uma “empreendedora” criativade no incumprimento das normas, rácios e preceitos técnicos.
Finalmente, queira acreditar que, felizmente o número de crentes num SNS universal, geral e justo cada vez maior.
Cara Joana:
Parece-me que recuou demasiado...no tempo e entrou na era a-SNS (antes do SNS)!
«Os utentes nunca tiveram a noção do valor real do que custa uma consulta ou um tratamento.»
Aqui é que a porca torce o rabo!
"Quem é que não tem noção?
Ou utentes ou os profissionais do SNS ?
Nomeadamente os médicos que insistem em prescrever medicamentos de marca. Que só são capazes de diagnosticar à custa de resmas de MCDTS, a maioria desnecessários. Que continuam a não cumprir horários. Que só recuperam listas de espera à custa de programas especiais com muito dinheiro à mistura."
Dá sempre geito "bater" nos médicos...
Hoje, os Serviços Hospitalares, encaixam a sua actividade nos "contratos-programas" subscritos pelos Conselhos de Administração dos seus HH's junto ao MS.
Esses "contratos-programas" que, depois, se estendem aos Serviços,são documentos vinculativos no quais se estabelecem os objectivos
e metas qualitativas e quantitativas, sua calendarização, os meios e instrumentos para os
prosseguir, indicadores para avaliação do desempenho
etc.,
Muitas vezes, a consulta externa não está "individualizada", no seu custo real, mas integrada num package, onde se incluem os MCDT's.
Portanto, para um Serviço Hospitalar, a sua continuidade como entidade prestadora de cuidados diferenciados, a sua sobrevivência como uma unidade funcional individualizada, depende da eficiência dos serviços prestados e do cumprimento do programa anual.
A obtençao de níveis razoáveis de eficiência (vamos ser modestos) pressupõe o conhecimento pelos "actores" (não só médicos) dos custos necessários para obter resultados de qualidade.
Quanto à prescrição de medicamentos de marca no SNS, ia a dizer que à "séculos", que os HH's têm um Formulário Terapêutico a que os médicos têm de cingir-se (as excepções têm de ser criteriosamente justificadas), prescreve-se por DCI, está em vigor o sistema monodose, e mais recentemente, em funcionamento um programa informático para gerir e optimizar o circuito do medicamento.
Sobre a assiduidade todo(?) o pessoal hospitalar, ao contrário de muitos departamentos públicos, estão submetidos a um controlo biométrico...
Quanto às listas de espera cirúrgicas é melhor deitar "olhar" prévio para a Europa onde nos integramos, antes de começarmos a nos auto-mutilar...
O SNS, no caso da Oftalmologia, fez um esforço suplementar para debelar uma situação que ameaçava ficar fora de controlo. Mas a grande discussão foi entre dois tipos de solução:
a contractualização interna ou externa.
Felizmente, teve vencimento a contractualização interna e o SNS prestou um serviço aos portugueses.
Se tivesse sido o Sector Privado da Saúde ainda estariamos a ouvir os foguetes a ribombar...
Ou a Clara acha que se o MS tivesse optado pela contratualização externa, os médicos dos HH's privados trabalhariam de borla e não havia outros custos?
O SNS passa por enormes dificuldades, é certo.
Mas o necessário, o inadiável, é fazer um diagnóstico sereno, profundo, baseado nos factos e na experiência dos que aí trabalham há muitos anos.
Depois, resolver os problemas de organização, estruturação e produção, sem andar a atirar pedras uns aos outros...
Espero que o Requiem a que se refere não seja um cerimonial funebre, mas as belíssimas composições de Mozart, Brahms, Berlioz, Verdi...que também eram Requiems.
Requiem (2)
Foi a minha primeira intervenção no saudesa.
Pensei que o meu comentário não seria publicado por conter algumas heresias relativamente ao pensamento consensual deste blog..
Ainda bem que assim não foi.
Quero agradecer ao e-pá e ao SNS os prontos comentários que a minha intervenção mereceu.
Nunca como na actual crise a nossa economia precisou de ajuda do Estado.
Para lá do infeliz investimento no BPN, o Estado terá de rever nos anos mais próximos muito bem a forma como gasta o dinheirinho dos nossos impostos. Nomeadamente as verbas destinadas à Saúde que já ultrapassaram os dez por cento do PIB.
Apesar das melhorias registadas nos últimos anos, a Saúde continua a ser mal gerida. Gasta-se demasiado para os resultados obtidos, nomeadamente no que concerne ao acesso e qualidade das prestações ( o recente tão festejado PIO é disso exemplo) .
Há que fazer mais e melhor com menos dinheiro.
Infelizmente, sector público não está preparado para tal desafio.
Basta ver o que se passa com as corporações da saúde (médicos, técnicos, enfermeiros) em processo de luta pela restauração das carreiras. Das carreiras, vejam só!
Numa altura em que todo o edifício ameaça desabar, esta boa gente salta para a rua a reivindicar mais/melhor segurança do emprego. Garantido pelo orçamento de Estado.
E os outros?
O meio milhão e tal de desempregados?
A evidência que o sector privado produz melhor (menos gastos e melhor qualidade), começa a aparecer em relação à exploração de algumas unidades privadas (menor mortalidade, menos complicações no período pós operatório, por exemplo).
Ela está disponível para consulta. Basta fazer um pequeno esforço por procurá-la.
A prova que o sector público está condenado (situação agravada pela actual crise) está no facto deste sector não conseguir (jamais) vencer a ineficiência inerente à natureza do seu próprio modelo de exploração. Efectivamente, os profissionais do sector público convivem mal com os sistemas de informação, com a discussão dos dados da produção, com o cumprimento de horários, com estabelecimento de regras gerais, como os procedimentos sobre o controlo da infecção hospitalar, com a própria inovação tecnológica.
Para continuarem a produzir como estão habituados não há dinheiro que chegue.
Basta ler a documentação sobre o processo de discussão das carreiras do pessoal da Saúde que está na agenda de mais uma crise política, para se concluir que o que os profissionais da saúde reivindicam é o regresso ao passado.
E para isso, já não há tempo, dinheiro nem pachorra. A construção do futuro faz-se para a frente.
E,é aqui que cabe a prestação de cuidados por unidades privadas de saúde, as únicas capazes de conseguir a melhor eficiência do processo.
Cara Joana:
Percebi, finalmente, o alcance das suas críticas, o seu posicionamento (legítimo), a sua opção, ao que julgo, livre.
Não compartilho da mesma credibilidade quanto às provas, que diz conhecer, sobre as relações de eficiência entre os Sectores Público e Privado.
Não vale a pena esgrimir argumentos sobre questões onde estamos diametralmente colocados.
Teríamos de "partir demasiada pedra"...
Continue a apostar nas unidades privadas que eu mantenho-me fiel ao tão vilipendiado SNS, local donde sairam os tais homens-maravilha capazes "de conseguir a melhor eficiência do processo", como escreve na parte final do seu comentário.
E, já agora, uma inócua petição.
Volte sempre, mas não insista tanto nos Requiems.
Mande rezar uma novena pelo SNS... porque se for uma novena sempre descansamos nove dias!
Soundbytes…
Cara Joana
Saúdo-a como muito bem-vinda a este espaço (muito livre) de reflexão e discussão sobre os Temas da Saúde. Não sei porque temeu a não publicação do seu post. Embora eu não conheça pessoalmente o Xavier habituei-me a reconhecer hábitos de liberdade neste animado espaço da blogosfera.
Não deverá, contudo, se me permite confundir heresias com desabafos. Pela minha parte não tem que agradecer a vinda ao debate. Virei sempre, com o maior gosto, sempre que se justifique.
Permita-me, por isso, algumas notas sobre o que referiu no seu último texto.
Diz a certa altura:
…Nunca como na actual crise a nossa economia precisou de ajuda do Estado.
Para lá do infeliz investimento no BPN, o Estado terá de rever nos anos mais próximos muito bem a forma como gasta o dinheirinho dos nossos impostos. Nomeadamente as verbas destinadas à Saúde que já ultrapassaram os dez por cento do PIB”…
Aqui senti um grande abanão. Então a Joana mete no mesmo saco o dinheiro perdido no meio da maior trafulhice financeira com os “desgraçados “ dez por cento do PIB. Sabe é que no primeiro caso o Estado está a amparar uma grande quadrilha de colarinho branco (assim uma espécie de irmãos Metralha do neo-liberalismo) enquanto no segundo caso, apesar de tudo, e do seu aparente desgosto foi tratando uns milhões de cidadãos que não têm meios para frequentar as unidades “super-eficientes” que refere existirem no sector privado.
Diz depois que …”Apesar das melhorias registadas nos últimos anos, a Saúde continua a ser mal gerida. Gasta-se demasiado para os resultados obtidos, nomeadamente no que concerne ao acesso e qualidade das prestações ( o recente tão festejado PIO é disso exemplo)”… Cara Joana faculte-nos, por favor, o acesso às suas linhas de investigação ou bases bibliográficas de referência. Todos sabemos (os que estudamos e trabalhamos o sistema de saúde há muitos anos) que programas como o PIO desencantam muito o sector privado. Primeiro porque são 28 milhões de Euros a menos depois porque abrem perigosas janelas de oportunidade de bom funcionamento do SNS.
Prossegue a Joana: …”
Há que fazer mais e melhor com menos dinheiro. Infelizmente, sector público não está preparado para tal desafio. Basta ver o que se passa com as corporações da saúde (médicos, técnicos, enfermeiros) em processo de luta pela restauração das carreiras. Das carreiras, vejam só! Numa altura em que todo o edifício ameaça desabar, esta boa gente salta para a rua a reivindicar mais/melhor segurança do emprego”…
Imagino que não valorize um sistema de carreiras no sistema de saúde. Talvez prefira a prestação do tipo “fast-food”, trabalho à hora ou à peça. Aí o E-pá está cheio de razão estamos num universo de linguagens opostas.
Refere a seguir: …”A evidência que o sector privado produz melhor (menos gastos e melhor qualidade), começa a aparecer em relação à exploração de algumas unidades privadas (menor mortalidade, menos complicações no período pós operatório, por exemplo). Ela está disponível para consulta. Basta fazer um pequeno esforço por procurá-la”…Aonde por favor. Tenho actividade académica e ser-me-ia muito útil para apresentar e discutir com os alunos.
Prossegue com um naco de prosa cuja inspiração nos remete para os powerpoints das imensas consultoras que pululam, nos diferentes, países à volta dos sistemas de saúde procurando bons negócios:
…”A prova que o sector público está condenado (situação agravada pela actual crise) está no facto deste sector não conseguir (jamais) vencer a ineficiência inerente à natureza do seu próprio modelo de exploração. Efectivamente, os profissionais do sector público convivem mal com os sistemas de informação, com a discussão dos dados da produção, com o cumprimento de horários, com estabelecimento de regras gerais, como os procedimentos sobre o controlo da infecção hospitalar, com a própria inovação tecnológica. Para continuarem a produzir como estão habituados não há dinheiro que chegue. Basta ler a documentação sobre o processo de discussão das carreiras do pessoal da Saúde que está na agenda de mais uma crise política, para se concluir que o que os profissionais da saúde reivindicam é o regresso ao passado.
E para isso, já não há tempo, dinheiro nem pachorra. A construção do futuro faz-se para a frente. E,é aqui que cabe a prestação de cuidados por unidades privadas de saúde, as únicas capazes de conseguir a melhor eficiência do processo”…
Sobre tudo isto que diz deve ter imensa evidência que gostaríamos de poder partilhar. Não acredito que faça (apenas) parte do imenso exército de “palpiteiros” que proliferam por aí que despendem sobre o sistema de saúde torrentes de banalidades.
Acredite que no dia em que os processos de transparência forem rigorosos, tal como nos BPN’s e BPP’s cairá muita da máscara com que muitos diligentes “opinadores” persistem em pintar a “eficiência, a qualidade e a excelência do sector privado.
Nesse dia diremos, tal como a Joana, já não há pachorra…
Bem, aqui temos alguém, aparentmente, melhor arrumado que o PKM.
De qualquer forma, os comentários da Joana bem poderiam ter sido produzidos pelo departamento de marketing, por exemplo, do Hospital da Luz.
Não destoariam.
Quanto aos argumentos.
É fácil alinhar uma série de criticas ao sector público. Cada vez mais fácil. À medida que o investimento do Estado foi sendo reduzido.
Mais dificil é demonstrar que o sector privado da saúde trabalha melhor. Como a Joana refere: com melhor qualidade e custos inferiores.
O último que tentou fazê-lo na praça pública foi a JMS num estudo encomendado à Nova, pouco antes da sua saída magoada do Amadora Sintra.
Que aqui foi devidamente desmontado.
Se a Joana se refere ao Hospital da Luz, com clientela seleccionada, que nos diga onde param esses estudos que o comparam com vantagem aos hospitais públicos com casuisticas bem mais pesadas.
Suponho, por conseguinte, que a Joana defende um modelo de prestações convencionadas. O utente do SNS escolhe. Os hospitais privados prestam. E o Estado paga.
E com a implementação deste sistema os gastos em saúde recuariam, como por encanto, para uns 7% do PIB...
Se o modelo de prestação que defende é o das PPP. Ainda pior. Não vão ser precisos muitos anos de experiência para os portugueses verem no desastre em que se meteram.
Cara Joana. Face à grave crise que atravessamos,o que o Estado tem que fazer é reforçar o investimento no Serviço Público. Pois este além da prestação de cuidados, cumpre muitas outras funções sociais que a Joana, por certo, não desconhecerá.
Joana,
Como se torna obvio no seu discurso, é uma pessoa com conhecimentos/formação na área da gestão.
Torna-se também obvio que costuma utiliza os serviços privados e não os públicos.
Óbvio é também que os seus rendimentos familiares são elevados.
Também se depreende que nunca esteve gravemente doente, como por exemplo um problema oncológico, pois se tal tivesse sucedido e tivesse recorrido ao serviço de oncologia de uma unidade privada, digamos a CUF Descobertas, iria ver que a má pratica para rentabilizar o serviço chega ao cumulo de não se prescrever opiáceos para se rentabilizar o “negocio” e que ao fim de 2 semanas de tratamentos não há seguro que resista.
Obviamente óbvio é o facto de não conhecer o verdadeiro SNS, nem sequer se esforçar por compreender as medidas que são impostas pelo actual governo, assim como o objectivo das carreiras!
Mais grave se torna quando afirma “menor mortalidade, menos complicações no período pós-operatório...”, pois se pensar um pouco vai ver que dos utentes submetidos a cirurgia são poucos os que recorrem a unidades privadas em caso de complicações pós operatórias, ou que têm dinheiro para pagar internamentos longos nas Unidades Privadas, preferindo ou sendo forçados a transferirem-se para os hospitais públicos.
Um exemplo, a meu ver grave é o facto das unidades privadas de obstetrícia não possuírem cuidados intensivos, sendo que em caso grave é mais fácil transferir para o publico, porque alias como é defendido pelas próprias UP os portugueses não tem dinheiro para pagar este tipo de cuidados!
Quanto aos SI, creio que a Joana está um pouco equivocada, pois o que se vê por muitas UP são SI de Gestão, e não de Registos Clínicos, sendo que é seguro afirmar que o SNS possui actualmente a maior e melhor rede informática na área da saúde! Se pode ser feito melhor? Pode, mas esta a ser feito, e creio que em 2010 vamos ter dados fiáveis dos CSP, por exemplo.
Mais importante torna-se que a ERS possa cruzar os dados do publico com o privado de forma a poder responsabilizar o privado pelos danos na Saúde dos portugueses, por exemplo um utente submetido a cirurgia, transferido posteriormente para o publico por razões financeiras se morrer os gastos e os resultados estatísticos devem ser atribuídos ás UP.
Já agora quanto paga por mês de seguro de saúde?
Se tiver um acidente grave o seu seguro cobre a totalidade das intervenções, internamentos e reabilitação?
É que se for para um hospital público paga apenas as taxas moderadoras... consegue fazer o mesmo no privado?
E se tiver um “azar” e perder o emprego, o dinheiro e não puder pagar o seguro, onde se dirige?
Só acertou numa coisinha:
“Há que fazer mais e melhor com menos dinheiro.”
Tem toda a razão, mas não vai ser através das UP que o vamos conseguir.
Veja, a Joana defende um sistema privado, em que paga quem pode, ou seja tem acesso á saúde quem pode pagar, por outro lado países com larga experiência com sistemas de saúde privados, defendem agora, em plena crise, a criação de carreiras para os profissionais de saúde, incentivos de desempenho a profissionais e instituições e a criação de um sistema de saúde publico, como é o caso dos EUA.
Será que anda meio mundo errado e a Joana descobriu a pólvora?
Cara Joana,
Diga-nos, depois de ler a entrevista seguinte, se não há algo que a choque.
Eric Corbier, Managing Director of Sinequanon, is trying to create one of the largest Italian care home group, from scratch, with DS Care. We interview him about how and why, and about the care home market in Italy, Germany and France.
HCE: Tell me about DS Care and your plans.
EC: The aim is to build a care home group in Italy and Germany, with 3,000-4,000 beds by 2012. Most of that is likely to be in Italy.
Sinequanon is the operating company, and our partners are Luxempart and DEFI Gestion. Sinequanon has Daniel Caille as Chief Executive; he is the Non-executive Chairman of Domusiv, the fourth largest care home group in France, and former CEO at General de Sante.
We have invested a total of €28m so far, which should be enough to grow DS Care to 1,000 beds. We hope to then raise more – probably another €50m for Italy and maybe a further €70m for Germany. Our aim is to grow by acquiring small operators.
HCE: What is the attraction of Italy?
EC: Germany is more complicated and less protected. In France and Italy, you have the tripartite convention - between the private operator, the region and the state. You need authorisation from the Health Ministry and a licence from the region, and then you can get funds from the local region.
In Italy, we have found a strong management team in our first acquisitions. In Germany, care home operators want to sell and then quit. In Italy, there are also a limited number of licences for care homes, so supply is restricted. Germany is less protected. However, it is a bit more difficult in Italy to do sale and leaseback – we don’t want the properties. We have also found that smaller German care homes tend to be of variable quality, which can be a problem.
HCE: So does Italy mean higher profits?
EC: Yes. It is much more complicated to make money in Germany from care homes. I think it is a difference of about 10 percentage points.
In Italy, we are averaging 35% EBITDA after paying rent. I’d say the average in Lombardy is 30%, and the good companes in France, like Medica and Orpea, can also achieve that. In Germany, only a company like the market leader, Curanum, can manage 30%.
HCE: How do the markets differ?
EC: France and Germany are much more consolidated than Italy. You can get an idea of the scale if I tell you that the largest care home operator in Italy is Holding Sanità e Servizi, run by De Benedetti’s CIR, with 3,000-4,000 beds. The biggest in France is Orpea, with 20,000. We couldn’t build a group like this in France any more.
HCE: Tell me about your Italian strategy.
EC: We are focusing on the 85 plus age group, who need quite a lot of attention: really end-of-life care. So far, we are only operating in Lombardy.
The thing to realise about Italy, is that each region is very different. Lombardy is by far the richest. In fact, it has half of all the 150,000 care home beds in Italy. Because of its wealth, Lombardy can pay around 30% on average of the cost of the bed, and there are a lot of reasonably wealthy individuals and families who can afford the €75-€80 a day fee we charge on top of the state subsidy.
We are also interested in Veneto and Emilo Romagna. Piedmont is less interesting, as the region pays for the individual rather than the bed and is quite bureaucratic, so you can get long delays. We aren’t interested in the south.
You have to maintain quality; everyone knows if you are not doing well, and then you will lose out. But the state works well with the private sector in Lombardy. The state acute beds cost €500 a day, so they are keen to move people on. Obviously you need to demonstrate that quality, and we aim to be 30% better than regulatory requirements. We are now developing a series of complementary services, such as physiotherapy and so on.
HCE: Has the recession had an impact?
EC: That’s what I ask my team all the time! On the demand side, so far the answer is 'no'. And there is a lot of demand, because there are a limited number of beds. Last year, we lost a third of our customers and still achieved a 98% occupancy rate.
HCE: And are care home prices falling?
EC: Yes, prices are falling everywhere as EBITDA multiples are falling. Generally speaking, prices are highest in France, then Italy and then Germany. Spanish prices are the lowest, as the operators are construction companies, who have been badly hit by the credit crisis. You also see this with the big groups; Korian was on 17 times in June 2008, and is now not even on 12 times.
Esperança no futuro
Como previa a minha intervenção provocou viva reacção entre os comentadores do Saudesa, demasiado habituados a alinharem pelo mesmo ângulo de discussão.
Quem ousa virar o diapasão, apanha.
Eu não podia ser a excepção.
De qualquer forma agradeço os vossos comentários.
O meu ponto de vista é que, apesar das reformas, apesar do dinheiro gasto e do esforço dispendido, o SNS não está melhor que há meia dúzia de anos.
Dificuldades de acesso.
Apesar da redução das listas de espera cirúrgica, à custa de programas especiais e avultados investimentos (gostei muito da alusão do SNS à janela de oportunidades. Para os bolsos dos profissionais, certamente).
Note-se que as listas de espera cirúrgica não incluiem o tempo de espera das consultas nos centros de saúde e hospitais (um verdadeiro inferno para os doentes barrados pelo Alert. Todos os dias remetidos de Kaifás para Pilatos, num verdadeiro puzzle de pedidos de MCDTS e diagnósticos contraditórios ).
O acesso dos nossoa doentes esbarra essencialmente nas profundas assimetrias regionais (norte/sul; interior/litoral).Veja-se, a propósito, os recentes dados epidemiológicos sobre o cancro que tanto indignaram a senhora ministra).
O acesso esbarra nas cadeias de influência (cunhas na saúde não podiam ser excepção. Uma forma de vida para alguns).
Mas isto não vos deve preocupar, apoquentados que estão com o controlo pontométrico das assiduidades.
Quanto à qualidade : Desconhece-se quase tudo.
Os dados sobre infecções hospitalares escasseiam.
Sobre os acidentes provocados por erros de prescrição de medicamentos, são nenhuns.
A taxa de reinternamento por erros médicos, é desconhecida na maioria dos hospitais.
A própria farmacovigilância é o que se vê. Ou antes, o que não consegue ver. (em relação aos casos de reacção adversa por vacinação contra HPV. O infarmed só reagiu depois de conhecidos os casos ocorridos na vizinha Espanha e depois do e-pá ter publicado um post a propósito)
Descontrolo dos Gastos (veja-se a derrapagem verificada nos medicamentos) .
Aguardamos com enorme expectativa a publicação das contas de 2008. Vamos ver quanta contabilidade criativa o MS vai precisar para compor minimamente os resultados. A coisa está feia Pois, até o Francisco Ramos parece que deixou de saber fazer contas depois do ministro Coreia de Campos ter sido obrigado a deixar o Governo.
Pelo andar da carruagem em 2009 vamos voltar aos orçamentos rectificativos.
Como é evidente, agora temos a crise planetária para desculpar todos os erros e incapacidades e mais algumas.
Afinal, o que é que ocorreu de verdadeiramente novo, inovador na Saúde (revolucionário, para utilizar um termo que vos é muito querido) desde os tempos do ministro Luís Filipe Pereira?
Sem dúvida, o enorme esforço de investimento na Saúde do sector privado. Milhões de euros aplicados em novas unidades hospitalares e equipamentos, que vão contribuir de forma decisiva para a transferência para este sector do último estado de arte da prestação de cuidados no nosso país.
Não mediará muito tempo para acharmos ridícula esta nossa discussão.
O desenvovimento do sector privado da saúde traz-nos a esperança de volta.
Cara Joana
Tanto soundbite.
É Carnaval, ninguém leva a mal!
Faltaram os dados sobre os feitos do sector privao da saúde.
Joana,
Uma vez que o publico é assim tão mau, gostaria que me mandasse os link dos estudos e relatórios do privado, relativamente aos aspectos que refere...
Já agora explique-me, se não puder pagar um seguro, nem tiver pais ricos como pode adquirir cuidados nessas unidades hospitalares de ultima geração que refere?
E diga-me também, se a saúde privada é tão boa, porque razão os EUA tentam criar um Sistema de Saúde Publico?
Aqui ficam alguns link e diga-me o que prefere, o nosso sistema ou o americano. A nossa discussão resume-se a isso, aperefeiçoar o SNS ou passarmos ao Sistema de Saúde Americano.
http://www.youtube.com/watch?v=3hnYhWcbhp4
http://www.youtube.com/watch?v=V2sFT7T0mCs&feature=channel
Já agora, se puder veja o Sicko!
Sinais de Preocupação…
Cara Joana é um gosto debater consigo mas, por favor, não cometa o pecado de se atribuir a si própria uma especial importância. Nós aqui no SaúdeSa debatemos apenas pelo gosto da troca de ideias. Não se vitimize. Para “vítima” já por cá temos um grande especialista. Sabe, nós estamos muito habituados aos acordes emproados do neo-liberalismo. E acredite, não somos um conjunto conspirativo de perigosos esquerdistas. Somos apenas gente simples que procura aprender estudando, investigando e trabalhando. Apreciamos, contudo, uma boa polémica. Tal diverte-nos e enriquece a nossa alma.
O problema da Joana é que, parece tão, acaloradamente, entusiasmada com os negócios privados que se deixa cair em afirmações que são verdadeiras armadilhas à solidez de qualquer tipo de argumentação. Então do seu ponto de vista: …”apesar das reformas, apesar do dinheiro gasto e do esforço dispendido, o SNS não está melhor que há meia dúzia de anos”…?
O seu desconhecimento parece tão profundo que tomarei a iniciativa de a convidar, um destes dias, a fazer uma incursão pelo sistema público de saúde. Fala de MCDT’s contraditórios esquecendo a “negociata” que representam os MCDT´s no sector privado que tanto defende. Já se deu ao trabalho de comparar o número de MCDT’s por utente no sector privado versus sector público. E com os valores internacionais. Se a Entidade Reguladora ao invés de estar ao serviço dos interesses privados se desse ao trabalho de investigar com independência teríamos grandes surpresas.
E depois fala de cunhas…No sector privado não existe, portanto, na sua óptica nem cunhas, nem escolha de doentes, nem favorecimento?
Percebe-se a sua preocupação com as “supostas” assimetrias nacionais sobre o cancro. Compreendemos que os avultados investimentos feitos tardam em ser rentabilizados apesar das “santas alianças” entretanto ensaiadas.
Percebe-se ainda que “Consulta na Hora”, transparência, aposta nos sistemas de informação, integração de cuidados, unidades locais de saúde, pagamento a tempo horas, USF’s são ameaças demais para um sector privado que desde sempre montou o seu modelo de desenvolvimento no pressuposto de um SNS quanto pior melhor.
Nem uma palavra sobre a melhoria do acesso, os milhões de novas consultas realizadas, a redução brutal das listas de espera em cirurgia, etc.
Depois o eterno blá-blá da qualidade. Não quer discutir o número, a quantidade e a gravidade dos casos “despachados” pelas unidades privadas quando complicados? Quer falar dessa morbilidade e dessa mortalidade? Sabe, é que os dados existem e só não são tornados públicos porque ainda ninguém quis. Claro com a conivência de alguns médicos que no sector público são agentes de (interessada) ligação ao sector privado. Gostaria de ver o que aconteceria se um dia os sectores fossem, efectivamente, delimitados e estas tão interessantes “pontes” fossem quebradas.
Fala depois de farmacovigilância, reinternamentos, infecção hospitalar. Se é tão adepta do sector privado permita-me um conselho não vá por aí. É que o sector privado não se esgota no Hospital da Luz.
Quanto ao descontrolo dos gastos não se preocupe. Parece que os HPP para uma facturação de menos de 70 milhões de Euros fecharam com 10 milhões de Euros negativos enquanto que o SNS (tão maldito por si) fechou o ano com excedentes financeiros.
Quanto a contabilidade criativa parece que os peritos estão no seu sector: BPP, BPN, GPS e também no pretérito Amadora-Sintra de tão má recordação nas litigâncias passadas ou nas litigâncias futuras que se adivinham com a tão necessária criatividade em Cascais e em Braga.
O seu azar é o SNS prosseguir fazendo prova da sua utilidade pública, orientado para servir os cidadãos e não os bolsos de uns quantos promotores privados que tanto investem em construção civil como em hospitais. Percebemos que como a indústria seguradora, em desespero, começa a apertar está na altura de, desesperadamente, se voltarem de novo para esse apetitoso bolo financeiro que “ainda” é público.
Não deixa contudo de ser curiosa a sua intervenção. Para nós que acreditamos e defendemos um SNS público e livre os seus comentários prenunciam sinais de inquietação que nos levam a supor que, se calhar, as reformas estão mesmo a ir no sentido certo.
Isto é só gamar!!!
Agora até as "consultas" pelo telefone pagam taxa de 25 euros!!!
Portaria nº 132/2009, de 30 de Janeiro
Artigo 3º (Definições)
1 – (…)
e) «Consulta médica sem a presença do utente» - acto de assistência médica sem a presença do utente, que resulta num aconselhamento, prescrição ou encaminhamento para outro serviço. Esta consulta pode estar associada a várias formas de comunicação utilizada, designadamente através de terceira pessoa, por correio tradicional, por telefone, por correio electrónico ou outro e obriga a registo no processo clínico do utente;
Artigo 15º (Consulta Externa)
2 – As consultas médicas sem a presença do utente serão facturadas pelo seguinte valor – 25 €.
Moderar, financiar ou preparar a opinião pública ?
Outra medida polémica no mandato de Correia de Campos foi o aumento das taxas moderadoras e o seu alargamento ao internamento e ao ambulatório. Mais uma vez, o ex-ministro justificou a medida com a necessidade de moderar o acesso ao sistema, apesar de, no livro em que fez um balanço do trabalho governativo, Reformas da Saúde — O Fio Condutor, ter admitido que «a razão mais importante para o alargamento das taxas moderadoras ao internamento e à cirurgia do ambulatório não foi nem o objectivo moderador, nem o objectivo financiador, mas sim uma preparação da opinião pública para a eventualidade de todo o sistema de financiamento ter de ser alterado, caso as medidas de boa gestão que tínhamos adoptado no SNS não se revelassem suficientes para garantir a sustentabilidade financeira do sistema».
Para Correia de Campos, com o fim das taxas moderadoras o SNS seria «invadido por procura desnecessária, sem nenhuma capacidade de seleccionar e sem a valorização mínima que os actos podem ter para quem paga um poucochinho». A este propósito, sugere que o valor real dos serviços prestados em cada unidade do SNS figure na factura das taxas moderadoras, juntamente com o valor destas. «As pessoas acham que pagam muito. Talvez mudassem de opinião quando vissem o valor real dos serviços prestados», considerou.
tempo de medicina 23.02.09
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