segunda-feira, agosto 2

Lendas e Narrativas (tomo II)

Sustentabilidade quo vadis

Governo prevê gastar 172 milhões com aumento do horário dos médicos

O alargamento do horário dos médicos das 35 para as 40 horas semanais poderá custar ao Estado 172 milhões de euros. Isto se os cerca de 5.400 médicos que hoje trabalham 35 horas por semana decidirem pelo alargamento do seu horário de trabalho, avança o Diário Económico. Além do valor que prevê gastar com o alargamento de horários, o Governo avançou com três propostas: a actualização das grelhas salariais em função dos ordenados que os médicos já recebem pelas 35 horas de trabalho; o futuro vencimento ser calculado tendo por base os ordenados dos médicos das mesmas categorias que hoje já trabalham 42 horas por semana ou usar como base as tabelas das 42 horas semanais já utilizadas nos hospitais EPE .
…/…

É assim, de soslaio, pela canícula do Verão que se começa a perceber o “preço do silêncio” corporativo. E todos sabemos que esta estimativa é muito conservadora e não contempla o impacto na equação escassez de médicos - inevitável incremento do trabalho extraordinário. A esta “generosidade” ministerial devem ser somados os impactos das promessas feitas aos enfermeiros e aos restantes profissionais. É por isso patético ouvir estes mesmos dirigentes políticos virem falar de sustentabilidade ou de poupanças. As consequências destas “políticas” de salão de chá serão irreversíveis e tornarão inviável o SNS.


Herculano

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4 Comments:

Blogger e-pá! said...

HISTÓRIAS DA CAROCHINHA...

As complexas e reais questões levantadas pela sustentabilidade do SNS não podem [nem devem] estar ligadas a concepções - também corporativas - de congelamentos [melhor reduções] salariais, à surrelfa.
Isso é defender sustentabilidades de pacotilha...

Ao alterar o horário de trabalho - acrescendo 5 horas às actuais 35 h/semana - tudo deve continuar na mesma...em termos salariais?
Na mesma não! Para um aumento da carga horária semanal de 12.5% - 0% de retribuição.

Com malabarismos deste tipo é fácil gerir. Será até possível como diz o povo sustentar um burro a pão de ló. Até ultrapassa a imaginária meta da poupança dos 5% preconizada pelo MS para os HH EPE'S...
É barato e dá milhões...
Como nas histórias da carochinha...

10:13 da tarde  
Blogger Unknown said...

Desta vez estou com o E.pá (deve ser a primeira vez.. :) )

Engraçado que ninguém dá valor ao trabalho dos profissionais de saúde... São todos uma cambada de malandros não?

Eu agradecia que avaliassem o meu desempenho quanto à minha própria/equipa quanto à produtividade, eficiência, eficácia, assiduidade, enfim todos os parâmetros que pretenderem...

Querem fazer omeletes sem ovos?
Não querem dar carreiras, não querem dar salários, não querem dar nada e no entanto exigem uma carga de trabalho que está uns 1000% acima de qualquer actividade que desempenhem...

10 portugueses num barco: 1 rema ... os outros 9 discutem a melhor forma de pôr remador a trabalhar

12:05 da manhã  
Blogger Carlos Arroz said...

Permitam-me a ousadia de um comentário (ousadia porque vinda de quem será suposto saber da coisa).
Há anos eram contos e agora são lendas. Os contos foram lançados há 21 anos, pela Ministra Leonor Beleza, para forçar a exclusividade obrigatória dos médicos. As lendas (não serão lêndeas?) são subprodutos do Gabinete da actual Ministra para lançar a confusão perante uma comovedora inércia e inépcia.
E porque é que tudo isto são contos ou lendas?
Pela razão singela que não é líquido quantos dos 5500 médicos em 35 horas querem passar para as 40 horas, já que não podem ser obrigados a fazê-lo contra vontade. Depois não é líquido que regime de transição será proposto já que só quem está em contrato individual de trabalho tem regime de 40 horas.
Ora, assim sendo, o aumento de despesa em remunerações depende da vontade dos médicos em mudar de regime de trabalho e de relação jurídica de emprego e do Governo o permitir.
Mas, mais grave, é que o suposto aumento de massa salarial não entra em linha de conta com o que se poderia fazer em mais 5 horas de trabalho normal por cada semana e, desde logo, na possibilidade de reduzir, em largos milhões, a rubrica de horas extra.
Permitam-me uma última nota: gosto e bebo chá mas nunca o faço em conflito de dúvida com o lado da mesa que ocupo. O contra-poder, mesmo com chá de permeio, não se deve confundir com o poder, nem para ele estar disponível com prémios em cargos de nomeação.
Por isso a acção sindical, na minha estrutura, ser tão difícil.

5:04 da tarde  
Blogger Clara said...

O Carlos Arroz, no seu estilo campino farta brutos, sai à brega a tentar pegar o touro de caras como é seu apanágio.
Que pitoresco deve ser vê-lo pegar delicadamente na chavena de porcelana da senhora ministra.
Faço votos, ao fim e ao cabo, que a loiça não saia toda quebrada.

11:13 da tarde  

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