quinta-feira, julho 29

NHS e neoliberais de pacotilha

Andrew Lansley, foto guardian
Ora aí está uma forma inteligente de apresentação do pensamento neoliberal face ao que continua a considerar-se um modelo estatizante e esquerdista de prestação de cuidados sociais. link

A diferença para os neoliberais de pacotilha cá do burgo, é a assunção do NHS como um pilar essencial da sociedade moderna: "We believe that the NHS is an integral part of a Big Society, reflecting the social solidarity of shared access to collective healthcare, and a shared responsibility to use resources effectively to deliver better health", assumindo ainda os princípios que estiveram na sua génese ("We are committed to an NHS that is available to all, free at the point of use, and based on need, not the ability to pay. We will increase health spending in real terms in each year of this Parliament"). Serão meras palavras? Talvez, mas não deixam de assentar nos pilares essenciais do NHS.

Tratando-se da visão de um governo liberal, obviamente estamos perante uma abertura (ou cedência?) ao privado. É interessante a livre associação de clínicos gerais, ou seja, a liberalização nos cuidados primários. No entanto, parece-me mais relevante a descentralização da "governance", atribuindo ao poder local responsabilidades na gestão dos cuidados de saúde. Talvez fosse bom os presidentes de câmara gerirem os centros de saúde. Certamente em muitos casos fariam muito melhor do que as ARS.

Infelizmente, a tradução para o nosso SNS de uma visão desta natureza, será a já habitual cedência aos interesses corporativos e privados. Será como passar do Tony Blair para o Guterres - muita conversa e pouca acção.

Seria interessante analisar em que medida as asneiradas da "esquerda" na gestão do SNS não vieram permitir à "direita" defender de forma tão descarada a privatização da saúde em Portugal:
Depois das reformas do CC e das tentativas de resgatar o SNS dos interesses corporativos (ANF, sindicatos, ordens), não estará tudo na mesma, ou ainda pior?
E a gestão dos hospitais? Como se passou de uma situação financeira controlada, para o descalabro nas contas? E de equipas de gestão "debaixo de olho", para "para-quedistas" do aparelho que nada nem ninguém parece conter nem controlar?
A reforma do CSP? De velocidade de cruzeiro para a estagnação?

É que os portugueses só darão real valor ao SNS quando o perderem. No entanto, até lá, toda a gestão nebulosa, feita à vista, sem estratégia e sem rumo que esta MS tem seguido, só beneficia quem defende um SNS publico para indigentes e um SNS privado para quem puder pagar.

cipião

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9 Comments:

Blogger DrFeelGood said...

Quote of the Day
August 17, 2009
“One of the wonderful things about living in this country is that the moment you’re injured or fall ill – no matter who you are, where you are from, or how much money you’ve got – you know that the NHS will look after you. That’s why we as a Party are so committed not just to the principles behind the NHS, but to doing all we can to improve the way it works in practice.”
(Since this quote, Conservative David Cameron was elected Prime Minister.) link

A diferença como refere o cipião para oa nosss neos de pacotilha.
Ou dar-se-à (que também é de admitir)que o Cameron com a verdade nos tem andado a aldrabar.

12:50 da manhã  
Blogger tambemquero said...

NHS: back to the 30s

It is unlikely that the NHS will completely disappear (Comment, 17 July). Much more likely that, using the economy as an excuse, it will be reduced by our present government to a safety-net service so that even the poorest will get a minimum level of GP and hospital care. Those that want more will need to pay more.

With "foundation trust" hospitals able to offer private care as well as safety-net care, people who can afford it will be able to choose their doctor, be seen sooner and have the whole of their sequence of diagnosis and treatment completed in hours or days instead of the weeks and months of appointment queues. Inevitably, the cash customers will get first attention and, as there is finite skill in the system, this will have to be at the expense of those less able to pay.

Thus, the underlying principle of social solidarity which gave birth to the NHS, treatment according to clinical need rather than ability to pay, will have been defiled. It will be an NHS, but with a feel of the 1930s rather than the 2010s. Liberals, with their proud history of Beveridge, should hang their heads in shame. As for Labour, I am speechless.

Professor Harry Keen, President, NHS Support Federation

12:54 da manhã  
Blogger tambemquero said...

NHS shake-up grants new powers to doctors and patients

GPs are to be handed £80bn of the NHS budget to buy care from hospitals and other doctors for patients in their area, as hundreds of middle-management organisations are swept away.
Family doctors will be responsible, in consortiums, for commissioning the care for patients in their area by buying treatment from hospitals, charities and other doctors.
Under the new Coalition government’s health white paper, ministers will step back from the day-to-day running of the health service and hand power to the front line.
Andrew Lansley, Health Secretary, said the white paper represented a “vision based on the principles of freedom, fairness and responsibility”.
However, there was immediate criticism from Labour and the unions, saying handing £80bn to GPs who are private contractors was a mistake and that the plan was a ‘Trojan horse’ for widespread privatisation.
The document entitled Equity and Excellence: Liberating the NHS includes wide-ranging reforms covering all aspects of the NHS and healthcare.
Mr Lansley said ‘process-driven’ Labour government targets, such as the 18-week waiting time between GP referral and hospital treatment, will be scrapped and the focus will instead be on quality of outcomes for patients.
All hospitals are to become a Foundation Trust or part of one, giving them far greater freedoms from Whitehall and allowing them to earn more money from private patients.
Management costs are to be cut in half but the Government has already admitted that the NHS would be forced to make staff redundant. It is estimated that around 25,000 jobs could be lost.
Nigel Edwards, acting chief executive of the NHS Confederation, which represents all NHS organisations, said the changes would represent a huge upheaval.
“It is hard to stress just how radical this is. The NHS will look much more like the gas, electricity or telecom’s market than it will the monolithic state bureaucracy we have come to understand,” he said.
Dr Jennifer Dixon, director of the think thank, the Nuffield Trust, said handing billions of pounds of taxpayer’s money to GPs was ‘risky’ and is a significant change from their current role.
Andy Burnham, Shadow Health Secretary, called the white paper a ‘giant political experiment’ and warned that the government were taking an ‘£80bn gamble with the great success story that is out National Health Service today’.
“At a stroke, you are removing public accountability and opening the door to unchecked privatisation; you are demoralising NHS staff at just the time you need them at their motivated best,” he told Mr Lansley in the House of Commons.
David Fleming of Unite, said: “This is an untested, expensive Trojan Horse in political dogma that will give private companies an even greater stake in the NHS – this way of operating has already happened in the USA.
“Before the election, the Tories promised no major reorganisation of the health service – within three months that pledge to the British people, the majority of whom did not vote for further privatisation of the NHS – has been broken. So much for the ‘new politics’.” link

Rebecca Smith, Telegraph.co.uk
July 12, 2010

12:58 da manhã  
Blogger Clara said...

Os nossos meios de comunicação, de uma forma geral, não fazem referência às reformas do NHS anunciadas.
Porque será?
Talvez para evitar o confronto com os nossos liberais de pacotilha.
Quando o Passos Coelho chegar a primeiro ministro (seé que isso algum dia acontecerá) isto já estará tudo refervido.

10:15 da tarde  
Blogger Joaopedro said...

A ministra reforçou as recomendações já feitas pela DGS para que “cada pessoa tenha cuidados com o calor, principalmente nos distritos com alerta vermelho”. link

JP 29.07.10

A nossa ministra tem jeito é para isto!

10:22 da tarde  
Blogger Unknown said...

Direcção do INEM compromete rapidez no socorro
Lisboa, 27 de Julho de 2010 - O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), à revelia do parecer da Ordem dos Enfermeiros (OE), decidiu de forma unilateral e sem qualquer fundamento, afastar os enfermeiros dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU).

A OE alertou, em devido tempo, para as consequências de tal decisão, pelos riscos que a mesma comportava para a segurança na prestação de cuidados, numa área tão sensível.

Aquando da tomada de decisão, o Dr. Manuel Pizarro, Secretário de Estado Adjunto e da Saúde (SEAS), garantiu que, em caso algum, estaria comprometida a transmissão de dados clínicos e que estes seriam sempre validados, em tempo útil, pelo médico regulador presente no CODU.

Lamentavelmente, tal como prevíramos, têm acontecido diversas inconformidades na transmissão de dados clínicos e só a competência dos enfermeiros tem evitado situações com consequências mais sérias. Para além disso, tem vindo a instalar-se um clima de conflitualidade no momento da transmissão de dados clínicos que em nada concorre para um ambiente de confiança, absolutamente crucial, para a prestação de cuidados de emergência.

O INEM veio ontem, através da Circular Normativa nº 3/1010 – DEM, dar o dito por não dito, admitindo a transmissão de dados clínicos a profissionais não clínicos e, mais grave do que isso, admitindo que a resposta pode não ser imediata quando o médico regulador se encontrar ocupado. Tal determinação nega uma das determinantes básicas de qualquer sistema de emergência pré-hospitalar, justamente, a fluidez e celeridade da gestão da informação clínica veiculada.

Em bom rigor, estamos perante uma determinação do INEM que compromete o socorro e que, objectivamente, põe em causa a segurança na prestação de cuidados e a vida das vítimas.

A OE jamais se associará a situações como a descrita e responsabilizará quem de direito, face a qualquer evento adverso que daí possa advir.

Face ao que fica dito, a OE renova a totalidade da sua recomendação anterior, da qual destacamos:

1. Qualquer enfermeiro a exercer funções numa ambulância SIV, deve exigir que a passagem de dados clínicos seja efectuada ao pessoal clínico dos CODU, entendendo a OE que o registo dos dados transmitidos só pode ser efectuado por quem efectivamente os recebe;

2. Qualquer inconformidade, relacionada com esta matéria, deverá ser reportada à OE, utilizando para tal os contactos gerais e / ou o endereço electrónico eph@ordemenfermeiros.pt.

Decorrente das situações que elencámos acima, pedimos hoje mesmo uma audiência urgente à Sra. Ministra da Saúde, Dr.ª Ana Jorge, a quem solicitaremos, uma vez mais, o envio de dados regulares sobre o funcionamento dos meios do INEM para efeitos de monitorização, conforme tinha ficado acordado com o SEAS.

Retirado de: http://www.ordemenfermeiros.pt/comunicacao/Paginas/Direc%C3%A7%C3%A3odoINEMcomprometerapideznosocorro.aspx



Este sr Pizarro não fez uma única alteração ao Plano Estratégico... é isto uma discussão pública?

http://saudeeportugal.blogspot.com

3:20 da manhã  
Blogger Unknown said...

Lamentavelmente, tal como prevíramos, têm acontecido diversas inconformidades na transmissão de dados clínicos e só a competência dos enfermeiros tem evitado situações com consequências mais sérias. Para além disso, tem vindo a instalar-se um clima de conflitualidade no momento da transmissão de dados clínicos que em nada concorre para um ambiente de confiança, absolutamente crucial, para a prestação de cuidados de emergência.

O INEM veio ontem, através da Circular Normativa nº 3/1010 – DEM, dar o dito por não dito, admitindo a transmissão de dados clínicos a profissionais não clínicos e, mais grave do que isso, admitindo que a resposta pode não ser imediata quando o médico regulador se encontrar ocupado. Tal determinação nega uma das determinantes básicas de qualquer sistema de emergência pré-hospitalar, justamente, a fluidez e celeridade da gestão da informação clínica veiculada.

Em bom rigor, estamos perante uma determinação do INEM que compromete o socorro e que, objectivamente, põe em causa a segurança na prestação de cuidados e a vida das vítimas.

A OE jamais se associará a situações como a descrita e responsabilizará quem de direito, face a qualquer evento adverso que daí possa advir.

Face ao que fica dito, a OE renova a totalidade da sua recomendação anterior, da qual destacamos:

1. Qualquer enfermeiro a exercer funções numa ambulância SIV, deve exigir que a passagem de dados clínicos seja efectuada ao pessoal clínico dos CODU, entendendo a OE que o registo dos dados transmitidos só pode ser efectuado por quem efectivamente os recebe;

2. Qualquer inconformidade, relacionada com esta matéria, deverá ser reportada à OE, utilizando para tal os contactos gerais e / ou o endereço electrónico eph@ordemenfermeiros.pt.

Decorrente das situações que elencámos acima, pedimos hoje mesmo uma audiência urgente à Sra. Ministra da Saúde, Dr.ª Ana Jorge, a quem solicitaremos, uma vez mais, o envio de dados regulares sobre o funcionamento dos meios do INEM para efeitos de monitorização, conforme tinha ficado acordado com o SEAS.

Retirado de: http://www.ordemenfermeiros.pt/


Este sr Pizarro não fez uma única alteração ao Plano Estratégico... é isto uma discussão pública?

http://saudeeportugal.blogspot.com

3:23 da manhã  
Blogger Unknown said...

Face ao que fica dito, a OE renova a totalidade da sua recomendação anterior, da qual destacamos:

1. Qualquer enfermeiro a exercer funções numa ambulância SIV, deve exigir que a passagem de dados clínicos seja efectuada ao pessoal clínico dos CODU, entendendo a OE que o registo dos dados transmitidos só pode ser efectuado por quem efectivamente os recebe;

2. Qualquer inconformidade, relacionada com esta matéria, deverá ser reportada à OE, utilizando para tal os contactos gerais e / ou o endereço electrónico eph@ordemenfermeiros.pt.

Decorrente das situações que elencámos acima, pedimos hoje mesmo uma audiência urgente à Sra. Ministra da Saúde, Dr.ª Ana Jorge, a quem solicitaremos, uma vez mais, o envio de dados regulares sobre o funcionamento dos meios do INEM para efeitos de monitorização, conforme tinha ficado acordado com o SEAS.

Retirado de: http://www.ordemenfermeiros.pt/


Este sr Pizarro não fez uma única alteração ao Plano Estratégico... é isto uma discussão pública?

http://saudeeportugal.blogspot.com

3:24 da manhã  
Blogger Mac said...

Estes dois últimos comentários, na sua simplicidade, mostram como a barca vai deambulando no mar chão da “paz podre” da saúde, em Portugal. Ainda há dias a MS, numa entrevista à Revista Gestão Hospitalar, apontava o Hospital de São João como um exemplo de boa gestão…
Quanto aos “coronéis” a dirigir serviços de saúde todos conhecem a razão. A actual MS têm uma preferência pelos dirigentes de “very low profile”. Os militares, nessa matéria, cumprem todos os requisitos: obedecer, calar, aguentar e, sobretudo, não fazer ondas. São muito úteis na “política” da anestesia.
Já agora não se esqueçam de responder a (mais um) apelo da sra MS: bebam muita água e se puderem comecem já a comprar as vacinas sobrantes (da Glaxo) para prevenir todo e quaisquer surtos de potenciais e hipotéticas epidemias nos próximos três anos. Há que ter cuidado porque o nosso Director-Geral da Saúde já “decretou” as tendências epidémicas Outono-inverno: Listeria e Vírus do Nilo.
Ficamos, igualmente, na expectativa de ver se se confirma o rumor de que o presidente da APAH vai (finalmente) presidir ao CA de um hospital: o Centro Hospitalar do Médio-Tejo (para grandes desafios há que ir buscar os melhores…)

6:11 da tarde  

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