sábado, agosto 18

CHUC

De leitura e reflexão obrigatórias este relatório do Tribunal de Contas sobre o estado da Cirurgia Cardio-Torácica no SNS. link
Tendo procedido à avaliação de resultados em quatro dos seis centros cirúrgicos da especialidade, o TC faz recomendações que vão no sentido de uma maior autonomia administrativa e financeira dos centros, com organização e gestão segundo o modelo CRI, e uma melhor utilização da capacidade instalada de forma evitar a referenciação de doentes para unidades exteriores ao SNS.
A realçar: O Centro de Cirurgia Torácica dos HUC (agora CHUC), único a funcionar em modelo CRI com todo o pessoal em dedicação exclusiva, é o que apresenta o modelo de gestão mais eficaz traduzido em mais doentes tratados por profissional, menores custos unitários, menor mortalidade e ausência de lista de espera, factores determinantes na conclusão do TC:
- Face à avaliação dos indicadores da actividade cirúrgica fica evidenciado que os Hospitais da Universidade de Coimbra, EPE, são os que apresentam uma melhor performance no triénio 2008-2010.
Porém, aquele Centro é o que apresenta o menor índice de case-mix (3,95), valor significativamente baixo quando comparado com os demais (5,45 é o valor máximo – H.S. João). Se estas diferenças não tiverem outra explicação (falhas na codificação, por exemplo) podem traduzir “dumping” com selecção favorável de doentes, tirando mérito ao modelo de gestão dos CHUC.
Neste particular são de realçar as recomendações feitas pela Grupo de Estudos de Cirurgia Cardíaca da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, destacando-se o último ponto:
5 - Para terminar, a recomendação mais importante da Sociedade Portuguesa de Cardiologia vai no sentido de que o Tribunal de Contas proponha a existência de um Registo Nacional obrigatório e auditado que produza dados da performance cirúrgica ajustados ao risco esperado (semelhantes ao já existentes na maioria dos países da União Europeia) e ainda a iniciativa de uma auditoria internacional semelhante à efectuada às instituições universitárias e centros de investigação públicos. Relativamente ao Registo é fundamental que este inclua para cada serviço não só os doentes tratados (mortalidade e morbilidade aos trinta dias com uniformização dos diagnósticos), mas também os doentes não tratados (motivo da recusa e análise dos doentes tratados noutras instituições). A adopção desta medida constituiria um contributo decisivo para a implementação e desenvolvimento das boas práticas em cirurgia cardiotorácica e para a comparação com o fim da melhoria dos diferentes Serviços.
Penso pois poder concluir-se que a organização em CRI é recomendável para os Centros de Cirurgia Torácica. Há, porém, que optimizar os critérios de avaliação de forma a torná-la mais transparente e a prevenir os efeitos perversos do modelo.
Centro de Cirurgia Torácica dos HUC (CHUC), Relatório Actividade 2011 link

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