domingo, dezembro 9

Saúde e revolução digital

... Os sistemas de saúde europeus foram pensados para lidar com um modelo de tratamento intensivo, assente em intervenções cirúrgicas e cuidados de emergência, que implica internamento. Hoje em dia, porém, a maior parte dos quadros clínicos consiste em doenças degenerativas e prolongadas. O número de pessoas que sofre de uma ou várias doenças crónicas tem vindo a aumentar - tendência que deverá manter-se devido ao envelhecimento da população. As pessoas com este quadro clínico nem sempre precisam do mesmo padrão de assistência médica. Muitas preferem viver de forma autónoma em sua casa, evitando constantes  deslocações ao médico.
É, pois, fundamental adaptarmo-nos, tendo presente que a revolução digital nos pode ajudar: seja através de equipamentos de monitorização remota, que permitem avaliar e supervisionar o estado de saúde dos pacientes em sua casa e reportar os resultados ao hospital, seja através de soluções de telemedicina, que disponibilizam aconselhamento médico  especializado não presencial, ou ainda de robôs que auxiliam nas tarefas domésticas ou de simples aplicações móveis que conferem ao paciente a possibilidade de vigiar e controlar o seu estado de saúde. Não é ficção científica, as soluções já existem e muitas delas são "made in Europe". Não só garantem melhor assistência e a mais pessoas, como libertam recursos humanos nos hospitais. A longo prazo, também poderão traduzir-se em preços mais apelativos e em maior eficiência nos sistemas de saúde, assim como ajudar a construir uma indústria para o futuro.
Contudo, existe um grande fosso entre a tecnologia ‘eHealth' e os pacientes. O sector tem hesitado em aderir à revolução digital, mantendo-se fiel aos modelos e métodos tradicionais, e a classe política tem optado por não interferir num sistema que funcionou bem no passado.
O novo Plano de Acção ‘eHealth' é lançado hoje e nele se identificam diferentes formas de aplicar os benefícios digitais aos serviços de saúde para garantir melhor assistência aos nossos cidadãos. O slogan é muito simplesmente abrir  caminho à criação de serviços  de saúde mais eficientes, seguros e centrados no paciente. Para isso  é necessário dotar os pacientes  e os profissionais da Saúde de competências que lhes permitam usar as novas tecnologias, bem como incutir-lhes confiança nas mesmas. Assim como é necessário conectar equipamentos para garantir a intercomunicação e evitar repetições e desperdício, investir em investigação para aperfeiçoar a medicina personalizada do futuro, dar a conhecer e fomentar a confiança nas vantagens da ‘eHealth' para os pacientes, profissionais da Saúde e sistemas de saúde em geral, e apoiar as pequenas empresas para que estas possam fornecer as inovações de que precisamos.
Neelie Kroes, Saúde e revolução digital  link

`Dar aos doentes um papel mais ativo: um futuro digital para os cuidados de saúde´ link
`eHealth action plan 2012-2020: Frequently Asked Questions´ link

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