segunda-feira, dezembro 3

Separar as águas

Em entrevista ao Jornal de Notícias, link  Correia de Campos aborda a governação em geral e a Saúde em particular. Pela primeira vez e de forma clara, assume haver uma reforma estrutural a fazer: concentrar os médicos e separar claramente as águas da prática pública da privada. Sem equívocos diz: Quem quiser trabalhar no público tem de estar em exclusividade. A formação, a direcção e as chefias devem ser reservadas a profissionais sem conflitos de interesses.
Eureka! Digo eu. Foi preciso chegar-se a uma rotura do sistema para advogar o que Correia de Campos diz já ter sido feito há muito noutros países. Vem agora lançar o desafio de uma medida que há muito se exigia e que, contra a evidência, não aplicou ao negociar a reforma dos Cuidados de Saúde Primários.
Bem! Mais vai vale reconhecê-lo tarde que nunca. Pena é que uma medida estrutural que diz ser política e tecnicamente difícil, venha a ser proposta num momento em que o País está de pernas para o ar com o governo mais fora que dentro.
Ficará, mais uma vez, para o próximo governo?

Tavisto

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1 Comments:

Blogger e-pá! said...

Um velho problema do SNS.
Que poderá - em tempos de incerteza - ter obviamente novos desenvolvimentos.
A concorrência público-privada será o quadro a tentar dominar este nascente 'mercado', ainda, sem regras mas, por enquanto, com um rei (o SNS).
Um 'mercado' (na sua globalidade) fustigado por uma procura nitidamente em perda, arrastada pela recessão económica e pelo colapso do investimento (em instalações, equipamentos e recursos humanos). Em suma, pelo desmantelamento ('refundação') do Estado Social
Por outro lado, a oferta público-privada continua ainda por ajustar as 'respostas' (nomeadamente no terreno qualitativo) devido à existência (sobrevivência) de um SNS forte, eficiente e 'universal', embora a evoluir erraticamente porque vitima de severos (dramáticos) constrangimentos orçamentais.
É visível que o sector público tem dificuldades de adaptação a este nóvel 'mercado', não por receio da concorrência mas pelo estigma que está a cair sobre tudo o que é público.
Algumas dessas dificuldades residem no recrutamento, motivação e satisfação do pessoal e nos seus regimes de trabalho, nomeadamente, no sector médico. Um sector tradicionalmente 'liberto' que poderá ser conquistado (empurrado) para exclusividade se existirem as outras condições (primordiais).
Para tal é necessário que a sutentabilidade política, bem como o investimento e a inovação do SNS sejam realidades insofismáveis. Ninguém deve ser sacrificado ou imolado em altares profanados pela 'livre inciativa', etc.

A solidez e o futuro do SNS neste conturbado e enigmático 'mercado' exige outro tipo de respostas, diferentes das que estão a ser estruturadas e desenvolvidas em cada OE (de alguns anos a esta parte).
Faltam limpidas opções políticas. Esta serão os alicerces do sitema que condicionam o Serviço. Os regimes de trabalho são, necessariamente, complementares a este 'esforço' que se exige aos orgãos e centros de decisão.
Caso contrário, corremos o risco de andar a propor que os carros andem à frente dos bois...

1:24 da manhã  

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