Seguros saúde
No que se refere a seguros de saúde, de sublinhar que
actualmente já são cerca de dois milhões os portugueses que têm planos privados
de saúde em Portugal, “sendo que ligeiramente mais de metade dos quais são
seguros de grupo (por exemplo, contratados pelas empresas como complemento de
remuneração dos seus colaboradores)”, explica Mónica Dias, economista da DECO
PROTESTE.
De acordo com números da APS, a produção de seguros de
saúde (ramo doença) cresceram 2,3% em relação ao primeiro trimestre de 2013,
acumulando um volume de prémios próximo dos 200 milhões de euros. Esta é mesmo
a área seguradora que mais resistiu à conjuntura recessiva que afectou o país,
tendo crescido em 2013, 3,2% face ao ano transacto.
Bom exemplo disso é o crescente número de utentes dos
hospitais privados através de seguros. Fonte da José de Mello Saúde disse ao Diário
Económico que nos últimos cinco anos “o crescimento de clientes com seguros de saúde
cresceu a uma taxa média anual de 7,8%, valor que explica pela abertura de
novas unidades e pela aceitação deste tipo de produto pelos portugueses”. A
mesma fonte explicitou que em 2013, “os hospitais e clinicas CUF tiveram cerca
de 300 mil clientes com seguros de saúde, nas suas unidades, valor que
representou aproximadamente metade do total do número de clientes”.
Os seguros de saúde têm cada vez mais adeptos mas não são
uma alternativa ao Serviço Nacional de Saúde (SNS). Mónica Dias, economista da
DECO PROTESTE explica porquê.
“Não são uma alternativa ao SNS devido à sua duração
anual (a seguradora pode recusar a renovação do seguro a qualquer altura), aos limites
de idade para permanência no seguro (muitos planos terminam automaticamente aos
65 anos do segurado), à extensa lista de despesas excluídas, aos limites de
indemnização das coberturas e aos períodos de carência (dois anos para alguns
tratamentos)”. Estes são mesmo os maiores problemas dos seguros de saúde
comercializados em Portugal.
Mas o facto da seguradora poder recusar a renovação do
seguro “coloca o segurado numa situação de fragilidade”, afirma, dando o
exemplo de um cliente que contraia uma doença que implique tratamentos
prolongados e dispendiosos. “Nada impede a seguradora de terminar o contrato”,
sendo que a pessoa também “não poderia subscrever outro seguro, pois as doenças
existentes à data da contratação estão excluídas das apólices”.
Estes são os principais motivos para as reclamações que
todos os anos entram na associação de defesa do consumidor sobre seguros de saúde,
a par “da falta de informação sobre cobertura e exclusões, bem como a
actualização dos prémios levar a um aumento elevado”. No ano passado deram
entrada 1.442 reclamações, número que este ano já atingiu os 860.
A responsável informa ainda que quando se contrata um
seguro de saúde, procura-se sobretudo a possibilidade de aceder a consultas de
especialidade no sector privado, tratamentos dentários, gravidez e parto.
Quanto à oferta, a responsável esclarece que “a
esmagadora maioria dos seguros actualmente comercializados são mistos”. Explica
que estes produtos “podem ter associada uma rede convencionada de cuidados
médicos a que o segurado pode recorrer mediante o pagamento de uma pequena
quantia e é a seguradora que posteriormente paga os serviços diretamente ao
prestador” e que, alternativamente, o segurado pode optar por um profissional ou
unidade médica não pertencente à rede, paga a despesa e posteriormente a
seguradora reembolsa uma percentagem (70 a 90%), mediante a entrega de
comprovativo. Existem em menor número “seguros que funcionam exclusivamente com
uma rede médica convencionada”, tendo esta modalidade a vantagem do segurado
pagar apenas uma pequena parte da despesa.■
R.C.
DE 22.05.14
"Há hoje uma grande procura dos clientes da medicina
privada, porque as pessoas têm dificuldade de acesso no Serviço Nacional de Saúde
(SNS), nas coisas mais simples".
O negócio da saúde
vai mudar e a participação do privado vai crescer porque a inflação da saúde
cresce a uma velocidade que o orçamento do Estado não consegue
acompanhar".
E se tudo parece dar certo com o desinvestimento forte do
estado na Saúde, o crescimento rápido
do mercado privado da saúde dependerá mais nos próximos tempos da estagnação da
economia, cortes de rendimento dos portugueses e das conhecidas limitações de cobertura dos
seguros privados. Daí os desvelados cuidados do governo de Paulo Macedo com a
ADSE, nesta fase de transição, a grande bóia de salvação dos pesados
investimentos privados feitos na Saúde.
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