domingo, maio 14

ACF, "obrigado" às reuniões



O Governo vai “ouvir os sindicatos em todas as áreas” e dar garantias de que “dentro do possível, serão dadas respostas para reposição de rendimentos”. A mensagem do gabinete do primeiro-ministro segue de guião para os próximos meses, onde se antecipa um acréscimo da contestação social com a ameaça de novas greves na Educação, Saúde e Administração Pública. Os comunistas e a CGTP já deixaram claro que só com “a intensificação da luta” se produzem os “avanços necessários” nas opções políticas do Governo. Os ministros estão mandatados para baixar a tensão social nas áreas que tutelam. 
 A greve de dois dias dos médicos, realizada esta semana, serviu de primeiro embate. Os dirigentes sindicais chegaram a exigir negociar diretamente com o primeiro ministro, mas António Costa nem deu resposta. A tarefa de acalmar os ânimos coube ao próprio ministro da Saúde que, logo no final da paralisação, veio à televisão dar razão aos protestos, assumindo que muitas das ”reivindicações são legítimas”. Ao Expresso e num gesto inédito, o ministro da Saúde elogiou a forma como decorreu o protesto. “A greve foi tranquila, com elevadíssimo sentido de responsabilidade e um exemplo de civismo”, disse Adalberto Campos Fernandes que reconheceu ainda “legitimidade na maior parte das medidas exigidas, algumas na sequência do que eu próprio sinalizei”. Ministro reúne com médicos para a semana. Fenprof exige encontro até dia 26, ou a “luta pode agudizar”. 
 Mas daqui até ao entendimento com os sindicatos há todo o tempo. “O que os sindicatos pretendem não é possível no imediato. Há medidas que podem ser de execução mais rápida e outras mais faseadas até ao final da legislatura”, explica o ministro que agendou já para a próxima terça-feira uma reunião com os sindicatos onde “num contexto de boa fé, vamos tentar estabelecer um compromisso”. Campos Fernandes não fecha portas: “A linguagem e a greve como forma de protesto fazem parte do que é um sindicato e não colocaram causa a negociação.” 
A ordem para travar a escalada da contestação é clara e o Governo desvaloriza a importância desta primeira greve dos médicos realizada no novo quadro político. “É um custo político da governação”, diz o ministro, que recorda os avanços já alcançados e que permitiram fazer, no ano passado, “o maior número de contratações do SNS de que há memória” e reduzir o número de “médicos que emigraram ou saíram para o sector privado”. 
 Os médicos também tinham criticado a ausência de encontros diretos com o responsável da Saúde. Adalberto Campos Fernandes estará na próxima reunião e promete comparecer a todas as “que forem pertinentes e decisivas”. Mas deixa um recado aos sindicatos. “Estive em várias, não estarei em todas, e acho uma falta de consideração os sindicatos não quererem reunir só com os secretários de Estado, que têm competência e poderes delegados para em sede de negociação fazerem o que é preciso.” 
Expresso 13.05.2017 
No rescaldo da greve, o Secretário-Geral do SIM deixou uma mensagem ao Primeiro-Ministro: «Ponha o Dr. Adalberto a negociar seriamente com os médicos. Obrigue o Dr. Adalberto a estar nas reuniões negociais». link  Costa, avisado, mandatou o ministro ACF que, desta vez, não vai poder faltar à reunião agendada para a próxima terça-feira. Depois de um fim de semana alucinante em que tudo correu bem a Portugal: Visita do Papa Francisco, vencedor do festival da eurovisão, Benfica tetra campeão. 
Será que a Saúde é o elo mais fraco escolhido pelo diabo para entrar?
Drfeelgood