quarta-feira, agosto 22

ADSE, modelo de irracionalidade

Centenas de médicos do privado inibidos de atender doentes da ADSE. 
A  Associação Portuguesa de Hospitalização Privada estima que cerca de 400 médicos de várias especialidades, disponíveis para atender beneficiários da ADSE, estejam há meses sem resposta. 
Centenas de médicos dos hospitais privados estão a ser inibidos de prestar serviços aos beneficiários da ADSE sem que haja justificação da parte do subsistema de saúde dos funcionários públicos, segundo a associação da hospitalização privada. Em entrevista à agência Lusa, o presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP), Óscar Gaspar, estima que sejam cerca de 400 os médicos de várias especialidades hospitalares que estão disponíveis para atender beneficiários da ADSE e que há meses que estão sem resposta. 
Acordos da ADSE que dão descontos a doentes podem criar desigualdades 
"Há centenas de médicos nos hospitais privados que estão disponíveis para prestar serviço aos beneficiários da ADSE, mas há uma decisão administrativa de esses médicos não poderem prestar serviço", afirmou Óscar Gaspar. 
"A ADSE diz que lhe compete verificar quais os médicos de cada instituição que podem ou não podem [prestar serviço aos seus beneficiários]. Há várias centenas de médicos que estão inscritos na plataforma, que solicitaram a adesão ao sistema e que há muitos meses que não têm o ok por parte da ADSE", acrescentou. 
O responsável adianta que não tem havido resposta ou explicações sobre esta questão por parte da ADSE "nem aos médicos, nem aos hospitais privados". 
Óscar Gaspar confessa-se "espantado" com o "comportamento de grande discricionariedade" da parte da ADSE no relacionamento com os hospitais privados, considerando que "devia haver uma abordagem de negociação e de identificação clara dos problemas". 
"Mesmo em Janeiro, quando houve intenção de cortar 10% nos privados, a única coisa que foi dita é que era preciso poupar 42 milhões de euros, não foi apresentado qualquer racional clínico", indicou. 
O presidente da APHP refere que, na semana passada, a associação foi confrontada com um email da ADSE que aponta novamente para um corte de 10% no que o subsistema pretende pagar aos privados pela prestação de cuidados de saúde aos funcionários e aposentados do Estado. 
"O que dissemos em Janeiro mantém-se. Esse corte não é possível. Temos de trabalhar numa base de sustentabilidade. Os preços que os privados praticam à ADSE estão até abaixo dos que estão a ser praticados às seguradoras. Havendo um problema de sustentabilidade da ADSE, o fulcro não está nos preços que os privados praticam", declarou Óscar Gaspar, advertindo que pode estar a ser limitado o acesso dos beneficiários. 
Quanto a um retomar das negociações, o responsável entende que "a bola está claramente do lado da ADSE". Aliás, a associação escreveu há semanas às duas tutelas (Saúde e Finanças) a indicar que a mudança de presidente na ADSE "podia ser aproveitada para uma mudança de ciclo e para haver uma negociação sobre diversas matérias". 
Público 07/08/2018 
O braço de ferro entre a ADSE e a APHP mantém-se e não se vê que possa haver vencedor nem condições para uma saída “win-win”. 
Como pode a APHP querer que os prestadores privados continuem a “ir ao pote” quando, fruto da liberalidade do modelo, o aumento de despesa é, segundo afirmação do presidente do conselho geral de supervisão, de 9% ou 10% ao ano? Como pode a administração do subsistema querer introduzir racionalidade num modelo de Saúde em si mesmo irracional? 
Nesta disputa de argumentos querendo meter golos na baliza do outro, já nenhum sabe onde está a bola. João Proença Público 06/08/2018 diz que a dita está do lado da APHP, Óscar Gaspar diz estar claramente do lado da ADSE. Lendo as duas entrevistas, sou levado a dizer que quando a bola é quadrada dificilmente pode haver vencedores. 
Tavisto

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1 Comments:

Blogger victor said...

Os ataques dos grandes grupos privados à ADSE, utilizando a APH, não deixa de ser estranho, já que a sustentabilidade deles depende muito da ADSE. Sete grandes grupos faturam por ano só no RC cerca de 240 milhões € à ADSE. Sem a ADSE vários deles não sobreviveriam. Mas querem ainda mais. A ganância (se for aceite) matará a “galinha de ovos de oiro” . É necessário que ninguém se esqueça disso.
Algumas vozes vieram falar de novo dos elevados excedentes da ADSE. Como já tinha informado os trabalhadores e aposentados da Função Pública, numa outra informação que fiz aos beneficiários, as contas da ADSE apresentaram em 2017 um excedente de 76 milhões €. No entanto, o excedente de 2017 com aquela dimensão só foi possível porque as Autarquias transferiram para a ADSE em 2017, em reembolsos, 40 milhões €, e suportaram as despesas com o Regime livre dos trabalhadores da Administração Local que se estima ser superior a 30 milhões €. Se isso não tivesse acontecido a situação da ADSE em 2017 já seria diferente. E é uma situação (financiamento) que o governo e as Autarquias já tentaram, por várias vezes, acabar, e certamente teremos de enfrentar de novo esse combate na elaboração do Orçamento do Estado para 2019. Por essa razão, e porque a despesa com a saúde não para de aumentar, embora a um ritmo menos elevado (assim esperamos), é necessário ser responsável e prudente nesta matéria não criando falsas expetativas para não criar problemas à ADSE.
É preciso antes controlar a sobrefaturação e os lucros ilegítimos de alguns grandes prestadores privados, o que não vai ser tarefa fácil como a experiência já mostrou mas com o apoio dos trabalhadores conseguir-se-á , e depois então faça-se um balanço fundamentado e tomem-se decisões responsáveis. É uma questão para reflexão dos que me elegeram para o Conselho diretivo da ADSE.
Eugénio Rosa 12.08.18 https://www.eugeniorosa.com/Sites/eugeniorosa.com/Documentos/2018/40-2018-informacao-5-ADSE.pdf?ver=2018-08-12-150212-673&ver=2018-08-12-150212-673

3:21 da tarde  

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