segunda-feira, maio 10

HOSPITAIS SA - QUEREM REDUZIR CUSTOS COM O PESSOAL DE ENFERMAGEM

1. - O número de enfermeiros por mil habitantes em Portugal (3,6) é inferior aos valores apresentados por outros países com o mesmo nível de desenvolvimento.
Em relação à média da União Europeia (6 por mil habitantes), Portugal apresenta um défice de cerca de 23 mil enfermeiros.

A agravar a situação, há a assimetria da distribuição regional destes profissionais, segundo a qual, mais de metade dos enfermeiros trabalham nos distritos de Lisboa, Porto e Coimbra, as cidades onde se encontram instaladas as grandes organizações hospitalares.

2. - Mais determinados pelo objectivo de redução de custos do que pelo problema da escassez de pessoal de enfermagem, os hospitais SA lançaram duas novas inciativas em relação à gestão destes recursos, já duramente contestadas pela bastonária da ordem dos enfermeiros, Maria Augusta Sousa:

a) - Redução das horas de cuidados de enfermagem.

b)- Atribuição de competências dos enfermeiros a outros profissionais.

Segundo a bastonária, a redução do tempo de exercício dos enfermeiros nos hospitais levanta problemas de ética, pois significa que podem ficar por fazer cuidados que deviam ser feitos, ou que podem ser realizados cuidados com menor qualidade.
É que, com menos horas, os enfermeiros têm de, forçosamente,tomar decisões sobre as prioridades dos cuidados a executar.

Por outro lado, é uma decisão errada a atribuição de competências que têm sido exclusivas dos enfermeiros a outros profissionais, como os auxiliares de acção médica (trabalhadores com um curso profissional, que prestam cuidados indiferenciados aos doentes), pois algumas horas de formação, não os habilita a desempenhar funções tão diferenciadas.

Estas duas iniciativas revelam, segundo Maria Augusta Sousa, uma «preocupação excessiva com o controlo de custos» por parte dos hospitais,SA, sem ser clarificado quais as áreas em que o valor dos cuidados produzidos é muito superior aos seus custos. "Porque isto tem a ver com ganhos de saúde e é preciso perceber que os cuidados de saúde têm de ter objectivos muito claros, que precisam de ser avaliados» e não valorizar apenas a quantidade produzida(por exemplo, se foram feitas muitas ou poucas cirurgias, consultas externas, etc).

Comentário:

Senhora Bastonária, os gestores dos hospitais SA não sabem o que são "Ganhos em Saúde". E, se soubessem, não estão para aí virados.
A sua única preocupação é a melhoria dos indicadores do "ranking" dos hospitais, de forma a não comprometer a sua continuidade nos conselhos de administração a usufruir as mordomias criadas, especialmente para eles, pelo ministro da saúde.
Senhora Bastonária, o seu discurso é demasiado correcto, técnicamente correcto, para que eles possam entender.