Centros de Saúde - Catanhede "Revolution".
1. - Na reunião realizada ontem, dia 07 de Junho, em Catanhede, com a presença de todas as administrações regionais e responsáveis das 18 sub-regiões de saúde, o Ministro da Saúde fez a apresentação das medidas de reorganização dos Centros de Saúde, programadas pelo Ministério da Saúde, a implementar no corrente ano.
a) - Reformulação das inscrições nos centros de saúde - pretendeu-se eliminar os registos duplicados de utentes (mudança de residência, inscrições incorrectas) e o abate dos utentes falecidos.
b) - Garantia aos utentes do SNS de que, até final do ano, todos terão médico de família.
c) - Reafectação de médicos dentro do mesmo concelho, determinada pela reformulação das listas de inscritos, com o ojectivo de atribuir a todos os utentes médico de família.
d) - Implementação de novos modelos de gestão, a contratar com cooperativas de médicos, com faculdades, autarquias e operadores sociais ou privados.
e) - Gestão por objectivos, fixados para cada Unidade.
A verificação dos resultados deverá prever o estabelecimento de incentivos e penalizações.
f) - Produtividade - definição de metas - Cada médico deverá realizar quatro consultas por hora.
g) - Generalização da marcação de consultas por telefone, para que as agendas de marcação estejam abertas em permanência e conseguir controlar melhor as desistências de consultas.
h) - Melhoria das condições de funcionamento - instalações, equipamentos, sistema de informação - dos 363 Centros de Saúde a funcionar no País.
Já foram discutidos e aprovados os planos de acção para melhoria dos serviços de 333 Centros de Saúde.
i) - Gradualmente, serão também efectuados questionários aos utentes para auscultação da satisfação das medidas preconizadas.
2. - Deslocalização do pessoal médico(1)
(mais lenha para a fogueira).
Sobre a reafectação de médicos, determinada pela reformulação das listas de inscritos, Rui Nogueira, da Associação Portuguesa de Médicos de Clínica Geral (APMCG), não acredita nos resultados da medida.
Um médico no Alentejo pode ter menos do que os 1500 doentes previstos por lei, mas tirá-lo de lá equivale a diminuir drasticamente a presença médica numa região em que também é importante contabilizar as distâncias que cada doente tem que percorrer para ir à consulta. Perder um médico de uma extensão poderá significar uma deslocação de dezenas de quilómetros para o centro mais próximo... "Não se pode ter como base o mesmo rácio de utentes por médico em todo o país".
A deslocalização pode ter razão de ser nas periferias das grandes cidades, onde vive cada vez mais gente e se sente mais a falta de médicos de família, ao contrário do que acontece nos pequenos centros urbanos do interior, com a população a diminuir.
Além disso, adianta o dirigente da APMCG, "não faz sentido deslocar médicos havendo outros que não estão colocados". Rui Nogueira critica, a propósito, a morosidade dos concursos, que faz com que, só na região Centro, por exemplo haja "270 vagas do quadro que poderiam ser abertas e não o são". Da mesma forma, está errada a colocação provisória de jovens médicos de família (após um ano de espera) em vagas carenciadas que acabam muitas vezes por ser abandonadas por uma definitiva quando poderiam ser preenchidas definitivamente à partida.
"Temos que começar por esses médicos que não têm listas, até porque deslocar um médico que tenha poucos utentes criará roturas na relação que entretanto foi criando com aqueles que têm". O problema acabará, ao fim e ao cabo, "apenas resolvido pontualmente", diz Rui Nogueira. "Há falta de médicos, deslocá-los de um lado para o outro não vai adiantar. Puxe-se a manta como se quiser, não vai ser possível".
A solução, no entender da APMCG passa pela reorganização do funcionamento dos cuidados primários, coisa que a lei aprovada no ano passado não resolve. "Não se pode separar cuidados médicos, enfermagem, saúde pública, etc. em unidades estanques, que depois será dificílimo coordenar. Criem-se dentro de cada centro unidades multidisciplinares de saúde familiar, com autonomia para gerir os seus utentes e à medida das necessidades específicas de cada localidade".
3. - Como é que Luís Filipe Pereira vai conseguir atribuir médico de família a todos os utentes do SNS, até ao final do ano.
As contas do ministro:
Se multiplicarmos os seis mil médicos no activo nos centros de saúde pelos 1500 utentes previstos na lei, temos nove milhões, que é o universo dos que precisam de médico de família"
Simples!...
Tudo resolvido com a máquina de calcular.
Aguardemos.
(1) Jornal de Notícias.
a) - Reformulação das inscrições nos centros de saúde - pretendeu-se eliminar os registos duplicados de utentes (mudança de residência, inscrições incorrectas) e o abate dos utentes falecidos.
b) - Garantia aos utentes do SNS de que, até final do ano, todos terão médico de família.
c) - Reafectação de médicos dentro do mesmo concelho, determinada pela reformulação das listas de inscritos, com o ojectivo de atribuir a todos os utentes médico de família.
d) - Implementação de novos modelos de gestão, a contratar com cooperativas de médicos, com faculdades, autarquias e operadores sociais ou privados.
e) - Gestão por objectivos, fixados para cada Unidade.
A verificação dos resultados deverá prever o estabelecimento de incentivos e penalizações.
f) - Produtividade - definição de metas - Cada médico deverá realizar quatro consultas por hora.
g) - Generalização da marcação de consultas por telefone, para que as agendas de marcação estejam abertas em permanência e conseguir controlar melhor as desistências de consultas.
h) - Melhoria das condições de funcionamento - instalações, equipamentos, sistema de informação - dos 363 Centros de Saúde a funcionar no País.
Já foram discutidos e aprovados os planos de acção para melhoria dos serviços de 333 Centros de Saúde.
i) - Gradualmente, serão também efectuados questionários aos utentes para auscultação da satisfação das medidas preconizadas.
2. - Deslocalização do pessoal médico(1)
(mais lenha para a fogueira).
Sobre a reafectação de médicos, determinada pela reformulação das listas de inscritos, Rui Nogueira, da Associação Portuguesa de Médicos de Clínica Geral (APMCG), não acredita nos resultados da medida.
Um médico no Alentejo pode ter menos do que os 1500 doentes previstos por lei, mas tirá-lo de lá equivale a diminuir drasticamente a presença médica numa região em que também é importante contabilizar as distâncias que cada doente tem que percorrer para ir à consulta. Perder um médico de uma extensão poderá significar uma deslocação de dezenas de quilómetros para o centro mais próximo... "Não se pode ter como base o mesmo rácio de utentes por médico em todo o país".
A deslocalização pode ter razão de ser nas periferias das grandes cidades, onde vive cada vez mais gente e se sente mais a falta de médicos de família, ao contrário do que acontece nos pequenos centros urbanos do interior, com a população a diminuir.
Além disso, adianta o dirigente da APMCG, "não faz sentido deslocar médicos havendo outros que não estão colocados". Rui Nogueira critica, a propósito, a morosidade dos concursos, que faz com que, só na região Centro, por exemplo haja "270 vagas do quadro que poderiam ser abertas e não o são". Da mesma forma, está errada a colocação provisória de jovens médicos de família (após um ano de espera) em vagas carenciadas que acabam muitas vezes por ser abandonadas por uma definitiva quando poderiam ser preenchidas definitivamente à partida.
"Temos que começar por esses médicos que não têm listas, até porque deslocar um médico que tenha poucos utentes criará roturas na relação que entretanto foi criando com aqueles que têm". O problema acabará, ao fim e ao cabo, "apenas resolvido pontualmente", diz Rui Nogueira. "Há falta de médicos, deslocá-los de um lado para o outro não vai adiantar. Puxe-se a manta como se quiser, não vai ser possível".
A solução, no entender da APMCG passa pela reorganização do funcionamento dos cuidados primários, coisa que a lei aprovada no ano passado não resolve. "Não se pode separar cuidados médicos, enfermagem, saúde pública, etc. em unidades estanques, que depois será dificílimo coordenar. Criem-se dentro de cada centro unidades multidisciplinares de saúde familiar, com autonomia para gerir os seus utentes e à medida das necessidades específicas de cada localidade".
3. - Como é que Luís Filipe Pereira vai conseguir atribuir médico de família a todos os utentes do SNS, até ao final do ano.
As contas do ministro:
Se multiplicarmos os seis mil médicos no activo nos centros de saúde pelos 1500 utentes previstos na lei, temos nove milhões, que é o universo dos que precisam de médico de família"
Simples!...
Tudo resolvido com a máquina de calcular.
Aguardemos.
(1) Jornal de Notícias.
1 Comments:
Luís Pisco, presidente da APMCG, contesta as declarações do ministro da saúde proferidas em Catanhede:
a) - A média nacional de consultas nos centros de saúde é superior a cinco consultas por hora.
b) - O problema dos CS não é de produtividade mas sim de modernização do sistema de informação.
O sistema infomático (Sinus) está obsoleto.
c)- Dizer que se quer dar um médico de família a todos os portugueses até ao final do ano é o mesmo que dizer que se vai acabar com a lista de espera em dois anos.
d)- Em Março, no encontro de clínicos gerais realizado em Vilamoura, LFP comprometera-se a apresentar a proposta de regulamentação do Dec. Lei 60/2003,que prevê novos modelos de gestão dos cuidados de saúde primários. o que ainda não foi feito.
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