quinta-feira, janeiro 13

Alternativa ou Alternância?

1. - António Correia de Campos, ex-ministro da Saúde do anterior governo PS, responsável pela elaboração do Programa da Saúde do PS às próximas eleições legislativas, parece ter-se convertido num ferveroso adepto da Política de Saúde de Luís Filipe Pereira e da ideia de privatização do Serviço Nacional de Saúde. A desconfiança em relação a Correia de Campos está instalada, principalmente, depois de uma célebre entrevista dada ao DN de 20.12.2004. (link)
2. - Comentário de um leitor do SaudeSA:
O CC disse ao DN em 20-12-2004 " A vantagem dos hospitais SA é precisamente a de permitir autonomia na gestão. Devemos manter os hospitais, mas temos é de avaliar a experiência. ". OS SA não são a porta para a privatização, a deriva de CC e de alguns afins há muito que os empurra para o seio dos Mellos e Companhia. O Eng. tem que ser firme, manter o processo de empresaliarização dos Hospitais, iniciado com a experiência do Hospital de Santa Maria da Feira, promovendo uma avaliação independente da experiência dos Hospitais SA e revogando as medidas que levaram à constituição dos Hospitais SA, substituindo os Hospitais SA, por Hospitais-Empresa, com EPE. Transformar até ao fim da legislatura os Hospitais SPA em EPE. Recusar o caminho para a privatização dos Hospitais públicos. Os Hospitais não podem deixar de ser empresas sociais ao serviço dos cidadãos.
3. - O Jornal Público de hoje 13.01.05, publica um excelente artigo de Cipriano Justo "Afinal é a Alternância, Senhor Engenheiro?" no qual levanta algumas reservas sobre a futura política de saude do governo PS, principalmente, se ela for desenvolvida por António Correia de Campos, recém convertido à ideia de privatização do SNS.
"Parecia que de algum tempo a esta parte se tinha instalado na esquerda um denominador comum relativamente às políticas que viessem substituir as que este governo pôs em prática. E este denominador comum até tinha uma designação: alternativa. Querendo com isso dizer que a esse estafado lugar comum que responde pelo nome de alternância, na primeira oportunidade em que a esquerda ganhasse as eleições era de uma alternativa que se ia tratar e por em marcha. Foi muito à sombra desta bandeira que se travaram a maior parte dos combates nestes 30 meses de oposição - substituir o mais do mesmo pelo mais do melhor. E já antes, quando a questão da governabilidade e da convergência à esquerda chegou a estar na agenda política, era de políticas alternativas que pelo menos alguns dos seus subscritores estavam a falar.
Políticas alternativas, correspondem a rupturas, mudanças de direcção, algumas oscilações no equilíbrio instalado. Significa que muitas soluções interrompem o seu curso para encontrar um novo leito que beneficie um maior número de pessoas.
Mas a dois meses das eleições legislativas começam a soar campainhas de alarme, vindas do Largo do Rato, dando-nos a entender que o discurso que ainda há pouco era de alternativa começa a resvalar para o discurso da alternância. Refiro-me concretamente a uma entrevista recente de Correia de Campos ao "Diário de Notícias". Nessa entrevista CC afirma que, "se temos hospitais concessionados, porque é que não havemos de ter centros de saúde com gestão privada?", querendo-nos fazer crer que o exemplo do hospital Amadora-Sintra tem sido um modelo de boa aplicação dos dinheiros públicos e uma escola de como se devem gerir os serviços de saúde.
Num país com as maiores desigualdades sociais da Europa dos 15, entre as quais está a saúde, torna-se incompreensível que o discurso da privatização dos serviços públicos continue a fazer o seu caminho, indiferente à estratégia a adoptar para, por exemplo, por em execução o Plano Nacional de Saúde. (link)
Não sei se a entrevista de Correia de Campos constitui um sinal de que a direcção do PS quer ir por ali. O que sei é que se for esse o caso, a vida não lhe vai ser fácil.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Isto parece o futebol. Então o homem passou num ápice de bestial a besta.

12:19 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Correia de Campos poderá ser um bom técnico na sua área, bom investigador, professor, mas um mau político.
A prática política caracteriza-se pela capacidade de negociação, gerar consensos, dinamizar sinergias.
CC é um vaidoso, que ama exageradamente o seu umbigo, longe de gerar consensos é perito em causar polémicas e adversários por todo o lado onde passa. É mais um provocador do que um condutor de projectos.

1:11 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

O Sócrates é tenrinho. Agora, mantém os benefícios fiscais com a desculpa esfarrapada da estabilidade fiscal. É preciso ter lata.
Pessoal, fixem isto que vos digo:
Os hospitais SA vão continuar e mais hospitais do SPA vão ser transformados em SA.
As parcerias da Saúde vão para a frente. Os Indústriais da construção civil já estão aí a reclamar. A execução destes projectos contribui para a expansão da economia.
As nomeações por compadrio vão continuar. Vejam só como foi conduzido o processo das listas do PS.
O pior que pode acontecer à Saúde e a Portugal é o PS conseguir a Maioria Absoluta. Quem vos alerta vosso amigo é...
Daqui a alguns meses nós conferimos esta análise.

1:56 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Não se iludam, António Correia de Campos vai ser o próximo ministro da saúde para dar continuidade à política de saúde de Luís Filipe Pereira, nomeadamente o projecto de privatização da saúde (hospitais SA, parcerias da saúde, concessão de exploração de Centros de Saúde).
O CC também quer ter o privilégio de vir no relatório da OCDE como grande obreiro da reforma dos serviços de saúde.

3:41 da tarde  

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