Espera Cirúrgica
O Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS), calcula que em 30 de Junho existirão cerca de 156 000 doentes a aguardar por uma cirúrgia com uma demora média superior à fixada (180 dias). Isto após a implementação de dois programas especiais de combate às listas de espera, quando o número de doentes apurados em lista de espera em 2002 rondava os 123 mil e o ministro Luís Filipe Pereira ter assumido o compromisso de resolver este problema em dois anos.
Na cerimónia de apresentação do Relatório do OPSS o ministro da Saúde, António Correia de Campos, manifestou-se "pouco interessado" na dimensão da lista de espera cirúrgica, revelando-se mais preocupado em diminuir o tempo de espera cirúrgica.
Nós sabemos que esta forma de apresentação do problema da espera cirúrgica (através da dimensão da lista) é simplista, demagógica e susceptível de aproveitamento político, mas no tempo de LFP, António Correia de Campos não se coibiu de atacar o anterior ministro esgrimindo o número crescente de doentes em lista de espera.
Nós sabemos que esta forma de apresentação do problema da espera cirúrgica (através da dimensão da lista) é simplista, demagógica e susceptível de aproveitamento político, mas no tempo de LFP, António Correia de Campos não se coibiu de atacar o anterior ministro esgrimindo o número crescente de doentes em lista de espera.
Achamos, no entanto, que Correia de Campos faz bem em não embarcar neste tipo de desafio, de marketing político. O importante é fazer aumentar de forma consistente o número de cirúrgias electivas realizadas anualmente, como resultado de uma melhor rentabilização da capacidade instalada nos hospitais do SNS, fazendo aproximar os tempos de espera cirúrgica dos diversos hospitais do SNS do tempo de espera clinicamente aceitável (180 dias).
4 Comments:
Isto da espera cirúrgica não é ao metro, ao Kg.
As cirúrgias não são todas iguais. Há diferentes graus de diferenciação.
O crescimento dos tempos de espera cirúrgica tem a ver com a cultura hospitalar.
Como diz a Maria José Nogueira Pinto, os hospitais trabalham a meio tempo em part time.
Se os hospitais conseguirem rentabilizar a capacidade instalada na ordem dos 85% teremos os tempos de espera a aproximarem-se, progressivamente, do tempo médio de espera.
A dificuldade está em conseguir a motivação do pessoal médico, que reparte os seus interesses entre o hospital público e a clínica privada.
Criar incentivos motivadores em tempo de vacas magras não é fácil.
Veremos o que o CC vai conseguir.
A intervenção exaltada de Correia de Campos ontem na cerimónia de apresentação do Relatório do OPSS explica-se pelo incómodo que esta informação sempre causa a quem tem a responsabilidade de dirigir os destinos da Saúde.
Correia de Campos sabe perfeitamente que em relação às listas de espera não vai fazer melhor.
Quanto à política do medicamento só se antevêm disparates a julgar pelas medidas já anunciadas.
Os utentes do SNS devem prepara-se para pagarem cada vez maispela aquisição de medicamentos.
Daqui a três anos os doentes em lista de espera serão significativamente superiores.
Estamos cá para ver.
Razão
O Ministro da Saúde tem toda a razão: mais importante do que a dimensão das listas de espera de intervenções cirúrgicas é saber se existe maior acesso às cirurgias e se a demora está ou não a diminuir. Mas há quem só queira ver a rama dos números...
Vital Moreira - Causa Nossa.
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