Pureza
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Nós
jamais ficamos lívidos.
E nascemos tão simples,
que o rubor em nossos rostos
não tem sentido
não é possível
nem existe.
É uma fonte de aves o nosso canto
e o grito de capataz
não é sonho inventado
mas existe na manhã cósmica dos cargueiros atracados
e guindastes de duzentas e cinquenta toneladas.
Lívidos
nascem os outros
e o rubor em nossos rostos
não tem sentido nem existe.
Mas o permanente sentido de angústia
nossos corações de negros
faz cada vez mais puros.
José Craveirinha, publicado em 31 03 1962 na Voz de Moçambique.
Etiquetas: Moçambique
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