sábado, julho 23

Visão Estratégica, precisa-se

A falta de visão estratégica cega muitos políticos e gestores.
Quem conhece o nível de degradação das instalações do Hospital de Santa Maria (HSM) e o seu "lay out" sabe que não reunem as condições para uma gestão de rigor, garantia da segurança, controlo das infecções nosocomiais e funcionamento das modernas práticas clínicas. Experimentem visitar o HSM, circular nos vários pisos e elevadores. Observem o cruzamento das circulações de sujos e limpos.
Em 50 anos, houve um grande desenvolvimento das tecnologias médicas, de diagnóstico, tratamento e reabilitação, que aconselham o abandono do actual edifício e a construção em sua substituição de três novos edifícios: 1 bloco de internamento de 600 camas; 1 centro de diagnóstico e tratamentos ( MCDT) e 1 central logística.
A dinâmica de gestão independente destas 3 empresas integradas deve ser assegurada através de contratos de prestação de serviços estabelecidos de acordo com os objectivos de performance de gestão e de garantia de qualidade e eficiência da prestação de cuidados hospitalares.
A empresa de MCDT e da Logística ficariam capacitadas para fornecimentos de serviços a outras entidades.
Este é um desafio que vale a pena aceitar em nome da uma visão estratégica que tem andado fora da Administração Pública.
Os modernos edifícios hospitalares saudáveis, com instalações de internamento e para o funcionamento de hospitais de dia apropriadas, integradas em rede com hospitais de rectaguarda, com demoras médias reduzidas, permitem a obtenção grandes vantagens em termos da análise de custo/benefício.
Muitos, ainda não perceberam que o investimento global num edifício hospitalar é igual ao orçamento de exploração do ano do take off, o que nos leva a concluir que as mais-valias de reengenharia de processos que podem ser implemantados e a redução dos custos de exames e tratamentos, e de logística, podem ajudar a melhorar a performance global em cerca de 50% e permitem a recuperação do investimento num prazo de 5 a 6 anos.
O Portugal, Hoje o Medo de Existir” de José Gil, ajuda a perceber esta nossa crónica falta de visão e gestão estratégica e o medo de criação e implementação de novos projectos construtores do futuro.
Assistimos ao protelar de decisões e assim não resolvemos, nem o presente nem o futuro. Mas, no entretanto, terão de ser criadas 4 empresas: Internamento; MCDT; Universide e Logística com CA independentes.
Estas empresas ligadas em rede podem melhorar a performace global anual em 15% ou seja, a poupança de 50 milhões de euros ano , já a partir de 2006.
Desafio o SaúdeSA a promover uma reunião com os interessados para apresentação de um projecto de reengenharia do HSM assente nestas premissas ou outras.
Lá está, a sociedade não se muda por decreto. Tanto dá ser SPA, SA ou EPE. Senão não forem alterados os pressupostos operacionais e introduzida uma nova dinâmica estratégica e conceptual.
Se não formos pelo caminho estratégico, construtor do futuro, perderemos o desafio do SNS e não conseguiremos assegurar o cumprimento do direito à saúde consignado na CRP.
A situação está preta.
O descontrolo das contas públicas em geral e, no SNS, em particular, está em ritmo acelerado. Há muitos grupos económicos à espreita e penso que nós AH ficamos mal nesta fotografia.
A excelência profissional de tantos colaborados do SNS e os direitos dos seus Clientes, justificam o nosso profissionalismo e espiríto de missão e visão estratégica.
Afinal o nosso conhecimento e experiência não pode deixar de se traduzir em mais-valias significativas para a gestão da saúde , em Portugal .
oremadorportuguês - Administrador Hospitalar.

9 Comments:

Anonymous Anónimo said...

1- AFINAL NÃO É SÓ NO S.JOÃO QUE NÃO SE LAVAM AS MÃOS!!!
2- QUATRO EMPRESAS? ISSO NÃO É ANTIPODA DE ULS? OU NA NOSSA CASA ..BLÁ, BLÁ, BLÁ???

11:22 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Concordo que a recuperação do HSM só é exequível através da construção de um novo edifício.
Quanto à contrução de três torres parece-me uma solução arriscada.
Propõe-se no texto, segundo entendi, a adjudicação da gestão a entidades externas privadas.
Seria, eventualmente, uma das únicas formas de conseguir tomamão na gestão do HSM.
Mas o poder médico não permite tal coisa.
Veja-se o que se passa no reino Unido em relação a algumas unidades hospitalares "privatizadas".

1:35 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Esta visão estratégica do HSM só pode ter saído da cabeça de algum "pato bravo" interessado na construção das três referidas torres.

1:55 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Costuma-se dizer que para grandes males grandes remédios.
O HSM representa em termos de gestão um grande "bico de obra" e não vai ser fácil a qualquer equipa de gestão efectuar a recuperação desta unidade do SNS.
A ideia de construir um novo edífício para reinstalar o HSM parece-me uma óptima solução para transpôr as dificuldades que atrás referi.
Penso que era esta a proposta formulada há uns anos atrás pelo director dos SIES do HSM, que o então administrador delegado, AH de carreira, rejeitou, tendo optado pela solução de recuperação do actual edifício , serviço a serviço. O resultado está à vista. Ao fim de muitos anos permanece tudo na mesma.
Falta da tal visão estratégica de que se fala neste texto.

2:01 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

É uma excelente ideia que necessita de ser muito bem
trabalhada.

Em França e Espanha existem estruturas que prestam colaboração a vários hospitais: Logística, serviço de lavandaria, alimentação, etc.
Em Portugal o Such presta serviços de assistência técnica e de lavandaria.
A exploração poderia ser assegurada segundo um modelo EPE.
Será que o CC não tem colaboradores que lhe despertem o engenho.

2:34 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Excelente texto. Pela novidade e risco não me parece ter sido elaborado por um Administrador Hospitalar.
É o melhor elogio que lhe posso fazer.

2:36 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O campeão da estratégia regressou aos adubos.
Agora temos que nos contentar com a repetição das políticas.

2:42 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

"Pela novidade e risco não me parece ter sido elaborado por um Administrador Hospitalar."

Como é uma ideia inteligente, não deve ser de médico e/ou gestor SA.

4:30 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Boa malha.
Uma resposta com inteligência e humor.
Ele há SA ...
Tenrinhos.

8:27 da tarde  

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