quinta-feira, julho 21

Modelo ULS Matosinhos, desvirtuado?


ULS- Matosinhos, SA
O grupo técnico para a reforma dos Cuidados de Saúde Primários (GTPRCSP) apresentou, recentemente, o seu Relatório Final onde propõe um conjunto de acções calendarizadas, sobre oito áreas de actuacção:
Reconfiguração e autonomia dos Centros de Saúde; Implementação de unidades de Saúde Familiares; Reestruturação dos Serviços de Saúde Pública; Outras dimensões da intervenção na comunidade; Implementação de Unidades Locais de Saúde; Enquadramento e desenvolvimento dos Recursos Humanos; Enquadramento e desenvolvimento do Sistema de Informação; Unidade de Missão e Estrutura do Projecto.
Posteriormente, o ministro da saúde, António Correia de Campos, anunciou a criação de três novas Unidades Locais de Saúde (ULS): ULS do Norte Alentejano, englobando os hospitais de Portalegre e de Elvas e os centros de saúde da região, duas ULS de Castelo Branco: uma com base no Hospital Amato Lusitano, outra com base no Centro Hospitalar da Cova da Beira (HCovilhã+HFundão).

A Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral (APMCG), a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), vieram recentemente contestar a decisão do ministro da saúde, António Correia de Campos, de avançar de imediato com a constituição destas ULS, numa clara demonstração de desrespeito pelo trabalho da GTPRCSP.
Segundo estas associações o modelo da ULS de Matosinhos está completamente subvertido, uma vez que os seus Centros de Saúde estão submetidos aos interesses dominantes do Hospital Pedro Hispano.
O ministro tem tendência a fazer o que dá nas vistas, e o que dá nas vistas são os hospitais. As Unidades Locais de Saúde não estão em causa, mas, sim, a ideia de Correia de Campos de transformá-las em novas Sub-regiões de Saúde, subordinadas à lógica dos hospitais. A aposta deve ser nos Centros de Saúde e não nos hospitais, seguindo as recomendações do relatório do (GTPRCSP) (link)

12 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Pese embora alguma razão em relação á critica hospitalocentrista do modelo deprestação de cuidados, afigura-se-me que a preocupação dos médicos é outra.
Vendo perigar a sua pacatez nos Centros de Saúde, que de uma forma geral funcionam mal, por falta crónicade recursos, nomeadamente de pessoal médico, mas também devido à baixa produtividade deste grupo profissional.

Correia de Campos tem aqui um grande bico de obra. Penso que o CC deve seguir as recomendações do referido trabalho, nomeando para o efeito a Unidade de Missão proposta.

5:24 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

A tolice é premiada?
Que sabe este chamado Ricardo da productividade dos Centros de Saúde.
Será interessante fazer a comparação com a productividade dos hospitais.
Mas, o assunto, central, foi o desrespeito de CC pelo relatório final, que foi alterado por aquele cérebro transtornado mas vaidoso, esquecendo-se que os elementos da referida comissão ou grupo de trabalho para a referida reforma dos CSP, foram por ele escolhidos.
Ética e educação não são o seu forte e já agora, para quê pôr o assunto a discussão pública no site da DGS, se as decisões estão tomadas, ou aquilo que pensa que decidiu...
Acha decerto que são todos albinos, e que se vergam todos à sua excelsia inteligência de grande teórico do SNS e afins.

9:37 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Mas onde é que foram descobrir esta que os centros de saúde de Matosinhos estão subjugados pelo hospital?
Conhecem a realidade da ULS de Matosinhos?
Onde estão os factos que sustentam estas afirmações parvas?
Se há coisa que os centros de saúde de Matosinhos tem a mais é liberdade (para fazer asneiras).
Não crititquem o que não conhecem.
Centralziação de análises clínicas e radiologia, são apenas dois exemplos das grandes medidas que esta grande familia tem levado a cabo.

10:16 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

ORA CÁ ESTÁ O QUE TENHO VINDO A DIZER HÁ SÉCULOS - COMO SE PODE FAZER 1 ULS (COMO DEVE SER) SE O PESSOAL DOS HOSPITAIS SABE TUDO E O DOS CS TAMBÉM, SENDO CERTO QUE, CADA QUAL ACHA QUE SÓ ELE É QUE SABE???
PS - RICARDO: AINDA BEM QUE OS CS FUNCIONAM MAL, SE ASSIM NÃO FOSSE NÃO SE TINHAM ATINGIDO OS INDICADORES QUE PORTUGAL APRESENTA (INFORME-SE)

10:38 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Quantos médicos de família faltam em Portugal?

Leiam o trabalho:
LINHAS DE ACÇÃO PRIORITÁRIA
PARA O DESENVOLVIMENTO DOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS

Segundo concluí o Xavier neste "post" limitou-se a apresentar as críticas das associação de médicos .

12:53 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Há dias disse (embora por outra palavras) que a USLM e o H. de Sta. Maria da Feira não eram bem o que se "pinta". São realidades diferentes dos outros hospitais. O Hospital de Matosinhos surgiu como uma nova unidade hospitalar, assim como o de Sta. Maria da Feira. E não assumiram as mesmas obrigações dos nossos (verdadeiros) hospitais no que à prestação universal de cuidados de saúde. Se têm médicos, têm, se não têm...remetem os doentes para hospitais como o de S. João e Sto. António, porque esses têm sempre, e com custo elevados, médicos de todas as especialiades 24 horas por dia. Ou seja os resultados financeiros que apresentam beneficiam exactamente deste seu posicionamento: não se sentem na obrigação de responder a todas as necessidades dos utentes em serviço permanente. Sta. Maria da Feira, por exemplo, só paga "à peça" e quando não tem médicos de serviço capazes de responder aos problemas graves e urgentes, ou os "chama" ou pura e simplesmente "descarrega" os doentes para as duas grandes unidades do Porto. Este é de resto o comportamento dos hospitais privados dos grupos conhecidos. Mas, ai do hospital, geral, central do SNS que não diponha, permanentemente, de equipas das várias especialidades (em presença ou de chamada) e sabe-se como isso tem custos elevados porque, em boa verdade, existem muitos "pontos mortos" em diversas especialidades durante o dia.
Agregar os Centros de Saúde aos hospitais pode, na verdade, acabar por se traduzir num esvaziar da actividade dos CS com prejuízo para os utentes que terão, então, que deslocar-se (mais ainda do que já o fazem) aos Hospitais.

1:24 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Que se passa?
A Unidade de Missão dos tão criticados SA's desde que vieram a lume os milhares de nomeações de Boys deixou de publicar na sua página as nomeações dos CA dos hospitais. Porquê? Ao que consta estaremos perante a actuação da "censura"! Eu não acredito "mas que há bruxas...há".

8:47 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Se permitissem a escolha livre do doente, se deixassem viabilizar o funcionamento de cooperativas geridas por profissionais médicos e não médicos avaliadas em permanência lado a lado com os centros de saúde caducos, então poderíamos ver melhorias. Só que os sistemas informáticos não respondem e os lobbies nunca aceitarão a concorrência, as pessoas não estão minimamente informadas e os governos preferem avançar com remendos. Vai tudo ao charco logo que comece a chover. Um dia a chuva virá.

10:02 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Se a Unidade de Missão não publica, publiquemos nós.

Eu acresecnto à lista, o Santo António, com o Dr. Sollari Alegro e a Drª Élia.
Alguém sabe mais?

10:08 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

ULS: O doente é referênciado no Centro de Saúde sendo enviado para o HPedro Hispano se a gravidade do seu estado se justificar (há uma rede informática comun que serve oH e os CS da área).
O que falha é que invocando falta de recursos os CS falham na actuação preventiva.
O Hospital domina toda a rede de cuidados.

10:10 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

A estrutura organizacional dos centros de saúde deve assentar em pequenas unidades operacionais, por exemplo, unidades de saúde familiar (USF), com autonomia de gestão técnico-assistencial e funcional, trabalhando em rede e próximo dos cidadãos. Esta autonomia pode variar em função do seu grau de desenvolvimen
1. As USF devem obedecer a um conjunto comum de características qualquer que seja o modelo de gestão e a sua natureza jurídico-funcional; assim poderão coexistir USF totalmente públicas, com USF sob a forma de cooperativas ou ainda sob gestão de Instituições Privadas de Solidariedade Social, Autarquias ou Entidades Privadas;
• equipas multiprofissionais auto-organizadas;
• sistema de informação (gestão do utente, administrativa, clínica e de desempenho);
• autonomia organizativa, funcional e técnica com estatuto análogo ao dos CRI desenvolvido no DL n.º 374/99, de 18 de Setembro (centro de resultados e custos);
• sistema retributivo misto (base/carreira e capitação ajustada) para os profissionais que premeie igualdade de acesso, o desempenho individual para a eficácia e eficiência e qualidade do sistema;
• outros incentivos que tenham como objectivo apoiar e estimular o desempenho colectivo dos profissionais da USF, tendo em conta os ganhos de eficiência conseguidos, dos quais, uma parte, para reinvestimento na própria USF;
• contratualização baseada numa carteira de serviços básica e adicional (opcional);
• integração em rede com as outras unidades no CS.
2. Um projecto de USF deve incluir:
• constituição de equipa multiprofissional, com indicação do coordenador;
• população abrangida;
• compromissos relativos aos objectivos de desenvolvimento:
a. carteira de serviços:
b.modelo de acessibilidade;
c. plano de actividades, incluindo a formação contínua de todos os profissionais;
d.horário de funcionamento;
• regulamento interno da USF;
• sistemas de informação a usar (hardware e software);
• instalações e equipamentos (projecto de investimento,


O conceito de unidade local de saúde (ULS) é uma evolução lógica das unidades de saúde de carácter funcional, já previstas no artigo 14º do Decreto-Lei n.º 11/93, de 15 de Janeiro, que possibilita uma visão e práticas de interligação entre os serviços de saúde que servem, preferencialmente, uma determinada população.
Apesar da extraordinária experiência de sucesso que são as unidades coordenadoras funcionais materno-infantis (UCF), os modelos organizativos e de financiamento actuais são incongruentes com este conceito. Na prática, os diversos serviços e instituições não são, de facto, interdependentes. A partir daqui só resta a boa vontade e a regulação moral dos profissionais e dos gestores para construir as bases para algumas formas de interligação.
Há evidência de que:
• o conceito das unidades locais de saúde como instrumentos de coordenação que assegurem a organização e prestação dos cuidados centrados nas pessoas, são a forma mais adequada para garantir a sua circulação fluida entre os serviços
• promover a deslocação regular aos CS e a colaboração entre especialistas hospitalares e os médicos de família, têm proporcionado ganhos de funcionalidade, acessibilidade, eficiência e efectividade, havendo já exemplos bem sucedidos a nível nacional e que poderão constituir referências para outras iniciativas;
• o trabalho regular conjunto de equipas multidisciplinares, devidamente formalizadas, enquadradas e orientadas para objectivos de saúde concretos, envolvendo hospitais e CS como é o caso das UCF da área materno-infantil, tem proporcionado “ganhos de saúde notáveis”;

10:24 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

A “Unidade Local de Saúde” é um conceito atraente para a maioria dos profissionais, na medida em que poderá facilitar, e mesmo resolver, os problemas de circulação dos doentes dentro dos vários pólos prestadores de cuidados. Mas nada tem a ver com a integração da gestão.
O conceito de "Unidades Local de Saúde", enquanto instrumento de coordenação que assegura a organização e a prestação dos cuidados centrados nas pessoas, poderá ser um modelo adequado para garantir a circulação fluida de utentes entre os diversos serviços. Já uma administração comum do hospital — ou hospitais - e dos Centros de Saúde, não garante as boas práticas clínicas quotidianas de ambos os sectores e, muito provavelmente, irá aumentar os conflitos internos. Integração de cuidados, centrando-os no doente, é desejável e urgente que aconteça. Integração de gestão, centrando as questões no conselho de administração é dispensável e até perniciosa. A gestão integrada dificilmente resolverá os problemas de articulação. Se o fizesse, não existiriam problemas dentro dos hospitais. A coordenação, o planeamento e os fluxos financeiros é que fazem desaparecer as barreiras. Não havia, de facto, necessidade de criar estes problemas adicionais ao já difícil trabalho que espera a Unidade de Missão.
(Luís Pisco – Presidente APMCG ( e não só)– in Médico de Família

12:23 da tarde  

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