terça-feira, agosto 16

Perfil da Prescrição

O decreto-Lei n.º 129/2005, recentemente publicado, veio introduzir importantes alterações ao regime de comparticipação de medicamentos do SNS

Mais um vez se intervém do lado da procura (castigando o consumidor) em vez do lado da oferta (influenciando o perfil de prescrição)
Não é possível conseguir resultados significativos (poupança na facturação de medicamentos) sem ajustar o Perfil de Prescrição de medicamentos à organização do SNS, de acordo com critérios protocolados e praticados transversalmente nos diversos serviços do SNS, com base no estado da arte e em equipas de cuidados liderada pelos directores clínicos dos hospitais e dos centros de saúde.
Sem um Protocolo Terapêutico e outro de Diagnóstico e Tratamento, definidos ao nível do país, de cada ARS ou de cada Hospital de nível III (aplicado aos outros da sua região menos diferenciados) não há controlo de despesas com medicamentos e MCDT que resista.

A situação é muito grave. O crescimento das despesas com medicamentos e MCDT, assente na liberdade absoluta dos médicos, na acessibilidade de prescrição de um leque alargado de medicamentos, não se resolve com medidas que, quanto muito, aliviam o problema como é apanágio do modelo de decisão política,que teimamos em continuar a aplicar até à falência do SNS.

Os novos medicamentos e as novas tecnologias de diagnóstico carecem de ser avaliadas na sua efectividade antes de se instalarem compulsivamente nos HH públicos e centros de diagnóstico privados.

Aprendi na ENSP que a oferta induz a procura.
Se não controlarem a oferta, como querem controlar a despesa?
Há qualquer coisa de errado na nossa cultura de gestão do nosso país e do SNS.
Porque não queremos aprender com outros países europeus que já implementaram estratégias com sucesso?
Comentador anónimo, a quem pedimos desculpa pela redução do excelente comentário.
Nota SaudeSA:
No seu comentário escreveu ainda:
"A chave do problema do controlo de despesas passa por outro modelo de acessibilidade ao médico de família, consulta externa hospitalar e MCDT, por níveis e patamares indiciados ao episódio de doença, sem saltar degraus, de forma a acabar com a prática da medicina preventiva praticada pelos clínicos gerais, que de certa forma se compreende."
A nossa principal dúvida em relação a este parágrafo, é a seguinte:
Não deve o médico de família praticar medicina preventiva?

8 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Alguns comentários:

- Confundir "economia" com "gestão" é grave. Revela que não se sabe do que se fala.
- "Gestão" é coisa que passa ao lado do SNS. Definitivamente. Começa logo pelo facto de que o "doente" não é tratado como um "cliente", mas como um "utente". Ou seja, o utente que aguente o que o "prestador" lhe fornece!
- Falar de "oferta" e "procura" neste momento? Fantástico, revela que a óptica ainda é macro.....mas os problemas são "micro". O sistema informático do IGIF não sabe o que se gasta, nem onde, nem a variação de consumos.....provavelmente os dados do IGIF mais fiáveis são de 1999!

SNS: foi Você que pediu um SERVIÇO DE SAÚDE?

12:13 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Nos custos variáveis esta medida pode ter um efeito reduzido no curto prazo.
Nos custos fixos a capacidade instalada nos hospitais é de 1 para 100, isto é, enquanto são necessários 1 MCDT temos capacidade para produzir 100, neste caso quem pode ficar prejudicado é o Utente.
E assim vai-se gerindo a saúde com o que temos e podemos.

9:37 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

"quem pode ficar prejudicado é o Utente"

Vocês ainda não perceberam que o Utente já não quer ser Utente. É o CLIENTE. Exige, porque paga impostos e taxas moderadoras.

Arre, que não percebem!

PS (não é sigla partidária): o SNS está a caminho da "fotografia americana"....quem quer saúde vai ter que pagá-la! E é se quiser!

12:31 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Assim como não existem "almoços grátis", não existem cuidados de saúde à borla...

Alguém tem de os pagar mais cedo ou mais tarde aumentando o stock de dívida pública ou aumentando os impostos e/ou taxas moderadoras.

A Saúde não tem preço ?

Mas tem certamente um custo...

Não existe "massa crítica" em Portugal para adoptar o modelo neo-liberal norte americano...nem pouco mais ou menos..

Dever-se-iam estudar alguns casos de SNS europeus como o holandês, que adoptou o modelo de um seguro social para financiar o sistema de saúde.

2:14 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

É necessário intervir em relação ao prescritor.
Num país que debate com enormes dificuldades económicas não é justo que os médicos continuem a prescrever a seu belo prazer, refugiando-se em critérios técnicos não sujeitos a qualquer avaliação.
As terapêuticas têm que ser avaliadas.
Todos sabemos que desde 2002 o número de verdadeiras novas substâncias postas no mercado é muito reduzida, cerca de vinte. Os ditos novos produtos ou são antigas substâncias "melhoradas" ou são cópias.

O acto de prescrever deverá ser efectuado de acordo com procedimentos estudados em relação as diversas patologias (terapêuticas estudadas e validadas por um conjunto de peritos).
A informação sobre a utilização de medicamentos deverá ser regularmente discutida pelos diversos responsáveis.
Os IPO deveriam emitir linhas de orientação em relação às terapias utilizadas nos diversos tipos de tumores. Se formos ver existem nos HH do nosso país diversos estados de arte em relação a estas terapias.
O mesmo aconteçe em relação ao tratamento do HIV/SIDA.
Protocolos de utilização de medicamentos nacionais precisam-se.
Compreendemos que mexer nestas matérias levanta as suas dificuldades.
Daí que se tenha começado por aquilo que é mais fácil.

3:40 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Então o autor do comentário não aparece para responder às questões que lhe foram postas?
Se calhar não reconheceu ainda o texto como seu.
Ou está antes na praia a disfrutar do sol e olhar de solaio para as "bifas", não vá a mulher surpreendê-lo.

3:55 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O autor andou a copiar do manual e agora não tem argumentos. É bem de ver. este comentador é um azeiteiro, para não lhe chamar outra coisa.

2:32 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Tenham calma o comentador não fugiu.

Ó xavier eu disse ou então queria dizer medicina defensiva ( recurso a excesso de medicamentos e mcdt)

É claro que defendo a prevenção como atitude global de gestão para as diversas áreas de intervenção política e social.

Prevenir é a única cultura que pode garantir o sucesso de programas de intervenção na sáude, acção social , segurança,etc.

Não definir perfis de abordagem de eposódios de doença pelos médicos é apostar no suicídio do SNS.

Tudo o resto é capitular face aos mais variados lóbis ( que crescem e engordam de forma perigosa e tentacular até afogarem o monstro em que se transfromou o SNS , com grande pena minha e de tantos outros, perspectivando-se graves prejuízos para mais de 70% dos portugueses.

11:46 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home