Urgências Hospitalares
Todos os dias os jornais trazem novas sobre medidas que o MS pretende implementar a curto prazo. Umas mais novas do que outras.
Hoje (26.12.05), foi a vez do CM, com fonte do gabinete do ministro da saúde, referir que CC pretende aplicar ao pessoal médico das urgências hospitalares o Regime Remuneratório Experimental (RRE), o qual prevê uma base fixa de remuneração e uma parte variável, paga por capitação. O objectivo é passar a remunerar os médicos das urgências conforme o número de doentes que assistem e acabar com o pagamento de horas extraordinárias quando não há doentes para atender.
Segundo os representantes da FNAM e do SIM, estabelecer uma componente remuneratória indexada ao atendimento ‘per capita’ é um convite à deterioração da qualidade do atendimento das urgências.
Segundo os representantes da FNAM e do SIM, estabelecer uma componente remuneratória indexada ao atendimento ‘per capita’ é um convite à deterioração da qualidade do atendimento das urgências.
Achamos uma medida fundamental a alteração do pagamento das horas de presença não activas. A aplicação desta medida implicará, necessariamente, a reorganização da rede de urgências do SNS: encerramento de serviços, reabilitação de instalações, reequipamento, melhoria da rede de referênciação, informação e circuitos.
4 Comments:
Uma medida a aplaudir!
Esta é uma daquelas medidas que, se não cair devido aos corporativismos, será uma excelente forma de tentar estancar os custos com pessoal.
Por mais volta que se dê à questão, este é o ponto fundamental: pessoal e custos associados. O problema é que mexer neste ponto implica forte contestação social e é altamente impopular e, por outro lado, só se consegue se os bons exemplos (de contenção) vierem de cima.
É por isso fundamental que os AH adoptem uma postura mais consentânea com a realidade orçamental que têm nas mãos e parem com esta pouca-vergonha, a que este blog tem aludido, da obsessão com os popós e com as mordomias excessivas... Olhem que eu até concordo com algumas, agora vê-se com cada uma....
Para além disso, é também necessário que CC nomeie os AH não pelas suas filiações partidárias, mas sim pela sua competência objectiva. Sobre este ponto, aliás, defendo que se devem acabar, pura e simplesmente com as nomeações! Em meu entender, os HH, tais como as empresas, deviam recrutar os seus Directores Gerais, Directores Financeiros, etc., no mercado. As grandes empresas, é isso que fazem. Procuram os melhores. E ao que parece com algum sucesso. Alguém me pode explicar porque carga de água têm as adminstrações que ser nomeadas politicamente?? Têm é que ser escolhidas tecnicamente!
Por se pensar desta forma, tão amiga dos compadrios é que nas empresas públicas, entre elas os HH, são raríssimos os exemplos de excelência de gestão. Falo apenas de gestão, porque bons exemplos de serviços todos sabemos que os há.
Há um ano, o Mundo assistiu à maior tragédia de que há memória.
Aqui, no Saúde SA, deixo a minha singela homenagem aos que então perderam a vida: Deus guarde as suas Almas.
Gastar menos nas Urgências com redução da componente remuneratória dos médicos parece-me uma medida que dificilmente vai passar. Ou, melhor dizendo, os médicos não se oporão a um sistema baseado numa componente fixa e outra variável; nunca aceitarão, no entanto, que o novo sistema ponha em causa o nível remuneratório médio actual.
Conheço o caso concreto de uma proposta segundo a qual seria pago aos médicos um adicional por cada doente visto em Urgência Ambulatória. A proposta, porém, apresentava a componente fixa ao nível da remuneração actual; isto é, previa um adicional (por doente obervado) mas não se preocupava com a definição de um padrão médio a partir do qual esse adicional teria lugar. Nem previa, como seria razoável, uma penalização para quem não atingisse a média (no período). E quando estas hipóteses foram colocadas a proposta foi retirada para ser reformulada, mas não mais voltou a ser apresentada (ficou à espera de melhores dias, talvez dos dias que aí vêm).
Em urgência ambulatória um sistema misto pode ter lugar sem grandes dificuldades, mas na Urgência Geral a sua aplicação exigirá uma "complexa" engenharia que implicará (mais uma vez) a realização de registos de produção por profissional (ou pelo menos equipa) a que os profissionais tendem a resistir.
Mas, também é verdade que num sistema em que a remuneração tenha a ver com o número de doentes tratados, nas unidades hospitalares com menos afluência os médicos de urgência não podem (não devem) ver as suas remunerações reduzidas em relação aos que trabalhem em hospitais centrais.
E a componente variável, baseada na produtividade, como vai diferenciar a complexidade?
Os organismos representativos dos médicos já vieram manisfestar-se. Aguardemos. Se CC persistir, a luta vai ser dura. Será que CC VAI, VAI, VAI mesmo?!...
É curioso que ninguém tenha respondido à sugestão de recrutamento dos administradores em vez do actual processo de nomeação política...
Fico à espera das reacções dos comentadores do blog, sabendo que a maioria são AH de carreira à espera da sua nomeação ou a aguardar que CC os ponha de molho enquanto não vem um governo laranja.
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