CC, ainda a grande entrevista
foto revista prémio
Em primeiro é de enaltecer o serviço prestado pelo SaudeSA ao postar esta magnífica entrevista, doutro modo a maioria dos profissionais que trabalha no SNS não a teria podido apreciar link
CC fez uma entrevista excelente mostrando, mais uma vez, um grande domínio das matérias, primando pela segurança e clareza em quase todas as respostas (quase pedagógico). Foi assim, por exemplo, relativamente aos medicamentos, às taxas moderadoras, aos blocos de partos, à consolidação de serviços em hospitais próximos, às questões de pessoal – pretensa falta de “mais de 20 mil enfermeiros nos HH”, desperdício com médicos (MF e SAP, horas extra nos SU).
Talvez pudesse ser um pouco mais preciso, para melhor esclarecimneto de todos, relativamente à necessidade de racionalizar para melhorar a oferta, reforçar a qualidade e a sustentabilidade financeira do SNS. É necessário cortar no desperdício e desviar os recursos envolvidos para: i) aumento de oferta – em cuidados continuados, psiquiatria em HH gerais, aumentar o número de actos (ex. operações, consultas e hospital de dia); ii) investir para qualificar serviços, para remodelar e expandir a capacidade de alguns HH. Depois fechar hospitais é normal (GB fechou muitos ao longo dos anos) e não o fazer é comprometer o futuro, essa necessidade decorre de alterações tecnológicas na saúde, da evolução da população, das melhores vias existentes, etc.
Penso que suscitou algumas dúvidas com a comparação do nº de pessoas do Ministério da Saúde com a Suécia (menor população e 500 mil funcionários públicos, contra 110 mil em Portugal). Os mais distraídos podem mesmo pensar que se comprova então a “falta” dos 20 mil enfermeiros e que se justifica o recurso exagerado a horas extra. As comparações entre países são sempre difíceis e devemos considerar que:
a)- SNS têm diferente extensão de cuidados. Em Portugal o SNS: i) não produz dentisteria, hemodiálise, cuidados leves, paliativos e para crónicos; ii) tem contratos com vários HH (Amadora-Sintra, Cruz Vermelha, Prelada, HH Misericórdias,...); iii) tem muitos contratos/convenções para outros actos (MCDT, listas de espera,...);
b)- SNS têm diferente cobertura: em Portugal há alguns “opting out” (poucos) mas muitos doentes cobertos por Subsistemas (Açores e Madeira estão também fora);
c)- Talvez não seja boa ideia misturar a saúde com o “apoio aos idosos” (quantos pessoas trabalham em Portugal com idosos, fora do MS e da função pública?);
d)- Número de pessoas depende do nº de horas por profissional, sendo necessário considerar: i) nº horas em regimes especiais (ex. 42 horas, tempo acrescido); ii) plétora de horas extra nos SU e SAP;
e)- A diferente extensão do recurso a outras formas de recrutamento (tarefeiros, contratos a termo, contratação de manpower) e ao outsourcing (SUCH, empresas de alimentação, etc.).
Penso que CC podia ser mais claro no que respeita à autonomia de gestão dos hospitais e suas consequências, tanto mais que foi muito preciso e pedagógico quanto ao efeito de um eventual falhanço dos HH EPE no défice do país. Não é possivel afirrmar que “Há alguns hospitais que não estão a cumprir a contratualização” sem especificar que não se trata de se afastarem da produção prescrita (seria intolerável o afastamento da actividade definida pelo SNS) nem tão pouco de não cumprirem de todo os objectivos e metas acordados (a cessação do CA não seria então um “castigo” mas apenas o controlo normal esperado). Aquela afirmação só pode ser uma referência a alguns desvios que serão corrigidos ao longo do ano, com ou sem a ajuda do MS. Um leitor menos avisado ou desconhecedor do estilo criativo de CC poderia pensar que houve contradição: “não me meto na gestão interna” (refere-se naturalmente a todo o MS, inclusive aos serviços centrais e regionais); mais à frente afirma que vai, para não “castigar”, “Falar com eles todos os dias!” (tanta proximidade comprometeria, de facto, a autonomia). Trata-se naturalmente de figura de estilo, significando disponibilidade para maior atenção e ajuda.
Semmisericórdia
Talvez pudesse ser um pouco mais preciso, para melhor esclarecimneto de todos, relativamente à necessidade de racionalizar para melhorar a oferta, reforçar a qualidade e a sustentabilidade financeira do SNS. É necessário cortar no desperdício e desviar os recursos envolvidos para: i) aumento de oferta – em cuidados continuados, psiquiatria em HH gerais, aumentar o número de actos (ex. operações, consultas e hospital de dia); ii) investir para qualificar serviços, para remodelar e expandir a capacidade de alguns HH. Depois fechar hospitais é normal (GB fechou muitos ao longo dos anos) e não o fazer é comprometer o futuro, essa necessidade decorre de alterações tecnológicas na saúde, da evolução da população, das melhores vias existentes, etc.
Penso que suscitou algumas dúvidas com a comparação do nº de pessoas do Ministério da Saúde com a Suécia (menor população e 500 mil funcionários públicos, contra 110 mil em Portugal). Os mais distraídos podem mesmo pensar que se comprova então a “falta” dos 20 mil enfermeiros e que se justifica o recurso exagerado a horas extra. As comparações entre países são sempre difíceis e devemos considerar que:
a)- SNS têm diferente extensão de cuidados. Em Portugal o SNS: i) não produz dentisteria, hemodiálise, cuidados leves, paliativos e para crónicos; ii) tem contratos com vários HH (Amadora-Sintra, Cruz Vermelha, Prelada, HH Misericórdias,...); iii) tem muitos contratos/convenções para outros actos (MCDT, listas de espera,...);
b)- SNS têm diferente cobertura: em Portugal há alguns “opting out” (poucos) mas muitos doentes cobertos por Subsistemas (Açores e Madeira estão também fora);
c)- Talvez não seja boa ideia misturar a saúde com o “apoio aos idosos” (quantos pessoas trabalham em Portugal com idosos, fora do MS e da função pública?);
d)- Número de pessoas depende do nº de horas por profissional, sendo necessário considerar: i) nº horas em regimes especiais (ex. 42 horas, tempo acrescido); ii) plétora de horas extra nos SU e SAP;
e)- A diferente extensão do recurso a outras formas de recrutamento (tarefeiros, contratos a termo, contratação de manpower) e ao outsourcing (SUCH, empresas de alimentação, etc.).
Penso que CC podia ser mais claro no que respeita à autonomia de gestão dos hospitais e suas consequências, tanto mais que foi muito preciso e pedagógico quanto ao efeito de um eventual falhanço dos HH EPE no défice do país. Não é possivel afirrmar que “Há alguns hospitais que não estão a cumprir a contratualização” sem especificar que não se trata de se afastarem da produção prescrita (seria intolerável o afastamento da actividade definida pelo SNS) nem tão pouco de não cumprirem de todo os objectivos e metas acordados (a cessação do CA não seria então um “castigo” mas apenas o controlo normal esperado). Aquela afirmação só pode ser uma referência a alguns desvios que serão corrigidos ao longo do ano, com ou sem a ajuda do MS. Um leitor menos avisado ou desconhecedor do estilo criativo de CC poderia pensar que houve contradição: “não me meto na gestão interna” (refere-se naturalmente a todo o MS, inclusive aos serviços centrais e regionais); mais à frente afirma que vai, para não “castigar”, “Falar com eles todos os dias!” (tanta proximidade comprometeria, de facto, a autonomia). Trata-se naturalmente de figura de estilo, significando disponibilidade para maior atenção e ajuda.
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