Central de Compras
A possibilidade de criação de uma Central de Compras tem sido alvo de alguns comentários aqui no Blog. Porque penso sobre o assunto coisas substancialmente distintas do que tem sido dito, deixo aqui o meu contributo para eventual discussão.
A experiência dos últimos 3 anos provou que a existência de vários compradores independentes estimula a concorrência do lado da oferta.
A experiência dos últimos 3 anos provou que a existência de vários compradores independentes estimula a concorrência do lado da oferta.
Se aparente e teoricamente seria razoável defender que a aquisição para o "todo nacional" traria grandes reduções de custo, por via das economias de escala, essa afirmação não passa, todavia, de um enorme engano. Todos aqueles que não se limitam a comprar pelo catálogo percebem isso. Efectivamente a experiência no terreno desmente esta e outras verdades conceptuais.
Parece óbvio que a existir uma única Central de Compras ela será sempre a melhor, será sempre extraordinária, como eu também sou o melhor nadador da minha rua ...pelo simples facto que por lá mais ninguém sabe nadar.
O que para mim resulta menos claro é que homens como o professor Carlos Oliveira ou o professor Miguel Gouveia não percebam isso e sobre este assunto tenham preferido o refúgio seguro dos estudos comparativos (aliás, sérios, tanto do agrado da malta aqui do Blog!), estudos que escondem, no entanto, a verdade fundamental: apesar de nos hospitais que levaram esta "coisa" da negociação a sério não ser contabilistícamente evidente a redução dos preços médios dos medicamentos...essa realidade só tem que ver (como foi explicado ao professor Miguel Gouveia) com o facto, que é aliás do conhecimento público, de o IGIF exigir à Indústria que informem o Catálogo de eventuais descidas de preços, sob pena de serem expulsos desse mesmo Catálogo. Toda a gente sabe isto! É que o fruto das negociações teve que entrar nos hospitais como receita (rappel) e não como abatimento nos custos. Esta pouca vergonha só se deveu à falta de coragem política para extinguir o IGIF e para os meninos que defendem a sagrada coisa pública (independentemente de prestar um bom ou um mau serviço ) virem, radiantes, dizer que, afinal, os Hospitais SA não fizeram nada de especial.
O que para mim resulta menos claro é que homens como o professor Carlos Oliveira ou o professor Miguel Gouveia não percebam isso e sobre este assunto tenham preferido o refúgio seguro dos estudos comparativos (aliás, sérios, tanto do agrado da malta aqui do Blog!), estudos que escondem, no entanto, a verdade fundamental: apesar de nos hospitais que levaram esta "coisa" da negociação a sério não ser contabilistícamente evidente a redução dos preços médios dos medicamentos...essa realidade só tem que ver (como foi explicado ao professor Miguel Gouveia) com o facto, que é aliás do conhecimento público, de o IGIF exigir à Indústria que informem o Catálogo de eventuais descidas de preços, sob pena de serem expulsos desse mesmo Catálogo. Toda a gente sabe isto! É que o fruto das negociações teve que entrar nos hospitais como receita (rappel) e não como abatimento nos custos. Esta pouca vergonha só se deveu à falta de coragem política para extinguir o IGIF e para os meninos que defendem a sagrada coisa pública (independentemente de prestar um bom ou um mau serviço ) virem, radiantes, dizer que, afinal, os Hospitais SA não fizeram nada de especial.
É verdade que alguns Hospitais SA (os dos Boys) não fizeram nada... mas não é menos verdade que aqueles que fizeram um trabalho sério (e foram vários daqueles que aqui gostam de criticar) ajudaram a criar o ambiente, que se vive de algum tempo para cá, de baixa, constante, de preços unitários. Quem acompanhou esta matéria nos últimos anos (não do ponto de vista teórico...mas do ponto de vista operacional) sabe que até o Hospital de Cantanhede comprava melhor que o IGIF.
É que os efeitos da economia de escala devem ser mitigados com outros, a saber: a competência para fazer negócios e a concorrência.
É que os efeitos da economia de escala devem ser mitigados com outros, a saber: a competência para fazer negócios e a concorrência.
Aliás, a Indústria o que mais quer é a serenidade de uma Central de Compras única, de preferência a de sempre!...
Tenho ouvido muito o argumento que para o SNS não interessa nada o facto de um hospital grande (por exemplo o H.São João) comprar muito abaixo do preço de mercado, se depois os hospitais pequenos nada beneficiarem com isso (ficando também o SNS prejudicado porquanto não conseguiu fazer repercutir essas poupanças noutros hospitais).
Raciocínio aparentemente razoável, mas falso. Na verdade todos os hospitais pequenos do Norte têm sido muito beneficiados pelas baixas de preços alcançados pela Central de Aquisições do Norte.
O melhor testemunho são os administradores/Directores de Aprovisionamento dos médios hospitais à volta do Porto. Mas claro...é preciso trabalhar! e trabalhar não é ficar, comodamente, a dar indicações aos funcionários para adquirirem no Catálogo do IGIF.
Por outro lado, importa referir que se quem decide quiser mesmo acabar com a incompetência do IGIF, o que tem a fazer não é transferir a má experiência metodológica para o Such. É apenas preciso sair de Lisboa e ver o que se faz no resto do País.
O Secretário de Estado sabe o que se tem feito pelo país e conhece mesmo os resultados da Central de compras que já existe no Norte.
Bem sei que para alguns dos nossos colegas mais teóricos o raciocínio será:
1.- Isto é conversa do detestável espírito SA .
2.- O que ficou dito não é comprovável? (obviamente que é... mas não aqui).
3.- Sendo comprovável é mau porque obriga a indústria a emagrecer ... e isso é obviamente mau porque os DIM têm família, precisam de comer e a vida é mais que o déficit (à semelhança da história melodramática dos portageiros que ficam sem emprego por causa da aderência á via verde!)
Bom, caros amigos nós temos o país que merecemos !... Mas acreditem o país e a Administração Hospitalar merecem mais do que frustrações e lamúrias.
1.- Isto é conversa do detestável espírito SA .
2.- O que ficou dito não é comprovável? (obviamente que é... mas não aqui).
3.- Sendo comprovável é mau porque obriga a indústria a emagrecer ... e isso é obviamente mau porque os DIM têm família, precisam de comer e a vida é mais que o déficit (à semelhança da história melodramática dos portageiros que ficam sem emprego por causa da aderência á via verde!)
Bom, caros amigos nós temos o país que merecemos !... Mas acreditem o país e a Administração Hospitalar merecem mais do que frustrações e lamúrias.
Mas, sempre há gente que acredita...
CamusNortada
CamusNortada
3 Comments:
De acordo com o CamusNortada.
Também conhelo o processo iniciado pelos HH SA's e as dificuldades impostas pelo célebre catálogo do IGIF que obrigou ao recurso ao "rappel".
A grande centralização das compras permite potenciar "grandes negócios" perpetuar os fornecedores e geralmente não é sinónimo de máxiam eficiência.
A concorrência tende a ser uma mera ilusão e os aproveitamentos não tradam em aparecer.
E tende também a dissimular as "insuficiências" dos compradores".
Assim, os benefícios para os Hospitais serão mais aparentes que reais.
Já foi por demais provado que "grande não é sinónimo de bom".
Tenho alguma experiência de centrais de compras e de compras conjuntas (distribuição farmacêutica, privada).
Acredito neste género de estruturas de aprovisionamento pelo poder negocial que possuem e pelas vantagens que proporcionam - aos clientes, claro, mas também aos fornecedores - desde que se cumpram alguns princípios:
1. Concorrência - A central de compras age em concorrência com as suas unidades constituintes, não sendo estas obrigadas a comprar por intermédio daquela.
2. Informação interna - A central de compras possui toda a informação sobre as necessidades de compra das suas unidades constituintes e sobre as compras por estas efectuadas; o contrário não se verifica.
3. Informação para o exterior - A central de compras nunca informa o fornecedor do destino particular das suas vendas.
4. Avaliação - A actividade negocial da central de compras, bem como as das suas unidades elementares (ver 1.), é detalhada e assiduamente avaliada, através de indicadores objectivos.
5. Mérito - Os melhores compradores integram a central de compras; a rotatividade, no entanto, é fomentada.
O 6º princípio não é apicável na administração pública mas pode proporcionar elevados ganhos:
A central de compras efectua pagamentos de curto prazo e eventualmente poderá antecipar datas previstas de compras com o objectivo de máximizar os descontos financeiros.
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