Timor, o papel da Austrália
Quanto ao papel da Austrália, link há uma grande confusão em Portugal, como a actual crise está a mostrar. Aparentemente, muitos sentem a necessidade em descobrir rivais regionais, e mais uma vez regressamos ao tema dos afectos. Antes de mais, um rival com interesses estratégicos e económicos egoístas é fundamental para pudermos definir a actuação portuguesa em termos altruístas, possivelmente uma necessidade decorrente do nosso passado. Depois, nota-se a habitual confusão entre as condições de aliado e amigo. Os países aliados não são nossos amigos, com quem concordamos em quase tudo. Os aliados limitam-se a partilhar alguns interesses comuns, o que não invalida a existência de algumas divergências importantes. Ou seja, não há aliados perfeitos. No caso da Austrália, o seu apoio é decisivo para manter a independência de Timor, como de resto muitos timorenses reconhecem. Neste sentido, Noutros planos, os dois países estão em competição, o que é inevitável. Perante esta realidade, é fundamental que os portugueses entendam dois pontos. Por um lado, têm que fazer a distinção entre as áreas de colaboração e de competição com Camberra. Por outro lado, e esta é a condição crucial, têm que definir os interesses políticos e económicos de Portugal em Timor. Foi isto que os australianos fizeram, e ninguém os pode levar a mal. Claro que eles não têm os nossos afectos. Mas às vezes um pouco menos de emoção e um pouco mais de razão é vantajoso.
João Marques de Almeida,DE 05.06.06
João Marques de Almeida,DE 05.06.06
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