Gastos da Saúde
No relatório de Junho, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) alerta para os gastos da Saúde que, entre 1990 e 2004, cresceram mais do que o Produto Interno Bruto em todos os países da OCDE, com excepção da Finlândia. link
Em Portugal os gastos com a Saúde atingiram, em 2004, o valor de 10% do PIB. link Os gastos em Saúde, per capita (1813), não ultrapassaram, no entanto, a média dos países da OCDE (2550). link Já os gastos com medicamentos per capita (421) são superiores à média dos países da OCDE (393) link
De acordo com o relatório, o crescimento das despesas com a Saúde dos países da OCDE, deve-se, essencialmente, a dois factores: novas tecnologias e o envelhecimento da população.
Em Portugal os gastos com a Saúde atingiram, em 2004, o valor de 10% do PIB. link Os gastos em Saúde, per capita (1813), não ultrapassaram, no entanto, a média dos países da OCDE (2550). link Já os gastos com medicamentos per capita (421) são superiores à média dos países da OCDE (393) link
De acordo com o relatório, o crescimento das despesas com a Saúde dos países da OCDE, deve-se, essencialmente, a dois factores: novas tecnologias e o envelhecimento da população.
12 Comments:
Estes relatórios dão sempre um jeitão para as políticas de privatização dos Governos da UE.
Porque será ?
Já o dissemos por mais que uma vez. Não é correcto, tecnicamente, comparar as Despesas de Saúde em Portugal, em termos de percentagem do PIB, com as de outros países. A comparação só fará sentido se relacionada com o PIB per capita em Potugal e noutros países, designadamente com o PIB médio per capita da UE.
E como se constata, as despesas de saúde "per capita" são, em Portugal, pouco mais de 71% das despesas médias da UE.
Ainda asim, falta comparar as despesas em saúde com o rendimento real das famílias.
Na verdade a questão que se coloca é a seguinte: são as despesas de saúde em Portugal que são elevadas ou é o seu PIB que é baixo?
E se pensarmos só em termos de despesas públicas, temos ainda que entrar em linha de conta com a penetração da actividade privada no mercado da saúde (capacidade de acesso dos cidadãso a subsistemas), que por sua vez tem a ver com a grau de desenvolvimento económico e social do país que é também reflexo do "poder de compra" dos cidadãos.
As comparações que geralmente fazem os políticos são as que mais satisfazem os seus objectivos de cada vez mais convencerem a opinião pública de que "são precisos sacrifícios" e que os serviços públicos são ineficientes.
Não me parece que seja tecnicamente errado comparar a despesa de saúde em Portugal como % do PIB face a outros países porque sendo esse indicador uma estatística descritiva pode servir para dois fins: ver a evolução dentro da mesma população (neste caso Portugal) e comparar o indicador entre diferentes populações (média da UE ou país a país).
Apenas se tem que garantir é que os critérios de contabilização da despesa em saúde e do PIB sejam iguais nos diferentes países. Se isso acontecer todas as comparações são tecnicamente viáveis.
O PIB tem a ver com a criação de riqueza e esta depende, entre outras coisas, do desenvolvimento tecnológico e da produtividade dos factores produtivos, designadamente do trabalho.
Ora, como sabemos, Portugal tem não só um considerável atraso tecnológico como uma baixa produtividade do trabalho (formação profissional inadequada) e isso faz com que o nosso PIB seja significativamente baixo. Teríamos então que ter menos despesas de saúde par nos situarmos na média europeia? Não me parece que assim deva ser. Porque se o país tem menos riqueza tem que fazer opções e definir prioridades para as despesas públicas. E a Saúde não pode (não deve) ser posta em causa. Logo, quando consideradas em termos de % do PIB, as nossas despesas de saúde situar-se-ão acima das de países ricos e mesmo da média da UE.
A não ser que sendo pobres devamos também deixar "morrer" mais os nossos cidadãos.
Por isso considero que qualquer análise que entre em linha de conta apenas com o PIB não é tecnicamente correcta, ou, se não quisermos ser tão radicais, diremos que é sempre incompleta.
Pode dar jeito aos políticos fazê-lo mas...não é honesto que assim se proceda.
Interessante seria comparar indicadores sobre a evolução da despesa em saúde com informação estatística relativa aos ganhos em saúde.
Ou seja comparar os custos e a qualidade da despesa em saúde com os benefícios ou ganhos nos níveis da saúde - taxas de morbilidade, mortalidade, listas de espera cirúrgicas, níveis de acessibilidade, taxas de reinternamento, etc... Essa leitura cruzada permitiria uma análise e reflexão mais correctas sobre a evolução do sector nos países da OCDE i.e. Portugal.
Correia de Campos, nomeou uma comissão de peritos cujo objectivo é apresentar alternativas ao financiamento da Saúde.
Em Portugal, os orçamentos para a Saúde têm sido sistematicamente subfinanciados, à excepção do actual, e o próprio Governo já admitiu a hipótese de ou aumentar os impostos ou fazer subir as comparticipações dos utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) quando recorrem aos hospitais e centros de saúde.
DE, 27.06.06
O PIB é composto pela seguintes variáveis:
PIB = C + I + G + M - X
em que C é o consumo privado, I é o investimento privado, G são os gastos estatais e (M - X) é o saldo da balança comercial.
Como a Despesa em Saúde em Portugal está muito ligada a G e como o bolo não estica, sempre que G aumenta, C ou I têm de diminuir.
Alguem tem de sair prejudicado sempre que G aumenta logo é legitimo saber como andam as despesas de saúde face ao PIB.
Alías, o PIB também pode ser analisado pela óptica do rendimento pela seguinte igualdade:
PIB = R + J + L + S + AE em que R são rendas, J são juros, L são os lucros das empresas, S são os salários e AE são ajustamentos estatísticos que incluem os impostos sobre as empresas, dividendos e luctos não distribuidos.
Sempre que o estado aumenta os seus gastos de saúde nomedamente em gastos com medicamentos, L aumenta logo as outras variáveis têm de sair sacrificadas no curto prazo: quase aposto que será sempre S. Mais um vez é legitimo a saber qual o peso dos gastos com saúde no PIB porque mexe com os nossos bolsos.
O Mário Baptista que me desculpe mas o título do DE é forçado.
Mas conveniente.
A subida de impostos é uma das alternativas possíveis mas está longe de ser a primeira.
Aumento da contribuição do PIB, caso se verifique uma melhoria significativa da nossa economia é uma alternativa mais plausível.
Penosamente vai-se tentando a melhoria da eficiência do Sistema.
Redução da oferta de cuidados, a chamada racionalização dos cuidados (fecho de maternidades, serviços de urgênci, hospitais e centros de saúde).
Antes se entrega o SNS à exploração privada do que se aumentam os impostos.
Do site da OCDE comparei Portugal com a Holanda aproveitando a onde do Mundial de 2006:
- % do PIB dos gastos em saúde: Portugal 9,6% - Holanda 9,8%
- % dos gastos públicos no total de gastos de saúde: Portugal 70% - Holanda 62%
- Camas de internamento por 1000 habitantes: Portugal 3,1 - Holanda 3,2
- Médicos por 1000 habitantes: Portugal 3,3 - Holanda 3,1
Por estes dados podemos concluir que não fazemos má figura.
- Taxa de crescimento média dos gastos com a saúde entre 1998 e 2003: Portugal 3,7% - Holanda 4,6%
Espantoso! A nossa taxa de crescimento é bem menor que a holandesa.
- % dos gastos em medicamentos no total dos gastos de saúde: Portugal 23% - Holanda 11%
E aqui está: era interessante saber como a Holanda apenas gasta 11% em medicamentos enquanto que em Portugal se gasta-se 23%.
Bikoka,
Gostei da sua Lição de Economia que me fez lembrar as aulas no "Galinheiro" no Edifício da Faculdade de Ciências (não sei se já ouviu falar desses tempos).
E até poderíamos passar para uma análise dinâmica...
Mas nem assim me convence.
É importante, obviamente que é importante, conhecermos o peso das Despesas de Saúde em relação com o PIB mas se temos um PIB comparativamente menor (que o de outros países tomados para comparação) e (optamos por) um nível de cuidados adequado ao bem-estar e segurança dos cidadãos (avaliado em termos de taxas de mortalidade e morbilidade, acessibilidade, etc) próximo do desses países de referência, então as (nossas) Despesas de Saúde quando medidas em percentagem do PIB têm que ser mais elevadas.
Poderemos ainda assim fazer uma análise da despesas públicas e das despesas dos particulares, o que não importa para o caso.
Como disse anteriormente, no mínimo (e com boa vontade) direi que a análise em termos de peso no PIB é incompleta. É útil para avaliarmos a evolução do nosso próprio sistema de saúde mas também aqui a sua percentagem no PIB pode variar não porque se gastou mais ou menos mas porque o PIB se alterou, mantendo-se (por exemplo) os gastos em Saúde. Ou seja, como é mais correcto em economia (e não só) a análise deve fazer-se em termos relativos e não absolutos.
Para além das despesas per capita e como bem refere o colega "pirate" uma apreciação mais rigorosa conduz-nos para a avaliação do custo-efctividade das despesas em saúde e talvez aí não estejamos assim tão bem.
No entanto, como ainda há dias (26/6) ficamos a saber através de mais um oportuno "post" do Xavier, Potugal é o 16º país entre os 25 da UE a "melhor responder às necessidades dos doentes" e o que mais chamou a atenção foi o facto de estarmos à frente da vizinha Espanha, tanta vezes referida como termo de comparação para o nosso sistema hospitalar, e da Grécia, e logo a seguir ao Reino Unido.
Tanitosa,
Não tirei o meu curso na Faculdade de Ciências mas sim noutro galinheiro: tirei Gestão na Universidade Portucalense quando aquilo ainda era um "galinheiro" pré-fabricado!
Penso que estamos ambos de acordo: sei bem que uma análise pura e dura dos números não chega mas pelo menos (e penso que vai concordar comigo) serve para medir. E medir é o príncipio para se começar a gerir.
Biboka,
De galinheiros, estamos conversados. Qual deles o melhor! Penso que saberá que a FEUP fucionava nas "águas-furtadas" (ou pouco mais) do edifício da Faculadde de Ciências e onde hoje se mantém a Reitoria.
Não estou contra o interesse do conhecimento da percentagem do PIB afecta à Saúde.
Mas na verdade essa é só uma pequena parte da análise das despesas de saúde, como, se verifica pelos dados que você próprio considerou na comparação entre Portugal e a Holanda.
Estamos então de acordo. Medir é o princípio para se começar a gerir como diz, e bem.
No caso Português e dos Hospitais em particular, o problema é, para muitos, o de que "medir pode ser o princípio para deixarem de "gerir" e por isso é melhor não medir ou fingir que se mede.
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