Farmácias Hospitalares
As declarações do presidente da APFH à revista prémio link , a propósito do acordo ANF/Governo que prevê a concessão de farmácias a funcionar nos HH do SNS a entidades privadas, revelam a surpresa e receio de alguém impotente para conter o que seguirá: a concessão das farmácias hospitalares a entidades externas.
Jorge Brochado é presidente da Associação Portuguesa dos Farmacêuticos Hospitalares (APFH) e, neste quadro, não tem dúvidas.
“Este acordo é óptimo para a ANF. Mais uma vez tiro o chapéu ao doutor João Cordeiro que, a prazo, vai aumentar o negócio do seu grupo empresarial em cerca de 600 milhões de euros”.
Para este responsável, o dirigente da ANF é visto como “o líder de um grupo económico, cujo intuito é o lucro e, nesse sentido, fez um óptimo acordo”.
Seja como for, Jorge Brochado reconhece que “as farmácias comunitárias prestam um bom serviço público e que o grande responsável por esta situação se chama João Cordeiro.
“Ele funcionou muito bem com as ineficiências do Estado. Aproveitou-as. Em muitos períodos o estado, fruto de incapacidade, deu todas as condições ao líder da ANF para fazer o que quisesse e como quisesse e, ainda por cima, tirar dividendos económicos com isso”.
Jorge Brochado faz críticas severas ao acordo agora estabelecido, no que se refere à instalação de farmácias vindas do exterior para o hospital.
“Porque não foram dadas condições para que as farmácias hospitalares, ou equipas de profissionais de próprio hospital e que estão ligadas às farmácias hospitalares, pudessem fazer o trabalho que vai ser dado a farmácias exteriores e que não têm vínculo ao hospital? Será que as farmácias hospitalares não têm o direito à emancipação? Como é que tudo este processo vai ser posto em prática? Vão existir dois tipos de farmácias no mesmo espaço, uma virada para a venda de medicamentos e outra para a distribuição gratuita? E se as farmácias de oficina vão distribuir todo o tipo de fármacos, qual o papel que fica para o farmacêutico hospitalar? Vamos passar a trabalhar para estas novas estruturas? Bom, se pagarem bem, não nem me importo!”, acrescentou Jorge Brochado, com o espírito sarcástico que lhe é habitual.
Mas este responsável tem mais a dizer e relembra que há quatro anos, “era então ministra Manuela Arcanjo, a possibilidade da distribuição de medicamentos aos doentes das urgências era algo impensável. Falava-se, então, de grandes dificuldades nas alterações logística que tais medidas acarretavam”.
De repente, “e estando no poder o mesmo partido político - e graças a um acordo estabelecido com um único parceiro social, esquecendo até a Ordem dos Farmacêuticos - eis que todas as dificuldades são superadas e é estabelecido um acordo milagroso”.
Há um torcer de nariz de Jorge Brochado quanto à fórmula utilizada para se chegar ao fim. Um fim que, refere, está muito distante de ser implementado.
“Não sei se errarei muito se disser que este Governo ainda vai cair e pouco disto foi para a frente”, referiu.
Marina Caldas, revista prémio, 23.06.06
4 Comments:
Dr. Brochado, os concessionários privados pagam bem mas querem ver trabalho realizado.
O mau funcionamento das Farmácias Hospitalares resulta, essencialmente, da forma como está organizada a prescrição médica e o circuito de distribuição de medicamentos.
Para conseguir o funcionamento eficiente das farmácias hospitalares é necessário reorganizar todo o circuito do medicamento hospitalar.
CC não teve nenhum rebate de consciência em dar de mão beijada as Farmácias Hospitalares ao senhor João Cordeiro.
Como se prepara tal como o seu antecessor, Luís Filipe Pereira para dar aos privados uma dezena de hospitais do SNS.
Entretanto, o ministro da Saúde vai entretendo os indígenas com a discussão dos Medicamentos vendidos fora das Farmácias.
Casa arrombada trancas à porta !
Por onde tem andado este Dr. Brochado ?
Os farmaceuticos hospitalres tem uma boa oportunidade para se organizarem e concorrerem À concessão das farmácias de venda ao público que serão concessionadas pelos hospitais:
Presumo que do ofício já percebem...!!!
É facil basta trocar o horário da funcão pública das 9:00 às 16:00 e o salário certinho por um horário mais alargado, trabalho por turnos com equipas mais enchutas 24/24h;
e proveitos mais incertos...
No pain no gain!!! colega Brochado!!!
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