quarta-feira, junho 21

Saldos de Medicamentos



Na segunda-feira o grupo COTA abre a maior rede de lojas de automedicação (30). Notícia do semanário expresso (17.06.06), pag 13, cujo título transcrevo: ESPAÇOS SAÚDE VÃO TER SALDOS !

- Fantástico Mike !

Aumentar a automedicação é um desígnio para diminuir os gastos com medicamentos. Mas quem é que lhes terá metido esta na cabeça ?
A rapaziada da Association of the European Self-Medication Industry (AESGP) link, segundo a mesma notícia !
E como é que chegaram a essa conclusão ? Não chegaram: presumem que sim. Porque? Porque, cada vez que um bico se automedica pode evitar uma consulta médica. Ou, porque cada três vezes que se automedica pode evitar duas consultas médicas. Contas consultáveis no site da AESGP num estudo brilhantíssimo sobre os OTCs e o seu "impacto na economia da saúde". Tal e qual.

- Fantástico Melga !
- Fantástico Mike !


Agora é que os farmacêuticos proprietários de farmácia vão estar à nora. Concorrência. Concorrência e preços baixos. De tão barato até passa a valer a pena ter tosse.
Já imagino o ar de felicidade de alguns bloggers a irem à COTA comprar o seu analgésico (em saldo), gozando que nem "canecos" por estaram a ajudar a lixar JC, ANF e quejandos.
guido_baldo

10 Comments:

Blogger tonitosa said...

Esta rede de lojas surge no momento em que segundo o OPSS os MNSRM subiram de preço com a extensão da venda fora das farmácias.
E os preços subiram ou não?
Gostava que quem sabe disto - os nossos colegas de blog - nos dissessem se, afinal, os preços subiram ou não.
Na apresentação do Relatório do OPSS foi dito que o Observatório não vai responder às críticas de que o Relatório possa ser alvo. É um documento apresentado com rigor técnico e baseado na obserrvação e na informação disponível e disponibilizada e consequentemente não tem sido prática (porque não faz parte dos seus métodos de trabalho) vir contrapor argumentos às críticas que lhe sejam feitas.
Dito isto...estará tudo dito.
Se assim não fôsse, seria certanmente interessante assitirmos aos argumentos e contra-argumentos sobre o conteúdo do Relatório, sobretudo naquilo de que o MS não gosta.

11:41 da tarde  
Blogger xavier said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

12:04 da manhã  
Blogger xavier said...

O único estudo que há sobre a monitorização de preços dos MNSRM vendidos nas "lojas" (fora das farmácias) é este:
http://www.infarmed.pt/portal

Não há estudos (conhecidos) de monitorização sobre os preços dos MNSRM vendidos pelas Farmácias (assim reconheceu CC em declarações ao DE).

A posição do relatório do OPSS neste ponto é fraca.
Globalmente o Relatório faz uma critica certeira à governação da equipa de CC.


Um grande abraço para o Guido_Baldo.

12:09 da manhã  
Blogger coscuvilheiro said...

Chamam-lhe Liberalizar ...
Para mim é abandalhar a área do Medicamento.

Desregulamentar, desregulamentar para favorecer negócios à custa da automedicação dos cidadãos.
Daqui a um par de anos estamos a estudar o efeito destas medidas no aumento das patologias renais.
Mais um caso para o freakeconomics

12:20 da manhã  
Blogger Peliteiro said...

Tonitosa, não tenho evidências objectivas que afirmem a subida dos preços dos mnsrm. Mas colegas de vários pontos do país estudam a concorrência e confirmam o facto. Por outro lado sabemos que isso é previsível: o aumento surge logo na indústria, que livre do espartilho da fixação aproveita para acrescentar margem; as ParaFarmácias individuais, coitadas, não ganham para a renda nem para o ordenado do "técnico", logo não podem entrar em grandes aventuras pelo lado dos preços; as Farmácias, sempre à espera que o céu lhes caia na cabeça, podiam "esmagar" mas não têm alento para isso; restam os hipers, esses são os mais "artistas", perdem nuns ganham noutros, perdem hoje ganham amanhã, mas a necessidade de rentabilidade é imperiosa e a tendência é, manhosamente, subir, subir...

Portanto as expectativas não são nada boas. Bem feito para os liberais.
:-)))

12:41 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Caro Mário S. Peliteiro,
Você que está por dentro do "negócio" e que sabe disto muito mais do que eu, certamente já leu o estudo do infarmed.
Que interpretação (técnica)deve ser feita dos dados (IP) apresentados nos quadros 2.4, 3.1, 3.2, 3.3 e 3.4?

Sobre o estudo, o Infarmed fez uma nota de imprensa que me perece um tanto "forçada" uma vez que o estudo estava ja disponível, e que diz o seguinte:
"Da análise do estudo é possível verificar que os três estabelecimentos responsáveis por cerca de 60% do total de embalagens vendidas durante este período apresentaram um nível de preços inferior ao inicial.
Dos 15 produtos mais vendidos, em número de embalagens, apenas um ultrapassou o nível de preços inicial.
Os dados apresentados no estudo, obtidos a partir da informação fornecida pelos estabelecimentos de venda de MNSRM, concluem que o nível médio de preços durante o período analisado se mantém cerca de 5% abaixo do preço que aqueles medicamentos apresentavam antes do início da venda de MNSRM fora das farmácias".

E os restantes estabelecimentos? E os restantes produtos?

E que atenção deve merecer a seguinte afirmação inserida no estudo: "...nos últimos meses a evolução mensal tem vindo a revelar aumento crescente do preço destes medicamentos".
Não terá a descida inicial de preços, sobretudo e ao que é referido, no Modelo Continente, uma forma de ganhar clientela?!
Para que este meu comentário não seja considerado mais um "ataque" a CC (pessoa e investigador por quem tenho, por muito que possa parecer estranho a alguns colegas, elevada consideração e admiração) devo acrescentar que mesmo que os preços dos MNSRM tenham subido (e nos casos em que subiram) o importante é a comparação dos preços (ao longo do tempo) nas farmácias com os preços nos outros locais de venda.
E também me parece que o que mais interessa em termos de consumidores é o impacto da evolução dos preços nos gastos das famílias com esses produtos. Ou seja que peso tem cada produto no cabaz de compras do consumidor médio?
Ora, este estudo não me parece que até ao momento tenha sido levado a cabo.
Por exemplo, se olharmos para a "Aspirina" (no ranking dos 15 produtos em embalagens) vemos que apresenta um índice de preços de 110,7. E no que respeita a entidades, por embalagem e valor, são mais os valores (IP) superiores a 100 do que os inferiores.
Muito trabalho há ainda que fazer para que, seja quem for, possa apresentar conclusões irrefutáveis sobre esta matéria.

12:27 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Dos melhores post que tenho visto na Saudesa.
Parabéns ao guido baldo.

12:21 da manhã  
Blogger Peliteiro said...

Não vejo, Tonitosa, nos quadros por si indicados nenhum dado inesperado, nada de relevante a apontar.
A ordenação por Classificação Fármaco-Terapêutica ou por DCI é quase sobreponível à de uma Farmácia média, talvez com uma maior prevalência de fármacos com duvidosa eficácia terapêutica ou apresentados em dose sub-terapêutica; a ordenação por índice de preços não me parece indicar nenhuma tendência, parece-me bastante aleatória - excepto, talvez nos ansiolíticos, sedativos e hipnóticos (2º lugar) (Valeriana?) e no HYPERSEX, o que poderá revelar uma maior facilidade e anonimato na aquisição.
A estratégia comercial dos pontos de venda é compatível com o que disse ontem, Modelo e outros "especialistas" do grande consumo apresentando uma estratégia de raposa, os outros safam-se como podem.


De qualquer das maneiras julgo que a comparação não deve ser feita entre retalhistas - usando terminologia CC, agora, sem dúvida, adequada - mas entre preços actuais e preços anteriores à liberalização dos preços. Isso é o que interessa ao país: quanto pagaria eu se os preços fossem fixados pelo Estado, quanto pago agora que tudo é livre.

12:22 da manhã  
Blogger Farmasa said...

De um modo geral, os preços aumentaram. Esta é uma evidência que facilmente se pode constatar em qualquer ponto do País.
Eventualmente, o Continente terá, no ínicio reduzido os preços como estratégia comercial mas, como é óbvio, a esmagadora maioria dos consumidores, paga mais hoje do que pagava antes.

E isto sucede, em minha opinião, por 3 motivos:
1º- A indústria aumentou os preços. E o aumento foi imediatamente após a alteração legislativa, que convém não esquecer, foi simultânea com o abaixamento em 6% dos preços dos MSRM. Para diminuir o impacto dessa descida de preços, foi imediata a reacção da indústria e, logicamente aumentou os preços dos MNSRM.

2ª-As parafarmácias, mesmo praticando margens mais baixas que as farmácias, não conseguem vender a preços mais baixos pelo simples facto de comprarem os produtos mais caros ou com menos bonificação, pois não conseguem níveis de vendas sequer comparáveis aos das farmácias.

3º- Num momento inicial houve, de facto, a vontade do Continente em baixar margens e, dessa forma praticar preços mais baixos que os anteriores. No entanto, como agora se pode constatar, os preços são iguais ou mais caros que nas farmácias, ou seja, mais caros que antes da entrada em vigor da legislação.

Não há estudos que comprovem tudo isto mas, pela experiência que tenho neste mercado, estou em condições de afirmar com alguma segurança que, de facto, os preços dos MNSRM aumentaram nas farmácias e nas parafarmácias, comparativamente ao preços fixados pelo Estado. Nas grandes superfícies, em virtude de maior capacidade económica, é possível, embora não seja a situação actual, que os preços sejam ligeiramente mais baixos que anteriormente.

10:50 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Mário de S. Peliteiro,
Dos quadros que assinalei, para a leitura que um economista pode fazer, parece-me que a maioria na "amostra" (15 +), quer por entidades (embalagens e valore de vendas), quer por CFT, quer por DCI aponta para aumento de preços (índices >100) e por isso eu sou levado a perguntar: onde está demonstrada a queda dos preços?
Dir-se-á está no facto dos três maiores vendedores que representam a maioria das vendas apresentarem preços mais baixos.
Mas não é assim, penso, que se calcula a evolução de um índice de preços no consumidor.
Um abraço

11:23 da manhã  

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