Cuidados Continuados
Foram apresentados hoje os projectos-piloto de 2006 da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, criada pelo Decreto-Lei n.º 101/2006, de 6 Junho link
Totais nacionais das experiências-piloto 2006
Totais nacionais das experiências-piloto 2006
A implementação da rede será concretizada em três fases:
Prossegue assim a revolução tranquila dos Cuidados de Saúde Primários e dos Cuidados Continuados a Idosos e Dependentes visando a criação de "um Sistema justo e flexível". Programas emblemáticos, segundo CC, dada a dimensão dos problemas.
5 Comments:
Este post para o CC até vai soar a música.
A não perder o diálogo entre o tonitosa e o doutor/enfermeiro (HE Urgências)
De notar que o Decreto-Lei n.º 101/2006 só foi promulgado em 22 de Maio de 2006 pelo PR.
Não podemos dizer que este projecto não anda célere.
O arranque dos projectos-piloto dos cuidados continuados não devia fazer-se em articulação com as USF a criar?
Estamos perante um projecto de que há muito o País precisa.
O mais difícil será a sua implementação e o risco de se criarem nas populações expectativas que os meios financeiros escassos irão contrariar.
Falta na verdade informação sobre os custos envolvidos e a envolver no final. E sabe-se já que as IPSS's estão "pouco" entusiasmadas com os preços em negociação.
Como não será o Estado a construir novas estruturas (e não deve ser) corre-se o risco de falta de respostas e de custos elevados.
Depois poderá assistir-se a uma certa tendência das familias para "deixar que os seus doentes" continuem em situação de internamento institucional, tornando a oferta (sempre) insuficiente.
O projecto exige também a disponibilidade de significativos RH especializados o que não deixará de constituir uma dificuldade adicional, particularmente quando se trata das equipas de cuidados paliativos.
Os hospitais têm alguma dificuldade em resolver alguns problemas de internamento (alta) por falta de estruturas de apoio em cuidados continuados e paliativos.
Alguns internamentos chegam a prolongar-se por tempo demasiado longo, ou porque os doentes não têm familiares ou porque o seu estado de saúde é incompatível com os cuidados que a família lhes pode prestar.
Mas não deixa de haver também uma inadequada gestão de altas, fruto de uma cultura de tolerância gerada ao longo dos anos (por exemplo, ao fim de semana não há - ou quase não há - altas).
As medidas anunciadas são portanto de louvar. Quanto à sua implementação seria desejável que o País tivesse uma cobertura geral e adequada em prazo mais curto.
PS: se eu não estiver errado, há um erro de cálculo nas equipas de cuidados apliativos, pois
40 equipas x 250 000 h = 10 000 000 habitantes e 50 equipas x 150 000 h = 7 500 000 habitantes. Será assim?
SemMisericordia
Nada tenho que seja contrário às ideias expostas no seu comentário.
Breves notas, porém, para aprofundar algumas das ideias explanadas anteriormente e complementadas com o seu comentário.
1. Porque razão as IPSS's (nem todas) parecem pouco entusiasmadas.
A explicação tem a ver com os preços mas também com um outro problema por si colocado: "qual a contribuição do doente/família, quanto custa o serviço e quanto paga o Estado (também a partir de que estadia deixar de pagar"). "Os cuidados de longa duração não são cuidados de saúde (são sociais), e como tal não devem ser «tendencialmente gratuitos», antes pagos dentro das capacidades dos doentes (o montante da sua reforma deve ser a primeira garantia de contribuição – idem no caso de crónicos de psiquiatria) e da família".
Ora é precisamente aqui que alguns problemas se colocam.
As IPSS's precisam de gerar receitas para sobreviverem e o seu comportamento nem sempre é neutro na selecção dos utentes/doentes.
Sei, por experiência própria, que quando os recursos do utente e seus familiares são baixos a tendência é para se "fecharem" as vagas. E se o Estado deixar de pagar, no internamento de longa duração (concordo que o pagamento a manter-se será da Segurança Social) as Instituições de "acolhimento" tudo farão para se "libertarem" dos "internados".
E a definição das obrigações contratuais nesta matéria parece ser condição "sine qua non" para o tal "entusiasmo" que falta.
No âmbito da Segurança Social o que se sabe é que as IPSS's estão sempre ávidas de apoios para contrução de novos equipamentos, mas dificilmente admitem utentes que não sejam comparticipados pelo Estado (SS) ou que não tenham recursos próprios para suportar os a estadia (e as mensalidades não são tão baixas quanto se possa pensar).
2. Quanto à disponibilidade de RH mais do que a especialização dos mesmos as dificuldades estão, a meu ver, associadas ao tempo de deslocação em meios urbanos congestionados ou em locais dispersos. Às horas de prestação de cuidados acrescerão os tempos de deslocação. O trabalho de uma equipa (médica, de enfermagem ou outra especialidade) a prestar em diversos locais vai ocupar muito mais tempo do que o necessário quando os doentes se localizam numa mesma instituição. E se os RH são já hoje escassos, mais escassos se tornarão. E vejo alguma dificuldade na libertação de meios (horas) no internamento hospitalar.
3. Concordo com a necessidade e vantagens de uma implementação gradual, mas o desejável seria uma cobertura mais rápida de todo o país. Veja-se, por exemplo, que as experiências-piloto deixam de fora alguns distritos (Bragança, Leiria, Setúbal, e outros).
4. Uma última reflexão: se por um lado há situações claras de famílias que não têm condições para cuidar dos seus doentes (por razões financeiras, humanas e habitacionais) a verdade é que cada vez mais assistimos à procura de "libertação" dessa missão por parte dos familiares; os doentes e os "velhos" são afinal um estorvo...uma grande "chatice"?! Mesmo, e às vezes até mais, para aqueles que melhor o podiam fazer. Assim as medidas anunciadas implicarão, também, mecanismos de verificação e controlo da capacidade de "retorno a casa" dos doentes e não faltarão formas e tentativas de enganar as instituições.
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