E nós POR CÁ, COMO VAMOS ?
Em recente publicação o National Committee for Quality Health Care (link) afirma que os sistemas de financiamento são vistos cada vez mais como “tóxicos” (perversos) para a qualidade, segurança e eficiência e adianta:
“… traditional payments systems (pagamento ao acto, GDH), which are tied to the volume of services provided (ex. nº consultas, doentes saídos do internamento), sometimes have the unintended consequence of penalizing providers that improve safety, quality and efficiency. For example, safer care translate into fewer patients experiencing complications, and this means fewer encounters with clinicians, lower levels of ancillary usage and fewer hospital readmissions. Finally traditional payment systems, which pay all providers the same rate regardless of quality, provide little financial encouragement for providers to strive for excellence.”
Depois apresenta exemplos comprovando que “nem tudo são rosas”:
• “Patient safety errors contribute to the death of more than 100.000 patients annually.”
• “On average, patients receive recommend care only 55 % of the time. Many patients fail to receive services from which they would likely have benefited, and others receive services that expose them to more potential harm than good.”
• “Per capita health spending varies by nearly twofold across geographic regions in the U.S. with additional spending associated with no improvement on measures of quality and safety.”
Nos EUA já discriminam positivamente (de 2 a 6% mais) os prestadores que apresentam melhores resultados (top performers) considerando um conjunto de medidas:
• Actos preventivos (ex. vacinação em crianças e contra a gripe);
• Resultados em determinadas situações clínicas (ex. diabetes e ataque coração);
• Complicações (ex. infecções cirúrgicas).
Estão a considerar melhorar o sistema do seguinte modo:
1. Introduzir penalizações para os que tiverem piores resultados (financiamento neutro);
2. Melhorar o conjunto de medidas: medidas tomadas em período mais longo, compreensivas (várias dimensões da qualidade), longitudinais (diferentes prestadores - seja HH, cuidados primários e continuados), incluir a satisfação de doentes e outras medidas de resultados em saúde (outcomes);
3. Promover modificações na gestão que facilitem as melhorias pretendidas (eficiência, qualidade e segurança), por exemplo através de retribuição ligada àqueles resultados (incentivos).
Entretanto lançam alertas:
a) Geral – para a necessidade de investir em informatização/sistemas de informação, de redesenhar processos, coordenar cuidados com outros serviços de saúde (sobretudo para doentes crónicos);
b) Para os “menos bons” – efeitos esperados de redução do financiamento, pior imagem pública, procura a diminuir.
Ora nos EUA existem requisitos mínimos para os hospitais poderem ser construídos, para se manterem em funcionamento (acreditação pela JCAHO), são feitas regularmente auditorias (pelos pagadores e outras entidades) e inspecções. Por isso impõe-se a pergunta: E nós por cá, como vamos?
Semmisericórdia
“… traditional payments systems (pagamento ao acto, GDH), which are tied to the volume of services provided (ex. nº consultas, doentes saídos do internamento), sometimes have the unintended consequence of penalizing providers that improve safety, quality and efficiency. For example, safer care translate into fewer patients experiencing complications, and this means fewer encounters with clinicians, lower levels of ancillary usage and fewer hospital readmissions. Finally traditional payment systems, which pay all providers the same rate regardless of quality, provide little financial encouragement for providers to strive for excellence.”
Depois apresenta exemplos comprovando que “nem tudo são rosas”:
• “Patient safety errors contribute to the death of more than 100.000 patients annually.”
• “On average, patients receive recommend care only 55 % of the time. Many patients fail to receive services from which they would likely have benefited, and others receive services that expose them to more potential harm than good.”
• “Per capita health spending varies by nearly twofold across geographic regions in the U.S. with additional spending associated with no improvement on measures of quality and safety.”
Nos EUA já discriminam positivamente (de 2 a 6% mais) os prestadores que apresentam melhores resultados (top performers) considerando um conjunto de medidas:
• Actos preventivos (ex. vacinação em crianças e contra a gripe);
• Resultados em determinadas situações clínicas (ex. diabetes e ataque coração);
• Complicações (ex. infecções cirúrgicas).
Estão a considerar melhorar o sistema do seguinte modo:
1. Introduzir penalizações para os que tiverem piores resultados (financiamento neutro);
2. Melhorar o conjunto de medidas: medidas tomadas em período mais longo, compreensivas (várias dimensões da qualidade), longitudinais (diferentes prestadores - seja HH, cuidados primários e continuados), incluir a satisfação de doentes e outras medidas de resultados em saúde (outcomes);
3. Promover modificações na gestão que facilitem as melhorias pretendidas (eficiência, qualidade e segurança), por exemplo através de retribuição ligada àqueles resultados (incentivos).
Entretanto lançam alertas:
a) Geral – para a necessidade de investir em informatização/sistemas de informação, de redesenhar processos, coordenar cuidados com outros serviços de saúde (sobretudo para doentes crónicos);
b) Para os “menos bons” – efeitos esperados de redução do financiamento, pior imagem pública, procura a diminuir.
Ora nos EUA existem requisitos mínimos para os hospitais poderem ser construídos, para se manterem em funcionamento (acreditação pela JCAHO), são feitas regularmente auditorias (pelos pagadores e outras entidades) e inspecções. Por isso impõe-se a pergunta: E nós por cá, como vamos?
Semmisericórdia
3 Comments:
Vamos ver ...
Se amanhã ganharmos à França, Estamos na final.
Meu caro Semmisericordia
Felicito-o por mais um bom e oportuno texto.
São contributos excelentes apar a reflexão que vamos fazendo neste espaço de "diálogo".
O sistema americano como sabemos tem por base o seguro que faz parte integrante do "contrato de trabalho" (para os que estão na vida activa) podendo ser mais ou menos abrangente (riscos cobertos) de acordo com as opções do beneficiário. Para os não titulares de seguro são oferecidos cuidados mínimos (essenciais à saúde e bem-estar), ainda assim com elevado grau de eficácia, eficiência e qualidade.
Mas, como se confirma pelos mecanismos que refere (financiamento diferenciado, prémios e incentivos) trata-se de um sistema onde os mecanismos de mercado estão claramente presentes.
Pergunta o colega, e bem "E nós POR CÁ, COMO VAMOS?".
Sendo eu um crítico atento de muitas coisas que em meu entender continuam a emperrar a melhoria do nosso SNS, entendo, no entanto que foram dados passos importantes para a melhoria do sistema desde a sua criação e particularmente nos anos mais recentes. E depois de um período de forte crescimento sem condicionalismos de ordem financeira, os últimos anos (particularmente a última década) têm obrigado a uma profunda reflexão sobre a capacidade de contenção do cresciemnto dos custos em relação com a insuficiência de cuidados ainda vigente (quantidade e qualidade).
Então COMO VAMOS?
Foram tomadas quer pelo anterior governo quer pelo actual medidas importantes que (espera-se) se traduzirão em melhorias na prestação de cuidados e na eficiência do sistema.
Mas algumas outras medidas (mais arrojadas) parecem tardar.
Continuamos a andar a passo de caracol na revisão do sistema remuneratório dos "profissionais de saúde", (neles incluo os ditos serviços de apoio técnico e administrativo), continuam muitas das infraestruturas (edifícios e equipamento) a carecer de reparação e substituição e também aqui continuamos a caminhar timidamente (parece que continauamos a confundir despesa com investimento, sendo este indispensável à melhoria da eficácia e eficiência dos serviços), mantem-se (ou quase) o impasse em matéria de ERS ao mesmo tempo que se gera a desconfiança dos (e nos) investidores privados, as listas de espera cirurgicas e as primeiras consultas continuam com elevados prazos (com inegáveis riscos para os doentes e manifesta falta de confiança nas organizações).
E acentua-se o fosso entre os detentores de riqueza e os "outros" no recurso a "produtos" e tratamentos inovadores, nomeadamente os que têm a ver com inovação tecnológica (onde andamos sempre atrasados).
Para terminar, transcrevo uma afirmação feita há alguns dias no V Fórum Saúde (DE de 30 de Junho):
"os custos de exploração dos hospitais de Cascais, Braga e V. F. de Xira rondam os 180 milhões de euros...e as melhores propostas dos grupos privados reduzem os custos de exploração de 20a 30%....só neste hospitais e em dois ou três anos o Estado pode poupar mais de 138,5 milhões de euros".
Na verdade, também aqui temos andado a passo de caracol. E com alguma frequência, são feitas afirmações (mesmo de altos responsáveis) indicadoras de falta de confiança nos "operadores" privados.
O que, convenhamos, não é bom para o nosso Sistema de Saúde.
Nesta matéria entendo que "OU SIM OU SOPAS" e já houve tempo suficiente para decisões.
PS: CC no Parlamento prestou esclarecimentos sobre as PPP (ver DE de 30 de Junho).
Infelizmente, nós por cá, hoje, não temos "motivação" para estarmos felizes!
Mas há males piores e por isso não percamos o sentido da realidade que o país vive.
As nossas atenções voltam a concentrar-se nos problemas económicos e sociais. Tenhamos fé de que virão aí tempos melhores.
VIVA PORTUGAL
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