É preciso avançar...
I - O diário digital noticia hoje (04.07.06) link: «Tribunal de Marco de Canaveses lê quinta-feira a sentença de um caso de homicídio por negligência imputado a um médico da urgência do hospital local».
Esta notícia parece exemplar relativamente à "qualidade oferecida" (e s/ consequências) em pequenos HH e clínicas, onde "urgência" tem um significado diferente do que os profissionais e gestores hospitalares lhe atribuem normalmente: emergência e rápida resposta, alta qualificação e capacidade de diagnóstico, conjunto de serviços de apoio qualificados funcionando 24/365, integração em rede técnica complementar /hierarquizada (RRH).
Quanto ao funcionamento destes serviços poder-se-ão colocar as seguintes questões:
• Quem monitoriza a segurança e qualidade dos actos destas "urgências" (Ordem Médicos, ERS, MS)?
• Deve o Estado contractualizar estes serviços (financiar, ter convenção)?
• Os culpados são os profissionais, as instituições, quem as financia, quem as mantém indevidamente em funcionamento, quem defende a manutenção dos "direitos e acesso", quem...?
II - O País precisa de 25 a 30 serviços de urgência, mas tem quase uma centena, muitos deles a funcionar sem condições mínimas de qualidade.
Esta notícia parece exemplar relativamente à "qualidade oferecida" (e s/ consequências) em pequenos HH e clínicas, onde "urgência" tem um significado diferente do que os profissionais e gestores hospitalares lhe atribuem normalmente: emergência e rápida resposta, alta qualificação e capacidade de diagnóstico, conjunto de serviços de apoio qualificados funcionando 24/365, integração em rede técnica complementar /hierarquizada (RRH).
Quanto ao funcionamento destes serviços poder-se-ão colocar as seguintes questões:
• Quem monitoriza a segurança e qualidade dos actos destas "urgências" (Ordem Médicos, ERS, MS)?
• Deve o Estado contractualizar estes serviços (financiar, ter convenção)?
• Os culpados são os profissionais, as instituições, quem as financia, quem as mantém indevidamente em funcionamento, quem defende a manutenção dos "direitos e acesso", quem...?
II - O País precisa de 25 a 30 serviços de urgência, mas tem quase uma centena, muitos deles a funcionar sem condições mínimas de qualidade.
CC tem em fase de implementação um plano de reorganização das urgências hospitalares e dos centros de saúde visando a concentração de recursos e a melhoria da qualidade, com três níveis de atendimento:
Urgências polivalentes, a funcionar nos maiores hospitais e mais especializados com capacidade para atender os doentes em estado grave ou com diagnósticos mais complicados; urgências médico-cirúrgicas, para atendimento dos casos de gravidade intermédia; urgências básicas a funcionar nos centros de saúde.
Para articular a distribuição dos doentes por estes três níveis de cuidados está prevista a criação de uma nova linha de atendimento e encaminhamento.
Urgências polivalentes, a funcionar nos maiores hospitais e mais especializados com capacidade para atender os doentes em estado grave ou com diagnósticos mais complicados; urgências médico-cirúrgicas, para atendimento dos casos de gravidade intermédia; urgências básicas a funcionar nos centros de saúde.
Para articular a distribuição dos doentes por estes três níveis de cuidados está prevista a criação de uma nova linha de atendimento e encaminhamento.
Os médicos parecem estar de acordo sobre a necessidade de levar por diante este projecto de requalificação:
“Não faz sentido manter urgências só para não afrontar autarcas que as querem nos seus concelhos, urgências só com um cirurgião, que nada pode fazer porque não opera sozinho”, Carlos Santos .
Carlos Arroz critica também o facto de o encerramento de algumas urgências hospitalares ainda não ter sido concretizado, por causa do “medo que os governantes têm dos autarcas”.
“Não faz sentido manter urgências só para não afrontar autarcas que as querem nos seus concelhos, urgências só com um cirurgião, que nada pode fazer porque não opera sozinho”, Carlos Santos .
Carlos Arroz critica também o facto de o encerramento de algumas urgências hospitalares ainda não ter sido concretizado, por causa do “medo que os governantes têm dos autarcas”.
4 Comments:
Estamos perante um caso lamentável e que, de acordo com as conclusões do tribunal, certamente apoiada em pareceres técnicos, se deveu a negligência médica.
É um caso certamente entre muitos outros de que não temos notícia porque na maioria deles os familiares ou não chegam a perceber que houve negligência ou admitindo-o, se resignam parante a ocorrência do óbito. Há sempre uma desculpa para a morte!
Quem nos garante que nos hospitais centrais não há actos de negligência?
Temos a certeza de que casos de negligência são frequentes mas num grande hospital as responsabilidade diluem-se e a "corporação" protege-se.
Daí não estarmos de acordo com a ideia de que factos como o ocrrido devam ser fundamento para o encerramento das urgências.
Os critérios têm que ser outros. Se, deslocando as urgências se melhoram os níveis de "segurança" então proceda-se em conformidade. Mas ocorre perguntar: se um hospital concelhio ou distrital não tem meios para prestar um serviço com a "segurança" adequada, porque não proporcionar esses meios a esse hospital?
O Hospital do M.de Canavezes é gerido (creio) pela S.C.da Misericórdia local; será isso razão para lhe ser retirada a Urgência?
É que há hospitais públicos bem piores que aquele. E até de maior dimensão.
PS: estou neste momento convencido de que um grave caso familiar, cujo defecho fatal não tardará, tem muito a ver com negligência no HSJ admitindo o médico que, aquando de cirurgia realizada, "não se apercebeu"...
Falhas, erros humanos, casos de negligência, poderão acontecer em qualquer hospital.
Outra coisa é concluirmos que o hospital não possui as condições mínimas de funcionamento: instalações e equipamento obsoletas e em más condições de funcionamento, falta de pessoal, desorganização, etc.
Poderá ser muito difícil discirnir então o que é o resultado da falta de condições do hospital dos procedimentos negligentes.
Nestes casos os responnsáveis pela Gestão do Hospital, os accionistas não serão também co-responsáveis pelos danos resultantes dos procedimentos negligentes do pessoal hospitalar ?
Faz sentido manter em funcionamento estes hospitais sem condições?
Tem razão CC quando decidiu que era necessário concentrar recursos e requalificar as entidades prestadoras de cuidados.
A bem da saúde dos portugueses.
Negligência é crime e não me parece que os não intervenientes no acto médico possam ser disso acusados.
Mas pode o hospital ser condenado a indemnizar os familiares da vítima devendo os gestores ter sido cautelosos através da realização de seguro com cobertura dessa eventualidade. Prática adoptada, de um modo geral, nos hospitais empresarializados.
Não conheço mais dados sobre este caso para lá dos constantes da notícia.
Vamos conhecer da setença amanhã (quinta feira).
Admito que o médico não tenha cumprido todos os procedimentos previstos para esta situação e seja condenado por negligente.
O meu comentário não tem qualquer preocupação relativamente ao comportamento do médico.
Conhecendo a realidade de algumas urgências a funcionar sem condições mínimas, a questão que eu ponho é se a Administração das Misericórdias, o Estado (que contrata estes serviços) não serão também co-responsáveis nestes casos quando se comprovar que o equipamento de RX, por exemplo, não funciona em perfeitas condições, que não existem no serviços o pessoal mínimo qualificado, etc. e se não se justifica uma intervenção por parte do Estado, fechando o que tem de ser fechado, concentrando recursos de forma a criar serviços bem apetrechados a funcionar com qualidade.
Ou será melhor deixar tudo como está, porque não há dinheiro para ter uma urgência em cada bairro, sem a mínima preocupação pela qualidade do atendimento destes doentes .
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