sábado, novembro 4

Tudo tem um Tempo


Há tempo para tudo, mas tudo tem um tempo.

Decorrido ano e meio (já mais próximo de dois) de governo, já todos confrontaram expectativas com realidades. Todos também já perceberam o estilo e a eficácia do modo de governar, independentemente dos juízos de valor que deles possam ter ou fazer. Cada um à sua maneira antevê consequências para o sistema de saúde e para o SNS, em resultado do desempenho político desta equipa ministerial.

Haverá satisfeitos, insatisfeitos e indiferentes. O costume. Continuarão iguais a si próprios os que estarão a favor até ao fim e os que estiveram contra desde o início. O normal fenómeno tribal.

Mas há um aspecto que marca a diferença: é que ninguém sabe o que na realidade vai mudar, isto é, qual o destino a que esta via nos conduz. Ninguém sabe em que condições vai ter acesso à saúde dentro de 2 anos.

E esta marca não existe apenas pela imprevisibilidade da evolução do sistema, pela falta de sustentação do modelo ou por qualquer outro motivo passivel de aditamento. Não: existe essencialmente porque há um enorme défice democrático da governação em saúde.

O tempo que tinham terminou porque tudo tem um tempo.
guidobaldo

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Falta claramente a CC um roadmap: algo que diga de que ponto é que se parte e onde é que se quer chegar. Há os que teorizam sobre a existência de uma estratégia secreta e os que defendem que CC segue uma via errónea, decidida em função das circunstâncias políticas e pessoais do momento. Penso que já não haverá ninguém (nem mesmo no Ministério da Saúde) que ainda se lembre do programa eleitoral do PS ou do programa do governo.
Os recentes movimentos de isolamento de CC (vindos a partir do interior do próprio PS) e o insólito apoio de Paulo Portas à sua causa são claramente o primeiro sintoma daquilo que o Guidobaldo refere: começou a contagem decrescente para a remodelação do Ministro da Saúde. Duvido que daqui a um ano ainda percamos tempo a falar de CC.

10:31 da manhã  
Blogger saudepe said...

Tudo tem um tempo

Este foi o tempo de Correia de Campos demonstrar o que é capaz.

Cortar, fechar serviços, preparar serviços para a privatização, descomparticipar medicamentos, aumentar os encargos dos utentes com a Saúde, muito marketing, uma grande dificuldade na implementação das medidas, muita arrogância, muita parra e pouca uva, muita protecção da comunicação social, pouca visão estratégica, navegação à vista, muitas ideias feitas como o combate à ANF (com derrota previsível como se viu) e o "combate" com os profissionais médicos (horas extraordinárias, alteração regime remuneratório), continuação dos projectos de LFP como as PPP, fracasso das medidas relativamente à gestão dos hospitais, fracasso na nomeação dos gestores hospitalares, relegar para segundo plano a obtenção de ganhos de saúde e a melhoria do Serviço Nacional de Saúde, Incapacidade de criação de um sistema de informação sobre a gestão dos hospitais e a gestão do medicamento (continuam os sobressaltos e a não sabermos a quantas andamos), promoção da automedicação, promiscuidade com os meios de comunicação social, crescimento das listas de espera cirúrgicas, prejuízo da acessibilidade dos doentes do SNS.

Tenho dificuldade em lembrar-me de algo positivo que tenha sido feito a favor dos utentes do SNS.
Cuidados continuados? USF?

Se é certo que não sabemos ao certo o rumo que trilhamos e o que nos reserva o futuro em termos de saúde, estes indicadores não auguram nada de bom.

1:26 da tarde  
Blogger Clara said...

O benefício da dúvida foi desfeito.
Sabemos agora com o que podemos contar.
Temos que preparar as respostas de acordo com o nosso objectivo permanente de defesa do SNS.

1:40 da tarde  

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