Remuneração do Trabalho Médico
Como muito bem assinalou o Alerta "Houve falta de sensatez de Correia de Campos na revogação do decreto lei do pagamento das horas extraordinárias aos médicos sem exclusividade. E estamos a assistir a tentativas intermináveis de fuga do Ministério da Saúde (Carmo Pignatelli incluida) à responsabilidade pela grave situação criada, em termos de despesa pública e ineficiência dos serviços de saúde!"
A revogação da lei só foi acertada porque nunca deveria ter sido aprovada. A revogação constituiu um acto de limpeza duma borrada anterior. Mas o Prof. CC sabe muito bem que quando se altera numa peça dum sistema, sem se cuidar dos efeitos que tal acção provoca no equilíbrio existente, se provoca novo desequilíbrio. Apaga um foco de incêndio atiçando outro. Mais uma vez concluo pela sua incompetência, em matéria de gestão de RH, e dos seus assessores, se é que os tem ou, tendo-os, se os ouve.
Em matéria de gestão de RH médicos, CC tem que enfrentar e resolver de uma vez por todas :
a) Adequar a carreira médica ao funcionamento dos hospitais tal como acontece com todas as outras. Criar a possibilidade de se poderem organizar os horários médicos nas 24 horas de todos os dias da semana e não somente das 08:00 às 20:00 de 2ª. a 6ª. feira. Situação responsável pela brutalidade de horas extraordinárias pagas ao pessoal médico.
b) Acabar com a fantochada da exclusividade de que não resulta qualquer proveito para os HH. Esta figura que pressupôe uma carga semanal de 42 horas, graças aos bónus que lhes estão implicitos muito rapidamente se transforma na obrigatoriedade de prestar 35 horas/semana.
Há que não esquecer que este esquema legal é o que permite ao pessoal médico levar para casa algo que se poderá chamar remuneração digna. Ao acabar com as situações descritas prepare-se e encare com profissionalismo a necessidade de pagar ao pessoal médico como ele merece. Se continua a fazer de conta que lhes paga, eles continuarão a fazer de conta que trabalham.
A revogação da lei só foi acertada porque nunca deveria ter sido aprovada. A revogação constituiu um acto de limpeza duma borrada anterior. Mas o Prof. CC sabe muito bem que quando se altera numa peça dum sistema, sem se cuidar dos efeitos que tal acção provoca no equilíbrio existente, se provoca novo desequilíbrio. Apaga um foco de incêndio atiçando outro. Mais uma vez concluo pela sua incompetência, em matéria de gestão de RH, e dos seus assessores, se é que os tem ou, tendo-os, se os ouve.
Em matéria de gestão de RH médicos, CC tem que enfrentar e resolver de uma vez por todas :
a) Adequar a carreira médica ao funcionamento dos hospitais tal como acontece com todas as outras. Criar a possibilidade de se poderem organizar os horários médicos nas 24 horas de todos os dias da semana e não somente das 08:00 às 20:00 de 2ª. a 6ª. feira. Situação responsável pela brutalidade de horas extraordinárias pagas ao pessoal médico.
b) Acabar com a fantochada da exclusividade de que não resulta qualquer proveito para os HH. Esta figura que pressupôe uma carga semanal de 42 horas, graças aos bónus que lhes estão implicitos muito rapidamente se transforma na obrigatoriedade de prestar 35 horas/semana.
Há que não esquecer que este esquema legal é o que permite ao pessoal médico levar para casa algo que se poderá chamar remuneração digna. Ao acabar com as situações descritas prepare-se e encare com profissionalismo a necessidade de pagar ao pessoal médico como ele merece. Se continua a fazer de conta que lhes paga, eles continuarão a fazer de conta que trabalham.
xico do canto
7 Comments:
Pois o problema é precisamente este, o Estado ter tratado o problema das remunerações do pessoal médico de forma pouco transparente.
Vencimento base baixo e quem quisesse ganhar qualquer coisa que se visse tinha de ser através de horas extraordinárias.
Enfrentar este problema não é fácil e requer um fôlego e habilidade que CC e Carmen Pignatelli ainda não demonstraram.
Felizmente para o Governo e CC, as parcerias da saúde tudo resolverão. Até o problema dos doentes que podem pagar as prestações.
A síntese deste problema é como o xico do canto diz:
O Estado finge que paga e os médicos fingem que trabalham.
São as famosas horas de presença não produtivas.
Não produtivas para o Estado.
Porque nos turnos nocturnos eram feitas muitas coisas, inclusivé dormir a bom dormir.
Diz o tambemquero:
"...nos turnos nocturnos eram feitas muitas coisas, inclusivé dormir a bom dormir."
Eu garanto-lhe que eram feitas ... e continuam a ser...
A propósito deixem-me relatar o seguinte episódio:
No "meu" hospital a Directora do Serviço de Medicina queixou-se ao CA de que os médicos "de um outro hospital" que iam ali prestar serviço de Banco, durante a noite, invadiam o piso de medicina/sala de médicos, levavam mantas e almofadas para dormir e além disso deixavam tudo desarrumado! Solução: com a concordância do CA, o espaço em causa deveria ser fechado à chave a partir do horário normal de funcionamento dos serviços.
Algum tempo depois, perguntada sobre a evolução da situação a resposta da responsável foi surpreendente (ou talvez não): não se tinha optado pelo fecho do espaço à chave porque "os médicos do próprio hospital e do seu serviço" também usavam esse mesmo espaço para descansar!...
É caso para dizermos: melhor é impossível!
PS: sou dos que entendo que um médico de serviço vinte e quatro horas deve ter condições para repousar sempre que a sua presença não seja necessária nos Balcões de Urgência. Mas o descanso não deve ser possível à custa do sobredimensionamento das equipas.
E que tal separar as águas de uma vez por todas, obrigando a que todos os qyue trabalham no SNS só possam trabalhar no SNS enão na pública e na privada, fazendo com que desapareçam todos dos hspitais ao meio dia para os seus consultórios ou clínicas, aproveitand-se do saber adquirido na pública e de tantas outras coisas mais, como todos sabemos?
Hein?
Cardeal patriarca (salvo seja!)
Tenho quase a certeza que tenho pelos médicos em geral e em particular pelos que cumprem o seu dever tanta consideração ou mais do que tem o colega.
E olhe que os que me conhecem são também meus bons amigos.
O meu passado fala por mim. Do seu não sei nem quero saber.
E digo-lhe mais: como doente, com cirurgias feitas em Hospital do SNS, é esse que recomendo aos meus amigos. Excelentes profissionais, todos os que conheci e não só os médicos.
Mas não confudamos o trigo com o jóio.
Se a razão do seu comentário é o meu último comentário, não vejo onde tenha desconsiderado os médicos. E de resto as posições que sucessivamente tomei (até hoje) neste blog são da maior consideração e respeito pelos médicos, sabendo como sei que nesse grupo profissional, como no meu e em todos, há os bons, os menos bons e até os maus.
Cardeal patriarca, não seja mais papista que o PAPA!
Não extraia afirmações minhas isoladas do seu contexto para delas fazer "um ataque meu aos médicos".
A análise não pode ser deturpada. Você não sabe que na verdade somos forçados a pagar a um médico, no seu consultório particular, preços que só são praticáveis por falta de concorrência?
"Muitas vezes parece que o médico precreve indevidamente...". Esta é uma passagem de um meu comentário onde me pronuncio claramente a favor dos médicos. Vá lá...volte a ler... e verificará que não é uma afirmação minha, antes parto dela para defender que os médicos procuram a melhor solução para os seus doentes.
"Como bem se compreende, também tenho que me conter um pouco..." Onde está no comentário de onde você retirou esta passagem uma crítica aos médicos?
E acha que pensar que "há-de passar o tempo em que os médicos querem e podem ter os melhores carros..." é um ataque aos médicos? Não será antes uma constatação de que estamos perente uma classe claramente favorecida pelo poder "corporativo" e por uma errada política de saúde e de ensino desde há muitos anos?
Meu caro, não confunda as coisas.
Não tente defender a classe médica por esta via. Eles não precisam e a si, com pessoa intectualmnete honesta, não lhe fica bem.
Ao menos, e pelo que vejo, os meus comentários merecem-lhe especial atenção. Obrigado pelo apreço.
encare com profissionalismo a necessidade de pagar ao pessoal médico como ele merece. Se continua a fazer de conta que lhes paga, eles continuarão a fazer de conta que trabalham.
acrescentaria- encare com profissionalismo a necessidade de tornar o SNS um serviço de excelência, se continuar a pensar que o resultado económico está acima da saúde do povo, a degradação deste serviço é uma certeza.
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