O Mix de CC
Com a clareza e profundidade que lhe são habituais, o professor Vasco Reis analisa o "Futuro da Saúde em Portugal". link
(…) O teste maior no sistema de saúde português, porque é verdadeiramente condicionante do acesso e de uma efectiva cobertura, estará em áreas financeiras e, sobretudo, no campo da responsabilidade financeira pela assistência (e outros benefícios sanitários) recebida.
(…) vai haver no sector da Saúde (está a acontecer, digo eu) um inevitável confronto financeiro entre recursos e necessidades.
Simplifique-se a questão equacionando três vias com desigual probabilidade de percurso.
1.ª - Redução da oferta, algures num ponto entre o racionamento de cuidados (com que critérios?) e a definição de “cuidados essenciais” (com que critérios também?). Lá se poderá ir parte da compreensibilidade que, mesmo teórica, é uma referência (mas vão-se os anéis, fiquem os dedos), talvez até uma parte da gratuitidade.
2.ª - Transferência mais ou menos significativa dos riscos financeiros da prestação para os utilizadores (através de novos e/ou aumentados pagamentos). Lá se iria a equidade no acesso totalmente diluída na onerosidade da prestação e com ela seriam atacadas em bloco as três dimensões do sistema actual, que considerámos serem as referências maiores do sistema de Saúde português e dos que dele se utilizam.
3.ª - Promoção da eficiência de modo a, sem comprometer a efectividade e se possível majorando-a, obter os mesmos resultados com menos recursos ou, de preferência, obter mais resultados com os mesmos recursos.
Todas elas são politicamente custosas (sobretudo quando se querem obter efeitos significativos imediatos). E não são percursos mutuamente exclusivos, pelo que é mais provável que seja adoptado mais do que um, num mix ainda indecifrável.
Deseja-se que a tónica não incida na segunda via, que mais uma vez transformaria o cidadão/utente no triste herói da fita. Deseja-se que o recurso à primeira e à segunda seja feito com segurança no primeiro caso e firmeza no segundo. (...)
Vasco Reis- "O Futuro da Saúde em Portugal"
O Mix de CC: redução da oferta (encerramentos: maternidades, SAP, urgências, centralizações hospitalares); Transferência dos riscos financeiros para os utilizadores (novas taxas de utilização do internamento e cirurgia, descomparticipação de medicamentos); Promoção da eficiência (combate ao desperdício); transferência do risco das prestações para terceiros (contratos de parceria público privado- PPP).
O mix de CC é um mix muito mix, com pouca segurança e confusão no primeiro caso e falta de transparência no segundo.
(…) O teste maior no sistema de saúde português, porque é verdadeiramente condicionante do acesso e de uma efectiva cobertura, estará em áreas financeiras e, sobretudo, no campo da responsabilidade financeira pela assistência (e outros benefícios sanitários) recebida.
(…) vai haver no sector da Saúde (está a acontecer, digo eu) um inevitável confronto financeiro entre recursos e necessidades.
Simplifique-se a questão equacionando três vias com desigual probabilidade de percurso.
1.ª - Redução da oferta, algures num ponto entre o racionamento de cuidados (com que critérios?) e a definição de “cuidados essenciais” (com que critérios também?). Lá se poderá ir parte da compreensibilidade que, mesmo teórica, é uma referência (mas vão-se os anéis, fiquem os dedos), talvez até uma parte da gratuitidade.
2.ª - Transferência mais ou menos significativa dos riscos financeiros da prestação para os utilizadores (através de novos e/ou aumentados pagamentos). Lá se iria a equidade no acesso totalmente diluída na onerosidade da prestação e com ela seriam atacadas em bloco as três dimensões do sistema actual, que considerámos serem as referências maiores do sistema de Saúde português e dos que dele se utilizam.
3.ª - Promoção da eficiência de modo a, sem comprometer a efectividade e se possível majorando-a, obter os mesmos resultados com menos recursos ou, de preferência, obter mais resultados com os mesmos recursos.
Todas elas são politicamente custosas (sobretudo quando se querem obter efeitos significativos imediatos). E não são percursos mutuamente exclusivos, pelo que é mais provável que seja adoptado mais do que um, num mix ainda indecifrável.
Deseja-se que a tónica não incida na segunda via, que mais uma vez transformaria o cidadão/utente no triste herói da fita. Deseja-se que o recurso à primeira e à segunda seja feito com segurança no primeiro caso e firmeza no segundo. (...)
Vasco Reis- "O Futuro da Saúde em Portugal"
O Mix de CC: redução da oferta (encerramentos: maternidades, SAP, urgências, centralizações hospitalares); Transferência dos riscos financeiros para os utilizadores (novas taxas de utilização do internamento e cirurgia, descomparticipação de medicamentos); Promoção da eficiência (combate ao desperdício); transferência do risco das prestações para terceiros (contratos de parceria público privado- PPP).
O mix de CC é um mix muito mix, com pouca segurança e confusão no primeiro caso e falta de transparência no segundo.
4 Comments:
O MIX MISTIFICADOR
É um mix que tem um objectivo central: entregar a Saúde às empresas privadas: HHs PPP, Convenções, Centros de Saúde.
E aí temos as Seguradoras à espera do "opting out".
Em relação ao anterior ministro LFP este mix teria feito jeitão para disfarçar o objectivo fundamental: a privatização da Saúde.
Feliz Natal para todos.
À ATENÇÃO da FRENTE
O grupo parlamentar da CDU na Assembleia Municipal de Fafe veio a público criticar a «atitude passiva e a partidarização» da gestão socialista municipal perante o previsível encerramento das urgências do Hospital de S. José. Os comunistas consideram que o presidente da Câmara de Fafe, o socialista José Ribeiro, se tem limitado a «seguir o assunto». E ameaçam recolher assinaturas para levar a polémica a debate na Assembleia da República.
Vamos efectivamente iniciar o novo ano com a pior das expectativas.
O acesso dos utentes do SNS começa a ficar seriamente prejudicado.
Em primeiro lugar com as descomparticipações em toda a linha dos medicamentos.
Mas o essencial da política de saúde de CC é a privatização.
As PPP de LFP avançaram reforçadas com uma 2.ª vaga estando prevista o lançamento de uma 3.ª vaga para depois de 2010.
Como refere a Clara as Seguradoras movimentam-se antevendo o negócio de milhões resultante do desmoronamento do sistema solidário do SNS.
Por falar em mix, recomendo, para aliviar tensões, a participação empenhada, hoje, neste meritório evento.
Enviar um comentário
<< Home