Por CCA
O artigo de CCA link é interessante. Não pela razão que aqui tem estado a ser comentada, a do investimento ou não em sistemas informáticos ou outro qualquer investimento. Entendo a referência ao investimento em sistemas informáticos como um mero exemplo. Podia ser outro. Contudo, este exemplo até está muito bem escolhido. Talvez seja mesmo o melhor exemplo que CCA podia ter dado para ilustrar a questão central do seu artigo que é, no meu entender, o carácter pacóvio e saloio que caracteriza alguns dos nossos gestores hospitalares. E que ilustra também, o desnorte (se é que o Ministério sabe onde é o Norte, nesta matéria) que parece campear pela João Crisóstomo, em matéria de estratégia informática da saúde.
Não pode negar-se razão a CCA quando, sem o dizer explicitamente, deixa implícito que há gestores que fazem uma gestão de mera aparência, que se preocupam muito pouco com os aspectos essenciais de uma boa gestão (investir com base num plano de investimento assente numa boa estratégia e em planos anuais de actividades, uma e outros participados e aceites pela organização), e parecem mais preocupados em querer levar avante, teimosamente, contra tudo e contra todos, determinadas acções, determinados investimentos, por vezes avultados (e aqui o exemplo do investimento em sistemas informáticos é um bom exemplo, volto a repetir), cuja necessidade não está suficientemente interiorizada, nem suficientemente amadurecida, sem equacionar alternativas credíveis (menos dispendiosas, menos arriscadas e tecnicamente fiáveis), sem atender aos custos e às inevitáveis consequências, boas e/ou más, que um grande investimento sempre tem.
Há gestores hospitalares («jeitosos da gestão», diria eu, pois, em bom rigor, não se lhes pode chamar gestores hospitalares) que pensam que administrar um hospital é apenas mostrar «obra», no sentido literal do termo, deitar paredes abaixo, levantar paredes, pintar, autorizar todos os pedidos, dar, dar, dar..., é fazer política com a gestão dos hospitais, enfim, é gastar. Raramente olham para os custos (nem para os proveitos, diga-se em abono da verdade), raramente olham para o Orçamento, não gostam de ouvir falar em contenção de despesas, não gostam de ouvir falar em equilíbrio financeiro, aceitam como inevitáveis as derrapagens, como se não fosse possível travá-las, ainda que, se necessário, desagradando. E é aqui a que a porca torce o rabo. Porque alguns parecem mais preocupados em manter o lugar, agradando a todos, do que em gerir, desagradando a alguns. E o que é curioso, e o artigo de CCA demonstra-o, é que as pessoas (os médicos) até sabem aceitar um não, quando fundamentado. O que as pessoas, em geral, não aceitam bem, isso sim, é que se lhes fale de rigor quando se tem uma atitude perdulária; se fale de compreensão, quando não se compreende, que se fale de motivação, quando não se motiva, se queira adesão quando se fala de cima da burra, se queira fazer ouvir quando só se fala.
O exemplo do investimento em sistemas informáticos é um bom exemplo, pois bem! Porquê? Porque é uma área onde o basbaque fácil. É fácil embasbacar e, mais fácil ainda, é ficar embasbacado. E os vendedores riem-se, de tanta basbaquice. Com facilidade, comem os gestores por parvos. Com facilidade enredam os hospitais nas suas teias, ainda que mal amanhadas, que depois de envolvidos, se tornam presa fácil e permanente. A área da informática é, dentro nos hospitais, a área em que se vêm mais «doutores» a falar e menos pessoas a saberem o que dizem. É a área, portanto, em que se corre o risco de fazer maus investimentos, diria Dupont. Diria mais... Muito maus investimentos, diria Dupont.
Só que se Dupont diz mata, Dupond diz esfola!
É aqui que se pergunta: o que está o Ministério da Saúde a fazer com o seu silêncio. Que informática da Saúde, pretende o Ministério?
Algumas ideias, para quem queira ser um bom gestor:
«O plano estratégico deve ser um compromisso da empresa no seu todo e não apenas da administração e do seu grupo de chefes de divisão e área»
«Nenhuma estratégia é funcional se não existir coerência entre o seu conteúdo e os princípios da empresa»
«A inovação não significa só a criação de novos produtos ou serviços para acrescentar ao catálogo da empresa. Significa, também, mudar sistemas, políticas, atitudes, processos, estratégias, estruturas, objectivos e até a missão da empresa, para os adequar aos novos tempos e aos novos desafios que se avizinham»
«A inovação deve ser permanente, mas não é necessário realizar mudanças espectaculares para que seja efectiva.»
«Quando uma empresa atravessa uma boa fase, é fácil perder de vista os fluxos de caixa. Não há nada mais reconfortante do que ter um excesso de tesouraria. Porém, é precisamente nessas fases boas que se torna necessário consolidar a posição financeira da empresa para que se aguente com tranquilidade os tempos maus que estão fora do seu controlo...»
«Como é óbvio, se os custos e as despesas aumentam mais rapidamente do que as vendas o efeito sente-se directamente nos lucros»
«Depender apenas de um cliente é tão perigoso como depender apenas de um fornecedor»
«O grande desenvolvimento tecnológico que se vive na actualidade pode deslumbrar-nos e fazer-nos esquecer que as novas tecnologias podem ser postas ao serviço do homem para facilitar muitas tarefas, não para isolá-lo»
«Muitas vezes pensamos que as nossas ideias são as únicas, que ninguém jamais as terá, nem agora nem nunca, e com essa arrogância intelectual demoramos uma eternidade para as pôr em prática»
«À medida que a humanização da empresa ganha terreno, maior é o número de colaboradores que exigem ser tratados condignamente. Mas há empresas onde ainda se acha que se pode comprar a fidelidade e a eficiência com dinheiro»
(Estas e outras ideias podem ser lidas em Luis Castañeda, 2006, Como destruir uma empresa em 12 meses ...ou antes. Lisboa. Actual Editora.)
Vivóporto
Não pode negar-se razão a CCA quando, sem o dizer explicitamente, deixa implícito que há gestores que fazem uma gestão de mera aparência, que se preocupam muito pouco com os aspectos essenciais de uma boa gestão (investir com base num plano de investimento assente numa boa estratégia e em planos anuais de actividades, uma e outros participados e aceites pela organização), e parecem mais preocupados em querer levar avante, teimosamente, contra tudo e contra todos, determinadas acções, determinados investimentos, por vezes avultados (e aqui o exemplo do investimento em sistemas informáticos é um bom exemplo, volto a repetir), cuja necessidade não está suficientemente interiorizada, nem suficientemente amadurecida, sem equacionar alternativas credíveis (menos dispendiosas, menos arriscadas e tecnicamente fiáveis), sem atender aos custos e às inevitáveis consequências, boas e/ou más, que um grande investimento sempre tem.
Há gestores hospitalares («jeitosos da gestão», diria eu, pois, em bom rigor, não se lhes pode chamar gestores hospitalares) que pensam que administrar um hospital é apenas mostrar «obra», no sentido literal do termo, deitar paredes abaixo, levantar paredes, pintar, autorizar todos os pedidos, dar, dar, dar..., é fazer política com a gestão dos hospitais, enfim, é gastar. Raramente olham para os custos (nem para os proveitos, diga-se em abono da verdade), raramente olham para o Orçamento, não gostam de ouvir falar em contenção de despesas, não gostam de ouvir falar em equilíbrio financeiro, aceitam como inevitáveis as derrapagens, como se não fosse possível travá-las, ainda que, se necessário, desagradando. E é aqui a que a porca torce o rabo. Porque alguns parecem mais preocupados em manter o lugar, agradando a todos, do que em gerir, desagradando a alguns. E o que é curioso, e o artigo de CCA demonstra-o, é que as pessoas (os médicos) até sabem aceitar um não, quando fundamentado. O que as pessoas, em geral, não aceitam bem, isso sim, é que se lhes fale de rigor quando se tem uma atitude perdulária; se fale de compreensão, quando não se compreende, que se fale de motivação, quando não se motiva, se queira adesão quando se fala de cima da burra, se queira fazer ouvir quando só se fala.
O exemplo do investimento em sistemas informáticos é um bom exemplo, pois bem! Porquê? Porque é uma área onde o basbaque fácil. É fácil embasbacar e, mais fácil ainda, é ficar embasbacado. E os vendedores riem-se, de tanta basbaquice. Com facilidade, comem os gestores por parvos. Com facilidade enredam os hospitais nas suas teias, ainda que mal amanhadas, que depois de envolvidos, se tornam presa fácil e permanente. A área da informática é, dentro nos hospitais, a área em que se vêm mais «doutores» a falar e menos pessoas a saberem o que dizem. É a área, portanto, em que se corre o risco de fazer maus investimentos, diria Dupont. Diria mais... Muito maus investimentos, diria Dupont.
Só que se Dupont diz mata, Dupond diz esfola!
É aqui que se pergunta: o que está o Ministério da Saúde a fazer com o seu silêncio. Que informática da Saúde, pretende o Ministério?
Algumas ideias, para quem queira ser um bom gestor:
«O plano estratégico deve ser um compromisso da empresa no seu todo e não apenas da administração e do seu grupo de chefes de divisão e área»
«Nenhuma estratégia é funcional se não existir coerência entre o seu conteúdo e os princípios da empresa»
«A inovação não significa só a criação de novos produtos ou serviços para acrescentar ao catálogo da empresa. Significa, também, mudar sistemas, políticas, atitudes, processos, estratégias, estruturas, objectivos e até a missão da empresa, para os adequar aos novos tempos e aos novos desafios que se avizinham»
«A inovação deve ser permanente, mas não é necessário realizar mudanças espectaculares para que seja efectiva.»
«Quando uma empresa atravessa uma boa fase, é fácil perder de vista os fluxos de caixa. Não há nada mais reconfortante do que ter um excesso de tesouraria. Porém, é precisamente nessas fases boas que se torna necessário consolidar a posição financeira da empresa para que se aguente com tranquilidade os tempos maus que estão fora do seu controlo...»
«Como é óbvio, se os custos e as despesas aumentam mais rapidamente do que as vendas o efeito sente-se directamente nos lucros»
«Depender apenas de um cliente é tão perigoso como depender apenas de um fornecedor»
«O grande desenvolvimento tecnológico que se vive na actualidade pode deslumbrar-nos e fazer-nos esquecer que as novas tecnologias podem ser postas ao serviço do homem para facilitar muitas tarefas, não para isolá-lo»
«Muitas vezes pensamos que as nossas ideias são as únicas, que ninguém jamais as terá, nem agora nem nunca, e com essa arrogância intelectual demoramos uma eternidade para as pôr em prática»
«À medida que a humanização da empresa ganha terreno, maior é o número de colaboradores que exigem ser tratados condignamente. Mas há empresas onde ainda se acha que se pode comprar a fidelidade e a eficiência com dinheiro»
(Estas e outras ideias podem ser lidas em Luis Castañeda, 2006, Como destruir uma empresa em 12 meses ...ou antes. Lisboa. Actual Editora.)
Vivóporto
Etiquetas: Vivóporto
2 Comments:
Esta é para rir!
Desculpem lá!
Querem um SNS forte, estatal, providencial e, simultaneamente uma gestão de lógica puramente privada?
Eu acho é que ninguém sabe o que quer!
Idiossincrasias às resmas, panfletismo às carradas e... não brinquem... dinheiro sempre, que ninguém trabalha meia-hora a mais que não seja reivindicada, mas paradoxalmente "toda a gente" trabalha várias horas menos tranquilamente, sendo aceite, só não quer é que se saiba oficialmente.
(não, isto não é para rimar)
O que é que está amadurecido em Portugal?
Por CCA?
O Vivóporto gripou.
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