sexta-feira, fevereiro 23

Guerra das Urgências (3)



«Este projecto abortou» (Clara)

«O facto de o ministro Pedro Silva Pereira afirmar que "não há qualquer decisão política final" retira toda a margem de manobra ao MS (enquanto titular de um cargo político). O ministro Silva Pereira não saíu - como se pretende fazer crer - em defesa de CC. Veio a terreiro para as exéquias.» (É-Pá)

«Silva Pereira defendeu, à sua maneira, o estudo da Comissão e tentou pôr calma quanto à forma e timing da sua implementação. O Governo, como é seu timbre, não vai recuar» (Saudepe)

A propósito de coisa bem menos importante, o ex-PR Dr Mário Soares veio em apoio de manifestantes proferindo a célebre frase do direito à indignação. (tonitosa)

Não se pede aos cidadãos que compreendam por que é melhor ter menos urgências, mas melhores – mas exige-se dos autarcas que não incendeiem o bairrismo e procurem, ao menos, compreender os argumentos da racionalidade.
(JMF) da Patuleia a Chaves, a Valença, a…etc.link

“A racionalização economicista e tecnicista está a dominar a reforma" do SNS. O ministro Correia de Campos "utiliza a fachada de uma comissão técnica para impor índices estatísticos elaborados pelo Banco Mundial", para justificar às populações que determinadas valências são inviáveis."O que não põe à discussão é como é que chegou a esses critérios" que deveriam "ser discutidos pelos cidadãos".
(Boaventura Sousa Santos, JN 20.02.07). link

«Quando Silva Pereira afirma que “não há qualquer decisão política final” está, de facto, a pôr o dedo na ferida. É que a decisão nunca será integralmente a que o relatório aponta. Apenas servirá para colorir uma opção, como CC tanto gosta. E porque a decisão é política, não é de estranhar as movimentações a que assistimos, todas elas de pressão política. Com aproveitamentos locais, como sempre acontece.» (Saúde na Beira Interior)

Depois do encerramento das maternidades, SAPs e centenas de escolas, era previsível forte contestação popular ao encerramento das urgências.
CC, mais uma vez, não soube conduzir este processo. O diálogo crispado (peixarada) que tem mantido, nos últimos dias, com os autarcas de Valença e Chaves ficará para a história como exemplo de inabilidade e grosseria política.
Condição prévia ao programa de encerramento de quinze serviços de urgência: discussão das alternativas pré-hospitalares (referenciação, INEM, etc) e Hospitalares (equipamento dos novos SUBs, criação de novos serviços nos novos SUPs, reforço dos SUMCs). A falta de dinheiro e/ou a arrogância política, assim não o determinaram (até ao recente comunicado de Carmen Pignatelli).
Apesar da forte contestação, a decisão política final do XVII Governo Constitucional não se afastará muito das propostas da Comissão.

Tal decisão constituirá, por certo, mais um oportuno contributo para o reforço das sondagens (o PS subiu quatro pontos percentuais no recente Barómetro Marktest). Talvez mesmo CC (o ministro menos popular com 29 por cento negativos), após esta decisão, inicie a recuperação. link

Dois pequenos indicadores sobre o destino que este Governo está a construir para o povo português. Primeiro: JMF, faz parte, hoje em dia, com todo o mérito, da corte de cronistas do XVII Governo Constitucional
Da Patuleia a Chaves, a Valença, a … etc.(link) ; Segundo: Este bem mais perigoso:Aposta liberal (link)

6 Comments:

Blogger Clara said...

O povo é sereno.
Razão tem o professor Boaventura Sousa Santos. Há muita maneira de comer as papas na cabeça ao zé povinho.

Quando menos se esperar, a coisa vira.

1:35 da manhã  
Blogger saudepe said...

Lembram-se dos protestos contra o encerramento de maternidades com poucos partos? Passado um ano, alguma das terríveis previsões se confirma?
Lembram-se dos protestos contra o encerramento de escolas com poucos alunos? Passado um ano, alguma das queixas se viu justificada?
E agora no caso do reordenamento da rede de urgências hospitalares, existe alguma razão para dar crédito aos mesmíssimos protestos?
Vital Moreira, Causa Nossa

2:02 da manhã  
Blogger e-pá! said...

O facto do Governo ter decidido criar uma task-force para gerir o "dossier" da re-estruturação das urgências é o início de um carrocel de decisões políticas sobre este problema.

Assim, terá sido (politicamente)decidido dar prioridade ao "reforço" dos cuidados básicos de saúde locais.
Nomeadamente:
1 - o alargamento do horário de funcionamento das "consultas abertas" (de certo modo o regresso ao conceito de SAP's - exorcizado no relatório da comissão);
2 - o "congelamento" do movimento dos profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, administrativos) - que estava implícito na aplicação das conclusões do relatório;
3 - a implementação de meios de articulação entre os CS e as diferentes unidades de urgência - especialmente as UBU e com especial incidência nos transportes (VMER's, ambulâncias, etc.);

Ora, a prioridade que foi, na hora da verdade, dada à consolidação das unidades cuidados básicos de saúde locais ("aproximar os serviços das populações" - Pedro Silva Pereira dixit) implica, necessariamente, o protelamento da aplicação no terreno das conclusões do relatório da comissão.
Depois das "negociações" com os autarcas, não me parece restar disponibilidades de recursos financeiros, técnicos e humanos para implementar uma re-estruturação com equidade e qualidade (argumentos esgrimidos no relatório).
Todavia, todo este "confronto", acrescido da inépcia política do MS, teve uma virtude. Calendarizar as acções e dar prioridade ao básico, condições indispensáveis a uma desejável re-estruturação das urgências.
Como se depreende das últimas "convulsões", não obrigatoriamente na "letra" do relatório técnico (apesar da catadulpa de esclarecimentos que a comissão, no dia 21.2.07, publicou no Portal da Saúde)

"Back to basics" foi, na sua essência, a decisão política do Governo.
As consequências, na sua plenitude, estarão para vir!

11:22 da manhã  
Blogger coscuvilheiro said...

O artigo do JMF é básico,
O que está acontecer actualmente com a revolta das populações do interior só grosseiramente poderá ser comparado com a patuleia.

A indignação das populações e dos autarcas insere-se no quadro de reacção ao fenómeno de desertificação que se verifica de há longos anos no nosso país com a participação e dinamização do poder central.

Escolas, Hospitais (centralizados agora para os fazer desaparecer mais tarde) SAPs, maternidades, postos de correios, assiste-se a um verdadeiro varrimento das instituições do estado (social) do interior do país.
Trata-se da imposição de critérios de racionalização economicista e tecnicista (BSS) contra os interesses das populações, das suas condições de vida e permanência nas zonas mais esquecidas do nosso país.

E para quê ?
Estas e outras medidas inserem-se na estratégia para transformar Portugal num paraísos para os grandes investidores.
O senhor Martim Avillez Figueiredo num artigo recente no DE considera“os números do desemprego uma boa notícia. Não para os desempregados, mas para o país . Portugal quer transformar-se num país de mão-de-obra barata, sim, mas qualificada. Portugal gostaria mesmo de gerar mão-de-obra tecnológica barata. Engenheiros, técnicos de informática, especialistas laboratoriais ou génios da logística, mas todos a preços de saldo para convencer esses gigantes mundiais a colocar boa parte das suas áreas de negócio aqui em Portugal. LINK

2:10 da tarde  
Blogger cotovia said...

A ameaça feita por Correia de Campos ao autarca de Chaves é reveladora da falta de capacidade política (e de nível) do ministro da saúde.

A partir desta declaração deixei de considerar Correia de Campos como um duro da política. Trata-se antes de um político perigoso. Perigoso porque não consegue controlar devidamente o desenrolar dos acontecimentos.

2:31 da tarde  
Blogger martinho said...

Este processo inicia o fim da carreira política de CC. A sua demissão estará por uma questão de dias/semanas.

12:29 da tarde  

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