Uma operação de risco
O primeiro ministro deu conta de que os protestos contra a reestruturação da rede de urgências estavam a alastrar como fogo na savana e retirou das manifestações já realizadas e das outras que haviam de surgir nas próximas semanas a única conclusão possível: o processo em curso tinha de ser despido da carga afectiva e bairrista que o marca para regressar à esfera da política. Feita a constatação, restava a conclusão óbvia: como a política é a arte do possível, Sócrates tinha de chamar o processo a si e entrar na via da negociação. Ou, numa acepção mais guterrista, do diálogo. Com esta decisão, o Governo quer esvaziar pelo protocolo e pela táctica do rebuçado os focos de incêndio que começavam a grassar não apenas nos concelhos que seriam alvo de cortes nos serviços de urgência, mas também nas próprias bases do PS. Se até agora a truculência e a estratégia de remeter para os autarcas o odioso das manifestações foram a resposta que, via ministro Correia de Campos, o Governo deu, o que se espera nos próximos episódios é conversa mole, algumas promessas e manobras de envolvimento desses mesmos autarcas.
Uma operação de risco, portanto. Porque premeia os protestos e legitima-os como a fórmula eficaz de negociação política. Mas também porque deixa no ar a vaga sensação de que a agenda de reformas de José Sócrates está dependente da pressão popular (...). link
Manuel Carvalho, JP 24.02.07
Uma operação de risco, portanto. Porque premeia os protestos e legitima-os como a fórmula eficaz de negociação política. Mas também porque deixa no ar a vaga sensação de que a agenda de reformas de José Sócrates está dependente da pressão popular (...). link
4 Comments:
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Alguém sabe do paradeiro da Secretária de Estado Adjunta da Saúde, Carmén Pignatelli? É que este era um dossier do seu gabinete. A Secretária de Estado não esteve presente na Conferência de imprensa de Sábado e consta-se que está em rota de colisão e em total desacordo com CC em todo este processo mas que se tem mantido calada ainda que demarcando-se da forma de actuar de CC. Que sabem desta situação os bloggers do saudesa? Isto é importante!
Guidobaldo:
Agora os acontecimentos são mais rápidos...
24 HORAS DEPOIS (da assinatura do protocolo) uma visita de "charme" ao Hospital do Montijo...
Que dizer...?
Eminentíssimo Cardeal:
Rogo-lhe um pequeno exercício cronológico.
24.02.07 - a presidente da Câmara do Montijo, não consegue - apesar de afirmar que nesse dia iria negociar com o MS - desmobilizar uma manifestação
contra o eventual fecho das urgências.
25.02.07 - O MS visita o HH de Montijo, longe da população (a visita foi anunciada 1 hora antes) e faz a prelecção do bom samaritano : "A sociedade democrática permite os protestos legais. São úteis para os governantes".
A presidente da Câmara local - Maria Amélia Antunes - a anfitriã no dizer de CC, confrontada pelos jornalistas, afirma:
"Esta é a casa deles [ministros e responsáveis da Saúde], não temos que mandar nas agendas deles"...
Exmo Cardeal:
não haverá por aqui um fariseu?
ou
está dificil acertar (politicamente)?
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