terça-feira, maio 8

Obesidade, epidemia séc. XXI

Esta iniciativa da Comissão de Saúde da AR link é muito oportuna, por permitir chamar a atenção sobre um problema actual e do futuro que paulatinamente vai atingindo os Países desenvolvidos.
De facto, trata-se de uma importante questão em termos de Saúde, constitui um verdadeiro problema de Saúde Pública, e o programa desta realização entronca-se nas suas questões mais prementes.
Coloca a OBESIDADE, como :
- uma epidemia do séc. XXI;
- debruça-se sobre a prevenção e abordagem da obesidade infantil;
- incide na abordagem multi-sectorial;
- e, finalmente, equaciona o seu tratamento.
Será uma acção de sensibilização, acertada, estrategicamente organizada – em tempo oportuno - que, partindo dos partidos com assento na AR envolveu múltiplos sectores públicos ou privados interessados nesta problemática, ou seja, representantes: da OMS, a Sociedade Portuguesa de Obesidade, Ass. Prot. Diabéticos de Portugal, DECO, Instituto do Desporto de Portugal, Fundação Bissaya Barreto, Escola Nacional de Saúde Pública, Fed. das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares, Associação Portuguesa de Anunciantes, Ministério da Educação e organismos ligados ao MS como: DGS, Hospital de Santa Maria (núcleos especializados), etc..
Desta abrangente abordagem resultará, estamos certos, uma melhor compreensão do fenómeno da obesidade.

Antecipando este evento promovido pelo Parlamento, o MS de parceria com o ME lançou em, 02.05.07, a “PLATAFORMA CONTRA A OBESIDADE”.
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Esta plataforma enquadra o contexto do combate à obesidade no campo da prevenção. E a conjugação de esforços com o ME mostra que este problema tem de ser encarado precocemente como demonstram os dados: 32% das crianças entre os 7 e 9 anos tem excesso de peso e 11% é já obesa. Nestas tenras idades (crianças e jovens) é possível modelar comportamentos alimentares, detectar (precocemente) substratos endocrinológicos subjacentes, etc.. Há uma forte receptividade dos jovens. Torna-se necessário envolver muita gente: família, educadores, nutricionistas, médicos (endocrinologistas), etc.
Todavia neste “terreno” (idade pré-escolar e escolar) os resultados serão, estou convicto, largamente compensadores, sendo aceitável a expectativa de uma boa relação custo-efectividade nas programadas (e a programar) estratégias para a redução da obesidade.

Lidar com este problema nos adultos, mais expressivo estatisticamente, é muito mais difícil. Nestes o cerne do problema desloca-se – os desvios comportamentais estão “sedimentados” – e a sua atenção incide, fundamentalmente, sobre o tratamento (médico e/ou cirúrgico). Foi sobre esta última vertente (o tratamento) a tónica dada pela comunicação social. Falou-se muito sobre a comparticipação dos inibidores do apetite e sobre as mediáticas “bandas gástricas”.
Levanta-se, assim, o problema de acabar o telhado (tratamento) ou reforçar os alicerces (prevenção), num edifício onde 50% da população adulta tem excesso de peso e 15% é obesa.
Todos conhecemos os riscos da “síndrome metabólica”, quadro patológico caracterizado simultaneidade de obesidade abdominal, hipertensão arterial, alterações do metabolismo da glicose e dislipidémia. Esta síndrome quintuplica o risco de desenvolver diabetes e duplica o de enfarte.
Um panorama negro, devastador que, no próximo decénio, se não obtivermos resultados palpáveis, irá entrar em choque com o sustentado aumento da esperança média de vida que, actualmente, desfrutamos. Que atingirá prioritariamente o sexo masculino já que a razão da mortalidade, relativa aos sexos é, segundo as estatísticas, de: 3 H/1M.
Finalmente, os custos económicos da obesidade. Um estudo sobre “Custos indirectos associados à obesidade em Portugal” efectuado por João Pereira e Céu Mateus, demonstra que, em 2002, o custo indirecto total da obesidade ascendeu a 200 milhões de euros (116, 6 milhões para a mortalidade + 83,2 milhões para a morbilidade). Estes valores tornam imperativo um concertado esforço de investimento na luta contra a obesidade.
A estratégia política do MS, em minha opinião, deve considerar prioritária a prevenção. E os esforços de investimento (de salientar a colaboração da Galp Energia), nesta "epidemia do futuro", devem ser, para aí, maioritariamente, canalizados.
Se não formos capazes de prevenir (rapidamente), vamos gastar muitos milhões de euros e, apesar disso, ter maus resultados.

Uma última nota:
Somos, de facto, um País de contrastes.
Enquanto se tenta equacionar e promover uma estratégia contra a obesidade, decorre, neste jardim à beira mar plantado, uma semana promovida pelo Banco Alimentar - de luta contra a Fome…
Assim se junta a fome com a vontade de comer!

É-Pá

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2 Comments:

Blogger Clara said...

Parabéns ao É-Pá pela brilhante colaboração que tem mantido na SaudeSA.

11:42 da tarde  
Blogger naoseiquenome usar said...

E no entanto, imensos inoconentes, morrem de sub-nutrição.

"Queres guerreiro?
não, quero ir à esola"

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