Oposição de pacotilha
" O uso demagógico ou sofista da retórica não nega o carácter retórico da democracia"
À pala da política voltar à saúde, aqui temos um texto de "análise" link , a mim, parece-me mais de "agitprop", mistura tudo um pouco, afirmações não fundamentadas, invenções, numa embalagem radical, justiçeira, quanto baste contra o Governo e os "malvados estalinistas, delatores" socialistas. Ora vejamos: 1.º a saúde dos portugueses está claramente pior, em todos os aspectos! Mas quais? esperança média de vida à nascença? aos 65 anos? mortalidade infantil e as suas componentes? mortalidade por DCV ou DC? por grandes causas etc...(em 2 anos?!); 2.º nenhum ganho se conseguiu com este MS mas muitos malifícios! Centralização das urgências - devia era dizer quais, as que se alimentam de recursos pouco qualificados, sem casuística e sem qualificação, porta aberta 24 horas alimentando profissionais com base em trabalho extraordinário; maternidades - encerraram as que chegavam a ter 50% de cesarianas e um quadro de pessoal reduzido, pioraram os indicadores ?! Não; as taxas moderadoras - 1% do orçamento. Política virada contra os mais pobres, ah! ah!. Então os mais pobres não estão isentos!!O Governo tem um programa que está a cumprir, goste-se ou não, foi aprovado pelos portugueses. 1.ª prioridade o PNS, estão publicadas as recomendações para AVC e EAM, a rede DCV está para breve e as vias verdes estão a implementar-se (valeria apena o XAVIER dar a conhecer os indicadores publicados pelo alto-comissariado no que se refere à produção nesta área e perceber se aqui também não se deve requalificar!), deram-se passos fundamentais no P. Oncológico e nas recomendações terapêuticas (coordenadas pelo João Oliveira), o PN Contra a Sida está aí, a rede da saúde mental vai entrar em discussão pública. Criaram-se 800 camas de cuidados continuados, dentro de dias serão anunciadas mais, as USF estão aí 64 em funcionamento, reforma apoiada pelos profissionais mais reconhecidos e dedicados.
Quanto à segunda parte, tratasse afinal de opinião daquela, que tantas vezes repetida corre o risco de se tornar verdade. "claustrofobia democrática" , controlo da comunicação social por parte do governo pelas penas abalizadas de Pacheco Pereira, JMF. Quanto à afirmação de VPV no Público só quem o não conhece ou não conheceu Salazar, a Pide ou o fascismo pode acreditar naquilo que VPV escreveu. Se calhar nem ele póprio a esta hora, bastará ler o BI de Maria Filomena Mónica para compreender VPV. Mas voltando à "claustrofobia democrática"
Mas existe algum indício disso? O que se vê (eu vejo) é a crescente hostilidade dos media controlados ferozmente pelo poder económico contra o governo! Não é evidente que poucas vezes a RTP e a RDP terão sido tão pouco controlados pelo Governo como são hoje? O que é preocupante é que à falta de melhor se repitam opiniões não fundamentadas até as tornar verdadeiras.
Avicena
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6 Comments:
Avicena, boa malha.
Este Pedro não será o outro famoso Mendes?
Começa a tornar-se insuportável o discurso (ou a retórica) “politicamente correcto(a)”.
De facto, afirmar que a situação da Saúde em Portugal melhorou, citando 3 ou 4 indicadores (mesmo tratando-se de indicadores prioritários), é o enviesamento total, não só do conjunto de dados disponíveis, como na análise política (não meramente técnica) dos resultados.
Todos sabemos que indicadores como a taxa de mortalidade infantil, não dizem respeito a este Governo, mas são uma longa caminhada que ganhou um decisivo impulso com Albino Aroso.
Quanto às DCV, onde se verifica que a taxa de mortalidade é a 3ª. mais baixa da Europa (30 países), é preciso não dizer só meias verdades. Na verdade, a mortalidade por AVC é das mais elevadas da Europa.
Esta situação relativa às DCV's que, apesar de todos os ganhos, continua a ser a principal causa de morte em Portugal não é, também, fruto de decisões ou medidas deste Governo. Os ganhos conseguidos devem ser imputados ao imenso esforço na área da prevenção que têm envolvido, há largos anos, várias sociedades científicas e associações de doentes, na área da Cardiologia.
A esperança de vida, é mais uma vertente das razões que se invocam para as taxas de mortalidade infantil e as DCV’s. Ela vem sofrendo um “sustentado” aumento desde, pelo menos, 1970, i.e., desde a ditadura, ou melhor, antes do SNS. Portanto, dependerá de factores exteriores ao campo da Saúde.
O PNS, que congrega mais de 120 indicadores, sendo interessante a projecção de dados, no que diz respeito a algumas metas prioritárias. Aparentemente sofre de duas inverdades. Uma, será a depreciação dos resultados – ou em muitas situações - capazes de ser adquiridos pela inércia do sistema. Outra, é a partir desta subestimação, ou da cascata de omissões, ser possível acenar, para 2010, com metas (promessas) “gloriosas”.
Não podemos ter uma ideia tão generosa da evolução da saúde com este governo. Situações julgadas prioritárias, no contexto europeu onde nos inserimos, como p. exº:
- Doenças Neoplásicas;
- AVC’s;
- SIDA ;
- Saúde Mental;
- etc.
não mostram – em termos comparativos – grandes avanços que tenham sido protagonizados por este governo.
E o que há de novo (USF, concentração de maternidades, cuidados continuados, etc.) , sejamos comedidos, não está, nem poderia estar, avaliado. Uma coisa é definir objectivos consensuais, outra será disponibilizar, na prática, meios para os atingir. A ver vamos!
Finalmente, o campo político. A utilização, pelo PSD, nas últimas comemorações de 25 de Abril, da figura de retórica “claustrofobia democrática”, pareceu um pouco surpreendente no quadro da celebração do dia da Liberdade. A análise parecia forçada e baseava-se em situações vividas anteriormente, nomeadamente, centravam-se no controlo da comunicação social. A evolução política veio trazer mais achas para a fogueira e teve o condão de transformar esta surpresa numa colectiva apreensão.
Na comunicação social, a promiscuidade entre a política e o Mundo mediático (empresarial), levou, perante o espanto do País, Pina Moura a “atacar” a TVI, em nome dos espanhóis (ou da Internacional Socialista?).
No campo dos direitos individuais, o governo legisla, apressadamente, na área constitucional do direito à greve. Os responsáveis por departamentos, serviços ou secções são obrigados à delação dos grevistas.
No terreno das liberdades e garantias, um responsável por um departamento governamental do ME, suspende um funcionário que foi denunciado por outro, por contar uma anedota sobre as habilitações do primeiro-ministro.
Na realidade, todas estas peripécias, para os menos atentos, ou para os enfeudados às benesses do poder, são para ser “enclausuradas” num ruidoso silêncio. Fundamentalmente, esta situação toca ao actual Presidente da República que, sendo o garante dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, mantém um perturbante distanciamento do País real.
VPV, cita isto na sua crónica e evoca, a propósito, Mário Soares e Jorge Sampaio.
Quando se fala no programa de governo sufragado maioritariamente pelos portugueses, para justificar “tudo e mais alguma coisa”, estamos a esconder um facto essencial. O que foi ao sufrágio directo dos portugueses terão sido os programas eleitorais dos diferentes partidos. Se algum beneficia agora, ou vier a beneficiar, da confiança popular para adquirir uma maioria no quadro da representação parlamentar, escolhe o Governo. O programa de Governo - não sendo um copy/paste do programa eleitoral – introduz os primeiros desvios políticos, económicos e sociais, com peso e significado. E, depois, falta o pior. As práticas governativas distanciam-se de tudo e tecem desígnios próprios, ao redor da conservação do poder.
É obvio que a política deve voltar à Saúde. Como as contas. Isso não impede que sejam as boas políticas a determinarem as boas contas. Será difícil para este Governo aceitar isso, já que desde o início do seu mandato, dedica-se a uma sinuosa deriva para a Direita, trucidando na sua caminhada o Centro. Isto é alimenta-se da desertificação do espaço político português. Em nome do pragmatismo.
Se a política não voltar à Saúde podemos, desde já, encomendar as exéquias fúnebres do SNS. E os que, politicamente, se alhearem dessa via de entrega, deverão (re)ler o famoso poema de Brecht:
“Primeiro levaram os comunistas
Mas não me importei com isso
Eu não era comunista
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os sindicalistas
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou sindicalista
Depois agarraram uns sacerdotes
Mas como não sou religioso
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.”
Aqui estão duas opiniões claramente elucidativas: uma, a do Aicena, em defesa do PS/Governo mes sem fundamentação consistente; outra a do e-pá, procurando "pôr os pontos nos ii" e com o qual concordo.
Quanto à questão da "claustrofobia democrática" vale a pena recordar que foi um dirigente/ministro do PS que disse um dia: quem se meter com o PS, leva. E ainda o PS não era governo de maioria absoluta!...
Surpresas? Porquê e para quê?!
Que exagero!
Afinal se os indicadores da saúde não melhoraram, quais é que pioraram?
E os que pioraram devido à acção directa/exclusiva deste governo?
Exemplos de intolerância houve sempre.
Está toda a gente indignada com o caso do professor de inglês do DREN. Poucos se indignam com os Isaltinos, Valentins, Pintos da Costa, Fátima Felgueiras, etc,etc.
Estes já fazem parte da casa.
Basta ver a pouca vergonha a que chegou a governação da Câmara de Lisboa.
A quem prejudicou o encerramento das maternidades,SAPs, urgências? Essencialmente aos profissionais da saúde com a redução do TE.
Quase todos os indicadores económicos e de produtividade abonam em favor deste governo.
Tudo o resto não passa de ressabiamento daqueles que defendem que tudo deve ficar na mesma.
Caro É-pá
Pelos vistos não fui capaz de ser suficientemente claro, os exemplos que referi são exactamente a prova de que a análise política dos resultados deve ser cautelosa dado o período em análise (tanto faz se indicam melhorias ou retrocessos), por isso dei aqueles exemplos poderia dar muitos outros para justificar que o discurso "de que tudo está mal" carece de qualquer fundamento sério. Para mim o "grande avanço" da política deste Governo está no facto de considerar o Plano Nacional de Saúde 2004-2010 como o centro da política governamental (devendo ser avaliado por isso no final da legislatura) e de criar condições para que os tais 40 programas e 120 indicadores, se concentrem 6 ou 7 prioridades e em indicadores credíveis (atente-se no trabalho que está a ser elaborado por Paula Santana e colaboradores). Não quero dar uma ideia "tão generosa da política deste governo", não posso é deixar de dizer o que se tem feito efectivamente. 64 USFs em actividade serão de menosprezar? A aprovação e publicação dentro de dias do novo sistema remuneratório para as USFs modelo B será também de menosprezar (quando se dizia que CC não seria capaz de o fazer passar em CM)? 800 camas de cuidados continuados serão de mensoprezar (mais as que serão anunciadas no próximo dia 24 de maio)? os avanços conseguidos na área do medicamento serão de menosprezar? A ver vamos? !!! Quanto ao programa de governo meu caro é que neste caso é mesmo a cópia "ipsis verbis" do programa eleitoral do PS, não esconde nada é mesmo isto. Quanto ao resto concordo consigo cada um deve valorizar e analisar o comportamento deste Governo de acordo com a sua visão e os seus juízos de valor. A política deve voltar à saúde, afinal ela sempre cá esteve, haverá outro ministro que terá sido tão escrutinado como este, alvo de tantas desconfianças ou suposições. Discutamos o financiamento, a combinação público-privada, as parcerias público-privadas, a necessidade de requalificar a rede hospitalar (eu preferiria discutir o encerramento de alguns deles (com taxas de ocupação de 50 a 60%, demórias médias de mais de 10 dias, 1 a 3 intervenções cirúrgicas urgentes/dia, 2 partos dia (57% cesarianas, hospitais com 41médicos/63 enfermeiros/44 camas, 41.386 urgências (1.262 internadas e 3.483 transferidas) 1,35 cirurgias/dia), etc. Deixo aqui uma dica para quem goste de políticas de financiamento leiam atentamente o Documento do Grupo de Trabalho Catalão para a racionalização e o financiamento do gasto em saúde de fevereiro de 2005, " Documento del Grupo de trabajo para la racionalización y la financiación del gasto sanitario" que podem encontrar na internet por exemplo em : http://www.gencat.net/salut/depsan/units/sanitat/html/es/dir103/doc8702.html e http://www.correofarmaceutico.com/documentos/070105_infesp.pdf.
Caro Avicena:
Em primeiro lugar, venho dar a mão à palmatória sobre o que escrevi relativamente ao copy/paste do programa eleitoral/programa de governo. O erro sucedeu (...o meu subconsciente puxa-me para outras matizes) porque tomei como referência o programa eleitoral de 2002 e não, como devia, o de 2005.
Peço, por isso, as minhas desculpas aos leitores do blogue.
Quanto ao resto, a principal diferença reside no tipo de leitura (esta depende do posicionamento ideológico) e na ênfase e no significado a atribuir aos números (estes não devem ser meras estatísticas).
Não podemos andar a comparar mortalidade infantil (onde estamos bem)com a Europa e, os AVC's (onde estamos mal) com Portugal alguns anos atrás (onde estavamos péssimos).
Aliás, os números em Saúde, absolutamente necessários, precisam de ser escrutinados - não pelo governo (que poderá triar)ou organismos governamentais sofrendo das emesmas peias, mas por organismos credíveis, autónomos.
Temos, como exº., o caso recente do conflito em evolução entre o Sindicato dos Enfermeiros e a Administração do Hospital de S. João. Segundo o sindicato são devidas a seus associados que aí prestam serviços - 50.000 horas de trabalho extraordinário. O HSJ vem dizer que são só 20.000 h. O sindicato retorquiu que são 50.000 e não saímos disto.
Entretanto a administração do HSJ faz pressão para que parte dessas horas em dívida (desde há 2 anos?) deverão ser substituidas por ... folgas compensatórias!
E o filme vai continuar.
De qualquer maneira, eu que estou de fora, tenho o direito de me interrogar:
1. Mesmo que fossem "só" 20.000 h, porque estão em atraso?
2. Como podemos confiar nas contas apresentadas por EPE se diferem pagamentos?
Este pequeno exemplo mostra a "perversão" do sistema.
Boas contas não é só diminuir os custos, conseguir ganhos de eficiência, etc. É, também, para a maioria dos portugueses, pagar a tempo e as horas - 1 cêntimo ou 1M €'s.
Finalmente, quanto à sugestão de discussão sobre o financiamento (ou a sustentabilidade) da Saúde.
Todos estamos interessados nisso...
mas...
Desconheço se os dados do famoso relatório estão acessíveis em algum recanto do MS, se vão sair em folhetim no DE, ou serão fragmentados em meetings, conferências, entrevistas, etc...
Mas, para o comum dos mortais, é assim:
"tudo como dantes, no quartel-general em Abrantes"...
ou,
na Av. João Crisóstomo (não escrevo o nº.)
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