Um alerta necessário !
O “esvaziamento” do SNS através do aliciamento pelo sector privado do “capital humano” – não só os médicos - aí residente, vai questionar – a breve prazo – algo muito mais importante do que simples migrações de quadros.
Estas “transferências” vão pôr em causa pilares fundamentais do SNS, nomeadamente, a equidade no acesso à qualidade dos serviços. Esta é – em última análise - a enorme, por vezes invisível, garantia que esses líderes – médicos, enfermeiros, gestores, etc. – emprestam ao sector público da saúde. Não quero começar por abordar a ausência de políticas de incentivos, que grassa no sector público, atingindo a motivação de todos esses profissionais, embora considere essa análise, imprescindível e inadiável.
As mais recentes e visíveis estratégias do sector privado quanto ao recrutamento de líderes colocam, na primeira linha, os incontornáveis problemas da renovação e refrescamento dos quadros. E estes problemas entroncam-se na formação e na educação contínua.
O SNS tem sido um verdadeiro alfobre na formação pós graduada e no tirocínio, com particular relevância, para os chamados “líderes de opinião médicos”, designação que não aprecio. A capacidade formativa do SNS é notável, está bem estruturada e quem frequenta as reuniões dos boards da UEMS sabe, como em muitas especialidades, os nossos programas curriculares de formação, são tidos como referências. Claro que poderemos questionar se o que está no papel corresponde efectivamente às práticas, mas isso, é outro assunto que nos levaria longe.
É nessa imensa capacidade formativa do SNS que residem as múltiplas oportunidades de renovação de quadros e se sedimenta os conceitos de qualidade, excelência, etc. A amputação selectiva pelo sector privado destes diferenciados quadros (ou, se quisermos, líderes), representa um golpe mortal no coração da formação e na persecução de bons níveis de cuidados. É a política do “cuco”, ave que – como sabemos - põe os ovos em ninhos alheios.
O facto de algumas instituições hospitalares privadas pretenderem entrar no “circuito da formação”, deverá ser entendida como uma ponderada estratégia de recursos humanos, preocupada com o futuro, e terá como objectivo o cabal aproveitamento dos quadros qualificados que “importou” do SNS. Uma estratégia para o futuro porque sabe que está a “secar” a capacidade formativa do sistema público de saúde e, se não se lançar nessa empresa, em breve, terá de importar quadros qualificados do estrangeiro, necessariamente mais onerosos.
Todavia, esta pretensão do sector privado é, também, uma arrogância. O movimento assistencial previsível para este sector, nunca será suficiente alargado (de preferência, só a “carninha da perna”) para proporcionar uma formação eclética e sólida nas diferentes diferenciações, especialidades e valências. O SNS, onde cabe tudo desde “a carne limpa até ao osso”, oferece a todos os profissionais de saúde condições ímpares de formação. Neste momento, em processo acelerado de degradação.
A sobrevivência do SNS passa – também - por aí. Por defender as virtualidades do sistema, entre elas, a sua universalidade.
O cerco está montado. E o circo, também.
Estas “transferências” vão pôr em causa pilares fundamentais do SNS, nomeadamente, a equidade no acesso à qualidade dos serviços. Esta é – em última análise - a enorme, por vezes invisível, garantia que esses líderes – médicos, enfermeiros, gestores, etc. – emprestam ao sector público da saúde. Não quero começar por abordar a ausência de políticas de incentivos, que grassa no sector público, atingindo a motivação de todos esses profissionais, embora considere essa análise, imprescindível e inadiável.
As mais recentes e visíveis estratégias do sector privado quanto ao recrutamento de líderes colocam, na primeira linha, os incontornáveis problemas da renovação e refrescamento dos quadros. E estes problemas entroncam-se na formação e na educação contínua.
O SNS tem sido um verdadeiro alfobre na formação pós graduada e no tirocínio, com particular relevância, para os chamados “líderes de opinião médicos”, designação que não aprecio. A capacidade formativa do SNS é notável, está bem estruturada e quem frequenta as reuniões dos boards da UEMS sabe, como em muitas especialidades, os nossos programas curriculares de formação, são tidos como referências. Claro que poderemos questionar se o que está no papel corresponde efectivamente às práticas, mas isso, é outro assunto que nos levaria longe.
É nessa imensa capacidade formativa do SNS que residem as múltiplas oportunidades de renovação de quadros e se sedimenta os conceitos de qualidade, excelência, etc. A amputação selectiva pelo sector privado destes diferenciados quadros (ou, se quisermos, líderes), representa um golpe mortal no coração da formação e na persecução de bons níveis de cuidados. É a política do “cuco”, ave que – como sabemos - põe os ovos em ninhos alheios.
O facto de algumas instituições hospitalares privadas pretenderem entrar no “circuito da formação”, deverá ser entendida como uma ponderada estratégia de recursos humanos, preocupada com o futuro, e terá como objectivo o cabal aproveitamento dos quadros qualificados que “importou” do SNS. Uma estratégia para o futuro porque sabe que está a “secar” a capacidade formativa do sistema público de saúde e, se não se lançar nessa empresa, em breve, terá de importar quadros qualificados do estrangeiro, necessariamente mais onerosos.
Todavia, esta pretensão do sector privado é, também, uma arrogância. O movimento assistencial previsível para este sector, nunca será suficiente alargado (de preferência, só a “carninha da perna”) para proporcionar uma formação eclética e sólida nas diferentes diferenciações, especialidades e valências. O SNS, onde cabe tudo desde “a carne limpa até ao osso”, oferece a todos os profissionais de saúde condições ímpares de formação. Neste momento, em processo acelerado de degradação.
A sobrevivência do SNS passa – também - por aí. Por defender as virtualidades do sistema, entre elas, a sua universalidade.
O cerco está montado. E o circo, também.
É-Pá
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