Tabagismo
No "Público" de hoje vem um curto artigo de VPV link sobre o tabagismo que - como habitualmente - sendo personalizado e marginal ao politicamente correcto é bastante pertinente.
A sensação, para mim, emergente de toda esta campanha anti-tabágica, que varre o Mundo, é uma delirante aposta na repressão, a par de um inquietante desmazelo na prevenção.
Quanto custa ao Estado - não a prevenção incipiente que se desenha - uma prevenção eficaz?
Terei de pagar algum imposto complementar, excepcional e transitório (até deixar de fumar)para isso?
Declaração de interesses: sou fumador.
A sensação, para mim, emergente de toda esta campanha anti-tabágica, que varre o Mundo, é uma delirante aposta na repressão, a par de um inquietante desmazelo na prevenção.
Quanto custa ao Estado - não a prevenção incipiente que se desenha - uma prevenção eficaz?
Terei de pagar algum imposto complementar, excepcional e transitório (até deixar de fumar)para isso?
Declaração de interesses: sou fumador.
É-Pá
6 Comments:
Nós, fumadores, não podemos escamotear o facto de termos conhecimento dos malefícios que provoca em nós próprios e ( aao que parece, embora ainda pouco fundamentado) em quem nos rodeia.
Não podemos querer um eterno estado paternalista, sem a assumpção dos males das nossas escoilhas individuais.
Informação existe, parece é que a mensagem não passa. Bem ao contrário, nesta altura, em que mais se fala do assunto, tem o condão de impelir cada vez mais à iniciação do vício (há hoje cada vez mais mulheres e jovens fumadores).
... Que todos morreremos, não há dúvidas.
Que muitos "morrem cheios de saúde" também é conhecido.
O que não pode, porque não é assertivo e não é pedagógicamente correcto, é fazer política apocalíptica de "terapia de choque", como seja (tal como no Brasil), expôr fotografias de moribundos, impotentes e afins... Mas, imperdoável, imperdoável, é mesmo acenarem com números. è sobejamente sabido, mais que sabido, que os impostos pagos pelos fumadores lhes pagam (aos próprios e aos outros) os tratamentos a que poderão vir a ser submetidos, e ... muitas outras coisas, nomeadamente, o lugar de alguns que acham políticamente correcto despenalizar (ao menos) as drogas leves.
Já agora: se para as drogas ilícitas existem medicamentação de substituição gratuita, porque não promove oestado o mesmo em relação à dependência de nicotina?
Por outro lado, existe um problema bem maior, pelo qual ninguém se interessa. O do alcoolismo. Somos um país de alcoólicos. O etanol provoca alterações tais que muitos crimes são cometidos quando presente.
O tabaco... bem sei, pode ter um cheiro desagradável, pode, alegada e eventualmente, provocar de forma lenta, danos em terceiros conviventes com o fumador (nada até agora suficientemente provado) - mas... nunca certamente ninguém terá ouvido dizer que se atropelou alguém por excesso de tabaco, que houve uma cena de viloência doméstica por excesso de tabaco...
Caro É-Pá
Portugal é o país da União Europeia (UE25) com o maior número de não fumadores, uma vez que 64 por cento dos portugueses
declara nunca ter fumado, 24 por cento declara-se como fumador e 12 por cento declara-se com ex-fumador. Os portugueses aprovam a proibição de fumar em escritórios e locais fechados e 91 por cento aprovam a interdição de fumar em todos os espaços públicos fechados.
" O tabaco... bem sei, pode ter um cheiro desagradável, pode, alegada e eventualmente, provocar de forma lenta, danos em terceiros conviventes com o fumador (nada até agora suficientemente provado)"
Aqui fica algumas das evidências publicadas:
Uma revisão de literatura realizada pela OMS-CIIC concluiu que, para os não
fumadores que vivem com um fumador, o risco de contrair cancro do pulmão é
superior em 20% a 30%. O risco acrescido da exposição no local de trabalho foi
calculado em 12% a 19% (International Agency for Research on Cancer (2002)). As relações entre exposição ao FTA e outros tipos de cancro são menos claras.
Sabe-se que viver com um fumador aumenta o risco de doenças cardíacas coronárias para os não fumadores em 25% a 30%"Whincup P et al (2004). Passive smoking and the risk of coronary heart disease and stroke: prospective study with cotinine measurement BMJ 329 (7459) pp 200-205". Há cada vez mais indícios de existência de uma
relação causal entre tabagismo passivo e acidentes vasculares cerebrais nos não fumadores, embora seja necessária investigação suplementar para estimar esse risco "Bonita R, Duncan J, Truelsen T, Jackson RT, Beaglehole R. Passive smoking as well as active smoking
increases the risk of acute stroke. Tob Control. 1999 Summer;8(2):156-60." O tabagismo passivo está associado a doenças respiratórias " Jaakkola JJ, Jaakkola MS. Effects of environmental tobacco smoke on the respiratory health of adults.
Scand J Work Environ Health. 2002;28 Suppl 2:52-70." e é um importante factor de agravamento para pessoas com asma, alergias e doenças pulmonares obstrutivas crónicas conducentes à exclusão social e laboral. O tabagismo passivo é especialmente perigoso para recém-nascidos e crianças de
tenra idade, estando associado à morte súbita do recém-nascido, à pneumonia,bronquite, asma e aos sintomas respiratórios, bem como às patologias do ouvido médio. A exposição das mulheres grávidas ao FTA pode ser causa de baixo peso do
bebé à nascença, morte fetal e parto prematuro ".
De acordo com as estimativas mais recentes – aliás, conservadoras - da parceria entre
a Sociedade Respiratória Europeia (European Respiratory Society), a fundação Investigação do Cancro do Reino Unido (Cancer Research UK) e o Instituto Nacional do Cancro (Institut National du Cancer) francês, morrem anualmente mais
de 79 000 adultos em consequência do tabagismo passivo nos 25 países da UE.
Sabe-se que o tabagismo passivo no local de trabalho provocou mais de 7 000 mortes na UE em 2002, enquanto a exposição em casa foi responsável por mais 72 000 mortes. Estas estimativas incluem a mortalidade devida a doenças cardíacas, acidentes vasculares cerebrais, cancro do pulmão e algumas doenças respiratórias
provocadas pelo tabagismo passivo. Omitem porém a mortalidade nos adultos devida a outras doenças relacionadas com a exposição ao FTA (como a pneumonia), a
mortalidade infantil e ainda a significativa morbilidade, aguda e crónica, provocada
pelo tabagismo passivo " Jamrozik K., "An estimate of deaths attributable to passive smoking in Europe", Lifting the
smokescreen.,."
"Terei de pagar algum imposto complementar, excepcional e transitório (até deixar de fumar)para isso? "
Se existe evidência puvblicada é a de que a medida mais efectiva para reduzir a prevalência e o consumo de produtos de tabaco é o aumento de preço. Os estudos acessíveis na literatura internacional revelam que, em média, um aumento real de preço de 10% reduziria a procura de produtos de tabaco em cerca de 4% nos países de renda elevada e em cerca de 8% nos países de renda média ou baixa.
Reivindico direitos iguais.
Sim à legalização do hax.
Se os portugueses podem fumar a seu bel prazer nos restaurantes, pastelarias, tascos e outros que tais, porque não poderei eu enrolar o meu cigarrito de hax?
Caro Avicena:
Lá levei - outra vez - com uma outra arrazoada de números, estatísticas, probabilidades, estudos, etc.
Desnecessárias. O que escrevi não mostra que nutra qualquer dúvida sobre os malefícios do tabaco, nomeadamente, para o consumidor, o que seria incompreensível para um profissional de saúde.
Enquanto fumador, tenho, neste momento, sem estarem (ainda) em vigor legislações restritivas (ia a dizer "fundamentalistas"), um profundo constrangimento (social) em fumar nos edifícios públicos e em recintos fechados que me leva a uma total inibição. Atitude que deriva da minha concepção de sociabilidade e não de qualquer intervenção legal, punitiva.
Quando me referi à eventualidade (interrogativa) se "Terei de pagar algum imposto complementar, excepcional e transitório (até deixar de fumar) para isso? "... o "isso", referia-se a eventualidade de ter de subvencionar a indispensável aposta, pelos serviços públicos, numa eficiente na prevenção anti-tabágica, para os tais 24% da população). O tal princípio do poluidor pagador.
Quanto ao fumo passivo as questões existem é certo, poderão inclusivé ser graves, mas não serão tão evidentes como faz crer.
Sugeria-lhe, para ter oportunidade de encontrar contraditórios, a procurar alguns sites disponíveis:
Jonsson Comprehensive Cancer Center , University of California , Los Angeles , California , USA . 2006;
http://www.ama-assn.org/public/peer/7_15_98/jpv71013.htm
http://www.forces.org/evidence/prologue.htm ;
Environmental tobacco smoke and tobacco related mortality in a prospective study of Californians, 1960-98;
http://www.forces.org/evidence/long-list.htm;
http://www.fumento.com/disease/passive-smoking.html; http://henrysturman.com/english/articles/passivesmoking.html;
http://www.worldsmokersday.org/ets/ ...
Fundamentalmente, a questão do fumo passivo é, em primeira instância, o respeito pela simples existência de não fumadores.
Independentemente, de algumas "não evidências", transformadas em dogmas, que poderam andar a passear por aí (por cá).
Errata:
Onde se lê:
"Independentemente, de algumas "não evidências", transformadas em dogmas, que poderam andar a passear por aí (por cá)".
Deve-se ler:
Independentemente, de algumas "não evidências", transformadas em dogmas, que podem andar a passear por aí (por cá).
Não sei o que diga, mas quando vejo por aqui pessoas a dar mais valor aos financiamentos do que o valor da vida humana, sinceramente ... não tenho palavras. E assim vai a saúde dos portugueses.
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