domingo, julho 1

Assim, não vamos longe!

É impressionante como se pode fazer a inversão do conceito de "lealdade", que é a nova moda na função pública, a propósito de tudo e nada.
Em meu entender, se houve alguma deslealdade, essa foi cometida pelo MS. Na verdade, o Ministro referiu-se - provavelmente com inconseguida intenção pedagógica - de modo displiscente e impróprios a serviços estrutural e funcionalmente dependentes do seu Ministério, os SAP's, que (ainda) estão em funcionamento e, ao que me parece, mantêm-se dentro de um quadro legal.
O Ministro ao referir-se aos SAP's, nos termos em que o fez, "apoucou" todos os profisisonais de saúde que aí - muitas vezes em condiçõe difíceis - trabalham. A realidade, mostra que muito embora exista a vontade política de os reformar - na consequência do estudo sobre a reestruturação das urgências - em muitas partes do País, ou por não existirem alternativas ou decorrente de negociações efectuadas com as autarquias, eles continuam em funcionamento, sobre a responsabilidade última do MS.

Ao veicular através da Imprensa o seu afectivo e efectivo divórcio destes serviços, o Ministro, amputa (voluntáriamente) o seu papel de supervisão sobre as estruturas (ainda) a funcionar no terreno. O Ministro é o derradeiro responsável pelas estruturas de Saúde, integradas no SNS, que continuam no terreno (pese embora a intenção de as encerrar). Ao afirmar que nunca poria lá os pés, tacitamente, demite-se das suas naturais competências, abdica de parte da sua sua tutela.
Não foi responsabilizado por esta gaffe ( devia ter sido).
Porque as declarações proferidas, há 1 ano, no regresso de férias, ainda sem nenhuma alternativa discutida ou implementada, merecem quaisquer tipos de comentários - jocoso, satíricos, ou outros. As declarações que fez na altura são politicamente irresponsáveis e achincalhadoras - desleais - para os trabalhadores da saúde, que aí prestam serviço.
Portanto quer a irresponsabilidade, quer a deslealadade, existem, só que não estão contempladas no referido e contestado despacho do MS (13.288/2007).
De facto, neste momento o tal cartaz atingiu - a contragosto - a credibilidade política do Ministro. É o efeito "boomerang".

Fiquemos por aqui para não voltarmos a falar sobre questões relativas aos direitos fundamentais dos cidadãos que, nas últimas declarações que ouvi, parecem eclipsar-se à porta destas instalações públicas, assim transformadas em "ilhas" de silêncio obrigatório e em piedosas catedrais da penumbra, onde não se respira um "ar" democrático.
Assim, não vamos longe...
É-Pá

1 Comments:

Blogger Carago said...

Infelizmente o narcisismo do Sr. Ministro leva-o a ser como que um primeiro-ministro das gaffes...dá ideia de que quando se levanta e se olha ao espelho, vai além do clássico "Espelho meu, haverá alguém mais belo [e inteligente, já agora ]do que eu ?"...A pergunta deve ser algo do género " Sobre que vou eu opinar hoje para a comunicação social?"
E como se não bastasse a asneirada, ainda a repisa...não haverá alguém que o saiba aconselhar ?

1:04 da manhã  

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