segunda-feira, outubro 22

Listas de espera cirúrgicas



O recente relatório da auditoria do Tribunal de Contas link sobre o acesso aos cuidados de saúde, é particularmente crítico em relação às políticas de combate às listas de espera.

Os tempos de espera (TE) cirúrgicos constituem um grave problema no acesso dos portugueses aos cuidados de saúde.

É um facto.

Há a referir, no entanto, que relativamente aos dados do relatório do TC a situação tem evoluído favoravelmente no corrente ano link:
- TE (mediana do TE nacional): 6,8 meses (31 dez 06) para 5,0 (jun 07), variação: - 26,5%;
- N.º de episódios: 226.113 (dez 06) para 208.632 (jun 07), variação: -7,7%;
- Doentes c/ espera superior a 1 ano: 61.706 (31 dez 06) para 41.997 (jun 07), variação: -31,9%;
- Actividade cirúrgica: 181.248 (1.º semestre 06) para 195.405 (jun 07), variação: + 7,8%.

Vamos aguardar pelos resultados do 2.º semestre de 2007, certos que, nesta matéria, o MS está a fazer bem o seu trabalho.

10 Comments:

Blogger Clara said...

A implementação do SIGIC não se traduziu numa melhor utilização da capacidade instalada, atendendo a que a “taxa de utilização do bloco” diminuiu no grupo de referência (passou de 65% em 2003 para 61% em 2005) e no grupo de controlo (passou de 50% em 2003 para 49% em 2005) e a “taxa de ocupação de camas” diminuiu no grupo de referência (passou de 80% em 2003 para 77% em 2004 e 2005) e aumentou no grupo de controlo, (passou de 82% em 2003 para 84% em 2004 e 2005).
Relatório do TC

Será que o TC levou em linha de conta o aumento da actividade cirurgica do ambulatório?

6:01 da manhã  
Blogger Joaopedro said...

O Jornal Público (edição de 21.10.07) podia (devia) ter inserido os dados mais recentes sobre as LIC.

«Em Dezembro de 2006, a média e a mediana de tempo de espera por uma cirurgia eram, a nível nacional, de 10 e sete meses,respectivamente.»

A mediana do Tempo de Espera nacional em 30 de Junho 2007 é de 5,0 meses bem abaixo dos referidos 7,0 meses.
A coisa assim ficou mais dramática.

1:12 da tarde  
Blogger cotovia said...

Logo na pareciação geral (conclusões, página 12), o relatório do TC é contundente em relação a este projecto do MS que parecia caminhar tão bem...

O acesso aos cuidados de saúde cirúrgicos encontra-se dificultado pela morosidade na marcação quer de consulta no
centro de saúde quer da 1ª consulta hospitalar, pressupostos que condicionam a dimensão da LIC e os tempos de espera
para cirurgia.
Assim, embora o SIGIC apresente resultados positivos ao nível da diminuição das média e mediana do tempo de espera,
não pode deixar de se ter presente que os constrangimentos anteriormente referidos, devem ser tidos em conta para
efeito de avaliação do tempo real de espera de resolução do problema cirúrgico.
O SIGIC introduziu melhorias ao nível da centralização da informação dos inscritos para cirurgia e de uma maior
transparência na relação com o utente.
De salientar, ainda, que a criação das UHGIC promoveu a centralização dentro de cada hospital do controlo da LIC e da
actualização da informação administrativa e clínica dos inscritos, permitindo um melhor acompanhamento e controlo da
produção cirúrgica dos vários serviços, nomeadamente em termos dos tempos de espera, existindo, ainda, uma maior
transparência na relação do hospital com o utente, para o qual são definidos direitos e deveres.
Todavia, o SIGIC não conseguiu atingir, em pleno, os objectivos de universalidade e de equidade no tratamento
de utentes e de rentabilização da capacidade instalada dos hospitais, não tendo influenciado, no horizonte de
tempo analisado, a produção, a produtividade ou a eficiência financeira.
O Manual do SIGIC refere um tempo máximo de espera de 12 meses (ponto 9 – glossário fls. IX-6). Todavia, este Manual
não foi aprovado formalmente pelo Ministro da Saúde, nem foi publicado despacho daquele membro do Governo de
fixação de um tempo máximo de espera. Conclui-se, assim, não existir um tempo máximo de espera formalmente
definido.

1:45 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

As leituras que têm sido feitas parecem-me exageradas em vários sentidos.

O SIGIC é antes de tudo um sistema informático. O seu primeiro e principal benefício foi, e é, a criação de informação sobre a situação das listas de espera. A discussão sobre os tempos medianos de espera não era simplesmente possível antes da sua criação. Este aspecto é só por si um sucesso do programa.

Em segundo lugar, o problema da articulação entre os cuidados de saúde primários e os hospitais, é deficiente, já se sabe. Mas esse não é um problema da lista de espera para cirurgia. A critica do TC aplica-se à incapacidade de saber o tempo de espera total, desde que um doente contacta o sistema até que dele sai. O sistema informático para listas de cirurgias intervem apenas numa das partes do sistema.

É natural que um melhor sistema de informação permita uma melhor gestão da capacidade instalada, mas será de esperar que tal suceda de um momento para o outro? possivelmente ainda não demos tempo para que ocorram esses ganhos dentro dos hospitais. Mas mesmo que não ocorram, não será culpa do sistema informática por si, mas de quem não o usou.

Fica a sensação de que se esperava demais do SIGIC, mas isso não deve fazer perder de vista o caminho já percorrido.

Repare-se que em vez de se estar a discutir se a lista tem x ou y inscritos, já fala em tempo de espera, e que a reacção do Ministério da Saúde foi dizer que desde o momento em que a informação foi recolhida pelo TC até hoje, já houve mudanças, e não que os números estão errados.

Tudo isto me faz crer que a vontade de "ver sangue" da imprensa acabou por prevalecer sobre uma análise mais objectiva. Contrariamente a muitos comentadores e opiniões, e com mesma informação que está no relatório do TC, retiro uma opinião favorável: deu-se um passo, ou vários, em frente; ainda não chegamos tão longe quanto se pretendia, mas vai-se no caminho certo.

2:00 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Paciência!... Eu não alinho nas louvaninhas ao MS.
Para que viessem a lume os dados publicados no portal da saúde foi preciso sair o relatório, crítico, do TC. Logo, quando a esmola é grande o pobre desconfia.
E os dados publicados no portal do MS estão validados por entidade independente? Logo, todas as dúvidas são admitidas!
Mas ainda assim, permito-me destacar a falta de equidade e de universalidade referidas pelo TC.
Depois, veja-se a seguinte passagem do relatório do TC: " a nível nacional o sistema de informação nem sempre é fiável...".
A partir daqui, e conhecendo-se os Sistemas de Informação dos HH, é sempre possível "albardar o burro à vontade do dono".
Continuando a pensar no gado azinino, temos que recordadr que: todo o burro come palha, é preciso é saber-lha dar.
E que dizer dos tempos de espera para a realização da 1ª consulta, quer nos CS quer nos hospitais.
Como diz o TC não contam para os tempos de espera e chegam a ultrapassar um ano! E parece ter havido um agravamento entre 2005 e 2006! Como explicá-lo?!
A terminar: que dizer do valor dos emolumentos do TC, 16 000 euros, quando comparado com os 41 000 euros pagos ao consultor externo?!

5:12 da tarde  
Blogger helena said...

Estamos no caminho certo!

Compared to 1993, wait times in 2007 are 97 per cent longer.

The average wait time for a Canadian awaiting surgery or other medical treatment is now 18.3 weeks, a new high.

That's an increase of 97 per cent over 14 years, the report says.
"Canadians wait longer than Americans, Germans, and Swedes for cardiac care, although not as long as New Zealanders or the British,".

"Economists attempting to quantify the cost of this waiting time have estimated it to amount to $1,100 to $5,600 annually per patient."

8:03 da tarde  
Blogger helena said...

% de doentes à espera de uma cirurgia há mais de 12 meses:

Alemanha: 19,4%;
Itália: 13,3%;
Holanda: 15,2%;
Noruega: 28,0 %;
Portugal: 58,1%;
Espanha: 18,5%;
Suiça: 16,1;
Reino unido: 41,7%

Em 2007 a % de doentes em LIC com TE superiores a doze meses (diagnósticos não prioritários) não ultrapassa os 13%.

É obra!



Tackling Excessive Waiting Times for Elective
Surgery: A Comparison of Policies in Twelve OECD
Countries
Jeremy Hurst and Luigi Siciliani

8:31 da tarde  
Blogger helena said...

Os dados da tabela anterior referem-se ao ano de 1990.

8:41 da tarde  
Blogger cardeal patriarca said...

Com o devido respeito deve-se olhar para a qualidade dos doentes que estão em lista de espera - doentes oncológicos por exemplo, em detrimento da quantidade.

E isso é uma coisa que não se faz. Quanto tempo pode esperar um doente com um cancro da mama ou um melanoma - Nenhum !

Quanto tenpo pode esperar uma pequena hérnia inguinal ? Muito !

4:24 da tarde  
Blogger drfeelgood said...

Caro Cardeal

Sobre os tempos de espera oncológicos, consulte a LIC dos IPOs.link

5:54 da tarde  

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