sábado, novembro 24

Good old days


Canas Mendes atira-se ao modelo EPE
Num debate promovido pela candidatura «Mais Ordem — Melhores Médicos», realizado na Casa da Cultura de Coimbra, no passado dia 14, Pedro Canas Mendes, que durante sete anos foi presidente do conselho de administração do Hospital de Curry Cabral, em Lisboa, estabeleceu o paralelo entre a gestão dos hospitais do modelo SPA (sector público administrativo) e a dos modelo EPE (sector público empresarial), apontando desvantagens da «suposta evolução para a empresarialização».
Nos hospitais SPA «é possível gerir por objectivos, dar incentivos aos profissionais, fazer contracting out, contratualizar internamente e descentralizar a gestão dos serviços, gerir financeiramente para os resultados, ter maior flexibilidade na produção de bens e serviços, departamentar, criar unidades funcionais autónomas, etc.», considerou o médico. Já a «evolução para a empresarialização — que foi, é e há-de vir a ser apresentada como uma panaceia para todos os problemas do sistema público, aumenta a conflitualidade e diminui a coesão interna das organizações — o maior bem da gestão hospitalar, que demora anos a construir» —, na medida em que «coloca no terreno profissionais com diferentes vínculos ao hospital e potencia a destruição das relações hierárquicas clássicas».

Segundo Canas Mendes, os EPE, «teoricamente mais autónomos, para concretizarem as suas decisões de gestão dependem da unidade de missão respectiva — que se comporta muitas vezes como o senhor todo-poderoso, devido à sua proximidade com os gabinetes ministeriais — e as decisões que aparentemente seriam mais flexíveis e rápidas no sector empresarializado tornam-se mais difíceis ou até mesmo impossíveis em relação ao SPA, onde há maior distância e menor pressão».

Os hospitais do SPA apenas «perdem terreno» na menor margem de manobra relativamente às aquisições de bens e serviços, mas mesmo essa poderá não ser, na opinião de Canas Mendes, uma vantagem no que toca à «probidade e eficiência de utilização dos recursos». Relativamente aos recursos humanos, «o contrato individual de trabalho é, neste momento, passível de ser aplicado num e noutro modelo de gestão».

O administrador hospitalar, que em breve assumirá funções no Hospital Particular de Lisboa, considera que são os recursos humanos que fazem a diferença de resultados. «Uma organização hospitalar de SPA com profissionais tecnicamente qualificados, eficientes, empenhados, consegue competir e obter os mesmos resultados que os hospitais empresarializados», disse Canas Mendes, que considerou ainda essencial que a estrutura tenha nos níveis de governação clínica e nos lugares de topo os médicos, «os mais bem preparados para exercer funções de gestão num hospital».
TM eleições 26.11.07
CM, em convalescência da sua saída do Hospital Curry Cabral, revela-se nesta intervenção um ferrenho defensor do modelo SPA . O mais apto às grandes performances. Como, aliás, conclui o recente relatório do Tribunal de Contas (TC), “Acompanhamento da Situação Económico Financeira do SNS 2006”.
A maior distância dos gabinetes ministeriais é que tramaram o mais mal amado AH de CC.

3 Comments:

Blogger Hospitaisepe said...

Sindroma do Martim Moniz

Numa próxima rotação do Bloco Central ainda vamos ver o inefável Canas Mendes pendurado num dos galhos mais altos do MS.

Na minha terra quem sabe trepar no coqueiro é rei.

1:34 da tarde  
Blogger e-pá! said...

"THE DESTRUTION OF BRITAIN'S HELATH
SERVICE
(Sicko 2) - Michael Moore

In his latest column for the New Statesman, John Pilger describes how the notorious US healthcare companies exposed by Michael Moore in his film, Sicko, are now invading Britain and warms of the destruction by stealth of the model for universal for health care, Britain's acclaimed National Health Service.

Lying back in a hospital ward, the procedure done and successful, a cup of tea going down nicely with the last of the morphine, you are a spectator to the best. By the best, I mean a glimpse of society with none of the dogmatic histrionics of a media and political class determined to change the way we think. That is the worst. By the best I mean, unforgettably, the spectacle of the miners of Murton, County Durham, emerging from the mist of a cold March morning, with the women marching first, going back to the pit. No matter their defeat by superior forces, they were the best.

In a hospital ward, the best is more likely mundane, with people working routinely, listening, responding, reassuring. Their vocabulary is not corporate-speak. Their “productivity” is not a device of profit. Their commitment has no bottom line, and their camaraderie is like a presence; and you become part of it. The common thread is humanity and caring. How exotic that sounds. Turn on the ward’s television and there is a weird other-world of “news”, with famous dullards spinning the latest destruction of society.

There is the mad Blair calling for an attack on Iran and the education secretary Ed Balls peddling his dodgy diplomas, and prime minister Gordon Brown, fresh from entertaining Rupert Murdoch and Alan Greenspan, announcing his “return of liberty” along with his latest “reforms” that are malignancies on the one institution that embodies liberty in Britain: the National Health Service. None of them has the slightest connection with the people running my ward. The divide in modern Britain is between a society represented by those who keep the Health Service going, and its mutation epitomised by Blair's and Brown's Labour government.

In Michael Moore’s Sicko, the socialist Tony Benn predicts a revolution in Britain if the NHS is abolished. But Britain's Health Service is being destroyed by attrition, and if the latest “reforms” are not stopped, it will be too late to erect barricades. On 5 October, the Health Secretary, Alan Johnson, approved a list of fourteen companies that will advise on and take over the “commissioning” of NHS services. They will be given influence, if not eventually control, over which treatments patients receive and who provides them. They are assured multimillions in profits.

They include the US companies UnitedHealth, Aetna and Humana. These totalitarian organisations have been repeatedly fined for their notorious role in the American health-care system. Last year, UnitedHealth’s chief executive, William McGuire, who was paid $125m a year, resigned following a share-option scandal. In September, the company agreed to pay out $20m in fines “for failures in processing claims and responding to patient complaints”. Aetna has had to pay $120m in damages after a California jury found it guilty of “malice, oppression and fraud”. In Sicko, a medical reviewer for Humana is shown testifying to Congress that she caused the death of a man by denying him care in order to save the company money. Every year, some 18,000 Americans die because they are denied health care or they cannot afford it.

These companies are the Labour government’s friends. Simon Stevens, Blair’s former health policy adviser, is now a CEO at UnitedHealth. Julian Le Grand, writing in the Guardian as a distinguished professor, gives his learned approval to the “reforms” – he, too, was Blair’s adviser.

In Manchester, other “reforms” are well on the way to destroying NHS services for the mentally ill. William Scott committed suicide after losing the support of an NHS worker who had cared for him for eight years. What all this means is that the NHS is being softened up for privatisation by stealth. This is the undeclared policy of the Brown government, whose rapacious actions abroad are mirrored at home. It was Brown as treasuer who promoted the disastrous "private finance initiative" as a device to build new hospitals, while handing huge profits to favoured companies. As a result, the NHS is being bled by £700m a year. This has caused a wholly unnecessary “financial crisis” that is the catch-22 rationale for allowing more profiteers to take over what was a former Labour government’s greatest achievement. Will we allow them to get away with it?".
John Pilger , 1 Nov 2007.

Que leituras ou filmes ocupam, por estes tempos, a atenção de Canas Mendes?

11:33 da tarde  
Blogger Raven said...

Estará equivocado o Canas Mendes.
O SPA é, de longe, muito pior que o EPE.
E o EPE é, de longe, pior que o SA.
Quando se transformaram os SA em EPE, um dos argumentos fundamentais, se não mesmo O argumento, foi o de garantir que não haveria a famigerada privatização dos Hospitais (e do SNS, por arrastamento).
Passado este tempo, e após a injecção de largas centenas de M€, vemos que, e nas palavras do João Semedo do BE, se mantém o subfinanciamento do SNS.
Pois...
Já a minha Avó dizia: uma franga come o que lhe dão, sem pensar nos dias que vêm ou que vão...

Só possuo uma pequena inquetação: relativamente à Estradas de Portugal, agora transformada em S.A., também não se colocará igual risco de privatização? O Governo diz que não!

Vamos acreditar.

10:21 da manhã  

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