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«É uma coisa orquestrada»
«O bota-abaixo na Saúde» é o título do texto que Isabel do Carmo publicou na edição de Novembro do jornal «Le Monde Diplomatique» que deu o mote para, no passado dia 29 de Novembro, se reunirem especialistas e curiosos na livraria Ler Devagar, onde debateram o estado do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
A abertura do debate ficou a cargo da autora do artigo, para quem «a onda de críticas generalizadas» ao SNS «serve aos que querem um Sistema Nacional de Saúde baseado nos privados».
A endocrinologista acusou as seguradoras de utilizarem a estratégia do «bota-abaixo» para conseguirem angariar mais segurados, numa altura em que se fala já numa saturação do mercado dos seguros de saúde. «É uma coisa orquestrada, uma onda contínua para deitar abaixo o Serviço Nacional de Saúde», criticou Isabel do Carmo.
A contratualização de serviços privados por parte do Estado também foi alvo da censura da médica, para quem há um aproveitamento dos chamados «negócios de morte», como a radioterapia e a hemodiálise, que se não forem feitas o doente não resiste à doença. Segundo Isabel do Carmo, há «manobras de bloqueio» para que os serviços públicos não assegurem estas terapêuticas e lembrou que a hemodiálise é um exemplo dessa estratégia, pois, como é sabido, esta está praticamente toda entregue a privados.
Aquilo que a médica considera ser uma campanha orquestrada contra o SNS traz implicações significativas quando se tem em conta os novos paradigmas da saúde, como o aumento da esperança de vida. «Em 20 anos o número de mortes nos hospitais em doentes com mais de 85 anos passou para o dobro, as pessoas já não morrem em casa», exemplificou, sublinhando que estas são situações a que as seguradoras não dão resposta.
A carência de profissionais nos cuidados de saúde primários é outro dos assuntos que preocupam Isabel do Carmo. Na sua opinião, estes cuidados não se têm desenvolvido nos centros de saúde como nos hospitalais. «Desde há duas décadas que o número de médicos e de enfermeiros é o mesmo», frisou, acrescentando que «há confiança técnica no centro de saúde mas há grandes falhas quantitativas».
Não obstante o quadro negro traçado pela clínica, nada está perdido. Isto desde que a população ponha mãos à obra para salvar o SNS. «Não podemos esperar por soluções vindas de cima», afirmou a médica, criticando a «enorme apatia» dos utentes do SNS, que não se organizam em defesa de um serviço público de Saúde para que este continue geral, universal e tendencialmente gratuito, o que «de facto está em risco».
Não há discussão política
Para comentar o artigo de Isabel do Carmo foi convidado Aranda da Silva, ex-bastonário da Ordem dos Farmacêuticos (OF). Este responsável começou por dizer que se vive um momento em que deixou de haver «discussão política» para haver uma discussão económica do SNS. «O que está em causa é saber qual é o sistema de Saúde adequado ao nosso país e em vez disso andamos a discutir questões marginais», explicou o farmacêutico.
Neste campo, está em causa uma visão economicista da Saúde e a prova disso é a mudança de paradigma mencionada pelo antigo bastonário: «Na área da saúde, a OMS [Organização Mundial de Saúde] deixou de ser citada para passar a ser a OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico].»
Ao reconhecer que há grandes ineficiências (e o exemplo da hemodiálise veio de novo à baila), o antigo bastonário falou do Plano Nacional de Saúde, o qual considera que «é um plano que não passa do papel». As reformas mais «adoradas» pelo executivo de Correia de Campos também não escaparam ao rol de críticas. Cuidados continuados «é um aspecto positivo», reconheceu o farmacêutico, mas este tem «dúvidas de que vá ser posto em prática», o mesmo acontecendo com a reforma dos cuidados de saúde primários, especialmente no que diz respeito às unidades de saúde familiar (USF), as quais estão «a quilómetros» do projectado. «É uma questão de recursos humanos», explicou Aranda da Silva.
A empresarialização da gestão hospitalar também tem, na opinião do ex-dirigente da OF, trazido consequências, sobretudo ao nível da formação médica, pois «os custos da formação passam a ser vistos de forma economicista» e a ser olhados pelas administrações como um peso no orçamento, o que leva a um desinvestimento na formação contínua do pessoal médico.
Os argumentos de Isabel do Carmo e de Aranda da Silva foram corroborados durante o debate, que contou com intervenções de vários quadrantes, desde utentes a profissionais anónimos. Todavia, a conclusões da discussão podem ser resumidas pelas palavras de Isabel do Carmo: «O Serviço Nacional de Saúde tem um carácter geral. Oferece tudo aquilo que é tecnicamente possível para tratar qualquer problema de saúde, desde o nascimento até à morte. Um seguro com a mesma cobertura não teria preço».
TM ONLINE de 2007.12.28
AQUI ESTÁ UM EXEMPLO do BOTA ABAIXO MAIS BÁSICO
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A Saúde encerra o ano fechando mais 5 urgências, 1 bloco de partos, 3 SAP.
Para pouca saúde mais vale nenhuma. Faltará pouco para que ao ministro só lhe reste fechar o próprio Ministério.
O ministro, que ostenta em todas as sondagens o título incontestado de mais impopular membro do Governo, explicou que o fecho de estabelecimentos hospitalares “é para o bem das populações”. Os portugueses, que são tendencialmente lorpas, ainda não tinham percebido. Mas, felizmente, os lorpas dos portugueses escolheram um governo que lhes deu um ministro tão alumiado como o da Saúde para lhes abrir os olhos. Pois não se está mesmo a ver que a solução da saúde é fechar hospitais, como a da educação é encerrar escolas, como a do emprego é liquidar empresas?
E é assim que, “para o bem das populações”, o ministro meteu ombros à tarefa de desmantelar o Serviço Nacional de Saúde, bandeira de socialistas quiméricos e fora de prazo, reduzindo-o à expressão mais simples de enfermarias para indigentes. De resto, quem quiser saúde que a pague e a Constituição da República que se dane mais as suas arengas sobre serviços e cuidados de saúde tendencialmente gratuitos.
A cruzada do ministro da Saúde, que atinge este pico empolgante no final do ano, tem sido pregada por uma alegada Comissão Técnica, sem nomes nem rostos, que mais não deve ser que um heterónimo do próprio ministro para as decisões mais impopulares. De nada lhe serve porque os portugueses, para além de lorpas, são ingratos. De maneira que, sondagem após sondagem, o ministro lá vai caindo, caindo, caindo, caindo, caindo sempre, e sempre, ininterruptamente, nas profundezas da impopularidade. Bem lhe importará. No dia em que cair de vez, sobe.
JPG, DE 27.12.07
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