António Arnaut
Sobre a decisão de José Sócrates em devolver a gestão do Hospital Amadora-Sintra ao Estado:
«Foi um anúncio imprevisto mas muito oportuno, porque era urgente que se subtraísse a Saúde à ganância das multinacionais. José Sócrates percebeu que o partido não aguenta esta política liberal e regressou à matriz do PS» . JP 21.03.08
«Foi um anúncio imprevisto mas muito oportuno, porque era urgente que se subtraísse a Saúde à ganância das multinacionais. José Sócrates percebeu que o partido não aguenta esta política liberal e regressou à matriz do PS» . JP 21.03.08
Vamos seguir com especial atenção a implementação das PPP. Os casos excepcionais de gestão privada de HHs públicos, que o primeiro ministro, José Sócrates, decidiu manter. Para tentar perceber as vantagens que esta experiência pode trazer ao SNS em termos de eficiência e inovação.
3 Comments:
Caro Xavier:
Não podemos subscrever (de ânimo leve e acrítico) António Arnault quando diz sobre as PPP's
" Foi um anúncio imprevisto mas muito oportuno, porque era urgente que se subtraísse a Saúde à ganância das multinacionais. José Sócrates percebeu que o partido não aguenta esta política liberal e regressou à matriz do PS» . JP 21.03.08
E, há cerca de 2 meses, em plena contestação da reforma da urgências - em que CC foi o alvo político por discutidas razões - quando é 1º. subscritor de uma petição promovida pelo BE em defesa do SNS, é tratado como um boicotador da sobreviviênvia do SNS.- ...(não vale a pena repetir).
Na verdade, conjungando estes factos com a chicana política de António Barreto (30 ministros em 30 anos...)
Bem, mas o pior viria a seguir:
"Em menos de dez anos, já se experimentaram três ou quatro modelos diferentes para a gestão hospitalar. Não é possível obter ou manter níveis de satisfação, de eficiência, de poupança e de contenção, já para não dizer também de honestidade, quando um sector de actividade como este é abalado periodicamente por alterações tão fundamentais. É assim que se oferecem recompensas e estímulos irrecusáveis aos oportunistas e aos comerciantes da consulta, da análise, do equipamento e dos medicamentos. É assim que se desmoralizam os operadores económicos e os profissionais sérios. É assim, sobretudo, que se prejudica os utentes e os cidadãos."
Caro antónio Barreto: muitos dos sobressaltos do SNS devem-se a que nos "últimos 10 anos", o SNS deixou-se "enrrolar" pelos operadores económicos (entenda-se Sector Privado da Saúde) e os "profissionais sérios" foram demotivados, afastados, capturados pelos interesses privados e num futuro próximo serão vitimas das tão faladas "mobilidades especiais"...
É claro que terão de existir nuances políticas. Os partidos terão derivas, quer para a esquerda pou para a direita (O Dr. António Barreto - que não foi sempre sociologo e comentador político - foi também ministro, é um exemplo de uma deriva direitista do PS sobre agricultura).
Mas o problema não deve ser aí colcocado!.
Antonio Guterrez foi um acabado exemplo de uma deriva do PS de matriz cristã e humanitária, mas não questionou valores essenciais da doutrina socialista.
O problema do SNS é, como refere, de há 10 anos para cá, o negócio. É o tal "mercado da Saúde".
É a luta entre desenvolver no SNS uma gestão pública honesta, uma prestação de cuidados de qualidade e procurar obter bons resultados e ter de ouvir promessas do tipo intimidatório (irir dizer trauliteiro) do tipo: "O país vai pagar caro a viragem à esquerda do Governo”.
Caro, Sr. Salvador de Mello eu acho que, na minha modesta compreeensão,
o País está farto de pagar!
Aliás, os portugueses não têm feito outra coisa. Chega!
Mas este "qui pro quo" teve pelo menos a vantagem de - ao fim de 10 anos (aqui Barreto tem razão) - fazer (re)pensar um modelo de parcerias publico privadas nos Hospitais.
Na verdade, as PPP's nos HH's chegaram de "mansinho" mas foram tomando folego:
a)"o modelo avançado", i.e., construção + gestão clínica;
b) a "experiência", retorcidamente decalcada da inglesa, tinha dimensões brutais: 10 HH's que agragem um quarto dos utentes do SNS;
c)"Um negócio da china", i.e., um volume de masis de 7.000 milhões de euros e sem riscos (é garantido fundamentalmente pelo Orçamento do Estado).
d)a "fixação de preços anuais" não traz grandes poupanças mas pode ser uma via rárida para a degradação dos cuidados prestados à população;
Os portugueses - em relação As PPP's dos HH's, que já vêm de longe, sempre pensaram a que as mesmas eram um valioso contributo do sector privado para a construção de novos hospitais, já que eram acapazes deos construirem abaixo dos tais custos públicos comparáveis -(CPC).
Ao fim e ao cabo uma maneira de apresentar nas eleições "obras feitas" com investimentos privados, se os escandolosos deslizamentos orçamentais das obras públicas. Um pouco como as SCUTs.
Depois, saíu o que saíu.
Assim, daquela Unidade de Missão onde o grande promotor das "inovações" já está colocado em Cascais (onde - por enquanto - se mantêm um regime "hibrido") para testar,nos próximos 10 anos, exceleência do "seu modelo".
Esta situação foi, aparentemente, levantada pelo problema do Hospital Amadora-Sintra, irritou imenso a Sr. Salvador Mello, mas não devia ter incomodado o Dr. António barreto. Lá estamos a acminho de mais uma inflexão das PPP nos HH's, para evitar o pior.
A sua captura por interesesss privados...
A defesa inusitada e cega de interesses que, subterrâneamente, servem alguns,
muitas vezes, têm uma grande virtude:
- esclarecer as questões essenciais.
Tornou-se evidente que, apesar das 30 alterações em 30 anos, tornou-se de novo necessário ajustar. Ou, melhor, colocar o SNS no rumo certo. - Dr. António Barreto, por vezes, temos de ser repetitivos!
Caro Xavier: E para isso, muito tem ajudado o Exmo Sr. Salvador...
Estranha admiração
Numa entrevista ao Diário Económico (edição de 24-3-08), Salvador de Mello, presidente da José de Mello Saúde, comenta, entre o irado e o surpreendido, a decisão do Governo de excluir a gestão privada dos futuros hospitais e do Amadora-Sintra, sem poupar nas palavras: «Cedência ao facilitismo, ao imobilismo e à falta de rigor; decisão que o País vai pagar caro, a prazo; decisão puramente política e pelas más razões.» Que motivos para este destempero, eivado de pasmo e alarmismo?
Entre várias coincidências que podem detectar-se nas governações da Saúde por Luís Filipe Pereira e Correia de Campos, avulta a estimulação dos privados para conquistarem espaço no sector, mesmo que tal movimento não tenha tido paralelo no incentivo aos seguros de saúde, os quais nunca foram contemplados para dedução em sede de IRS, por exemplo, o que depressa levou ao esgotamento do universo dos portugueses com posses para os subscrever e aceder aos hospitais privados. A par disto, criaram-se as parcerias público-privado (PPP), cuja primeira vaga — incluindo a gestão clínica — seria detida pelos principais grupos económicos da área, que ganharam os concursos, como era de prever.
Porém, desde as Novas Fronteiras, esses Estados Gerais do PS da «era Sócrates», que o poder actual indiciava não ser um entusiasta fervoroso da continuação dos privados na Saúde; nas conclusões daquele encontro já se contemplava um limite a essa conquista, se os hospitais públicos pudessem ser geridos de forma eficiente. Há poucos meses, também, o ex-ministro Correia de Campos admitia que, provavelmente, não iria renovar o contrato com a José de Mello Saúde no Amadora-Sintra; há uma semana, na Comissão Parlamentar de Saúde da Assembleia da República, a ministra Ana Jorge disse não ver lógica, na segunda vaga de PPP, na entrega das gestões clínicas a privados, pois — argumento de peso — a gestão das EPE tem demonstrado capacidade de eficiência, segundo os números do Governo.
Segue-se que, para os observadores do sector, a decisão governamental não foi surpresa, embora, atenta a forma como primeiro-ministro a apresentou e as circunstâncias políticas do País, tenho soado a sinal de viragem à esquerda para a generalidade dos cidadãos.
Por isso, causa alguma estranheza o espanto e a indignação de Salvador de Mello, mais do que observador atento, actor protagonista nesta área. Como interpretar reacções tão desabridas? Ocorrem-nos duas possibilidades: ou esperava que, apesar de todos os sinais, a pressão dos grupos económicos (a que este Governo se mostra permeável) mantivesse aberto o caminho aos privados na área da Saúde, ou... espera ainda, com tanto incómodo, forçar novo endireitamento da viragem à esquerda.
TEMPO MEDICINA 1.º CADERNO de 2008.03.31
Açores, último reduto do SNS
O deputado e poeta Manuel Alegre agradeceu aos socialistas açorianos por, num momento difícil do País, terem "defendido
e reforçado" uma bandeira social da democracia portuguesa, ou seja, um serviço público de saúde gratuito.
"Os socialistas açorianos estão a mostrar que é possível fazer diferente, resolvendo os problemas sem perder a alma e sem
se sujeitarem às receitas do pensamento único liberal", afirmou Manuel Alegre, na sessão de apresentação do seu novo livro de poemas sobre os Açores, na Ilha de São Miguel.
Sublinhando que as suas palavras "não são recados para Lisboa", Manuel Alegre enfatizou que, nos Açores, "há uma experiência que honra o socialismo português", apontando para o caso em concreto da não aplicação de taxas moderadoras nos hospitais açorianos.
"Há uma via açoriana que honra o socialismo português, uma via sobre a qual seria bom que se reflectisse no Continente", referiu o deputado da Assembleia da República, acrescentando que "mais do que nunca é preciso restituir à política uma dimensão humanista".
Neste âmbito, disse que o presidente do Governo açoriano, o socialista Carlos César "está a seguir uma via própria, sem descaracterização ideológica" e por isso tem uma dimensão e responsabilidade "não apenas regional mas nacional" (…)
A União/Açores, 28.03.08
Nestas pacatas paragens abunda o gado leiteiro. As populações são mais saudáveis.E o PIB ilhéu é mais robusto.
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