domingo, março 30

Qualidade apercebida


Foram recentemente actualizados os dados sobre o Sistema de Avaliação da Qualidade Apercebida e Satisfação do Utente nos Hospitais dos EUA.link

«Many hospital patients are dissatisfied with some aspects of their care and might not recommend their hospitals to friends and relatives, the federal government said Friday as it issued ratings for most of the nation’s hospitals, based on the first uniform national survey of patients.
link
Nationwide, in the average hospital, 67 percent of patients said they would definitely recommend the institution where they had been treated to friends and relatives. Sixty-three percent gave their hospitals a score of 9 or 10 on a scale of 0 to 10.
At the average hospital, more than 25 percent of patients said nurses had not always communicated well with them.» NYTimes 29.03.08

Entre nós, os dados do último inquérito sobre a "Qualidade apercebida e satisfação do utente nos HHs EPE, 2005", podem ser consultados no seguinte link
Os utentes do SNS têm, de um modo geral, boa opinião sobre a prestação dos serviços hospitalares, com destaque para o desempenho do pessoal médico e de enfermagem. Serviço de Alimentação e listas de espera ocupam o fundo da tabela de satisfação dos nossos utentes.

4 Comments:

Blogger Joaopedro said...

Estes dados dos HHs USA, serão, porventura, motivo de orgulho do Salvador de Mello que referiu, orgulhoso, ter satisfação de 80% dos doentes (internamento)no seu ex Amadora Sintra.

Os nossos HHs EPE apresentam valores superiores.
Mas o SM não acredita nos dados do MS.

2:12 da tarde  
Blogger e-pá! said...

PREEENCHIDAS SÓ DEZ VAGAS DAS 115 VAGAS PARA MÉDICOS EM UNIDADES CARENCIADAS DO INTERIOR.

Maior parte das unidades fica no interior e serve uma população cada vez mais envelhecida. Concorrência dos hospitais-empresa veio aumentar as dificuldades.

A O Hospital de Castelo Branco abriu em Fevereiro vagas para seis médicos: um oftalmologista, um ortopedista, um psiquiatra, um radiologista, um cirurgião e um anestesiologista. Quantos conseguiu? Nenhum, sorri, conformado, o presidente do conselho de administração da unidade, José Sanches Pires. Até houve um cirurgião que se apresentou ao serviço, mas que não vai ficar. "Todos acabam, lamentavelmente, por sair."
Todos aos anos abrem dois concursos para vagas de médicos especialistas nos chamados estabelecimentos de saúde carenciados. Na lista do último concurso, de Fevereiro deste ano, abriram 115 lugares. Só dez vagas foram preenchidas, apurou o PÚBLICO.
Nada de anormal, confessa Sanches Pires. Está habituado a não conseguir cativar médicos. Os que ficam são "a excepção à regra", como "a sorte" que tiveram no ano passado, quando conseguiram fixar um pneumologista.
Não é que a não vinda dos especialistas ponha em causa o funcionamento dos serviços, nota Fernando Girão, presidente do conselho de administração do Hospital da Guarda. Pediram um cardiologista, nenhum veio. O que acontece é que a lista de espera para consulta está nos sete ou mais meses e, com o envelhecimento da população na região, a procura continuará a aumentar. Os especialistas necessários seriam 124, no quadro estão 70, têm um total de 108 médicos entre internos e contratados.
O PÚBLICO tenta há várias semanas obter mais dados sobre esta realidade junto da Administração Central do Sistema de Saúde, mas não obteve qualquer resposta.

Sistema a duas velocidades
O bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, diz que a incapacidade destes hospitais em serem atractivos é também consequência de um sistema de saúde a duas velocidades: os hospitais que continuam no Sistema Público e Administrativo, a maior parte dos do interior; e os hospitais Entidade Pública Empresarial, que têm gestão empresarial e estão, na sua maioria, nos grandes centros. Os primeiros estão agarrados às regras rígidas da função pública para contratar médicos, os segundos podem fazer contratos individuais de trabalho e oferecer remunerações e incentivos mais apelativos, nota.
Pedro Nunes explica que a abertura das vagas carenciadas são a herança de um tempo em que todo o sistema era público e era possível fazer "uma gestão centralizada das carências a nível nacional". Com "a livre contratação dos EPE", passa-se de "um sistema de planificação central para funcionar o mercado", ou seja, ganha "quem consegue atrair profissionais". As unidades periféricas acumulam uma dupla desvantagem: à geográfica junta-se a incapacidade de oferecer condições mais apelativas aos especialistas.
Quando muito, estas unidades podem oferecer, em alguns casos, o vínculo à função pública. "Hoje são uma minoria os que se deixam seduzir pelo quadro", nota Fernando Girão, presidente do conselho de administração do Hospital da Guarda. "Mesmo com vínculos mais frágeis, eles preferem ficar nas grandes cidades", confessa Ana Paula Gonçalves, presidente do conselho de administração do Hospital Central de Faro. Das oito vagas abertas no mesmo concurso pela unidade algarvia, nenhum clínico foi colocado.

Fixar jovens médicos
Fica muitas vezes a situação de recurso, usada em hospitais de todo o país: a contratação de empresas externas com médicos que prestam serviços pontuais para resolver problemas do dia-a-dia. Foi o que teve que fazer o Hospital Central de Faro no caso de Oftalmologia, explica a sua responsável. De sexta-feira a domingo recebem dois cirurgiões e um anestesista de fora, que operaram 400 doentes às cataratas desde Novembro.
O que resta aos hospitais do interior é tentar fixar os jovens médicos que aí vão fazer a formação (internato). É o que tenta fazer o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Baixo Alentejo (agrega Beja e Serpa), Rui Sousa Santos. Se os jovens médicos ficarem por três ou cinco anos, oferece-lhes incentivos remuneratórios no internato. Mas, apesar de ser um EPE, "o orçamento do hospital não é compaginável com vencimentos milionários".
O problema é que para se oferecer formação aos jovens profissionais é preciso ter um número mínimo de médicos para os supervisionar. Ou seja, acaba por se conseguir atrair jovens nas áreas em que a unidade já tem mais profissionais. Nas especialidades onde não oferecem internatos, é difícil fixar os profissionais novos. É um ciclo difícil de interromper, admite Ana Paula Gonçalves.
-31.03.2008, JP, Catarina Gomes

Comentário:

1.) Esta situação dramática é sobreponível com a que se verifica com a implantação das USF's.
2.) Se traçarmos uma linha ao longo da costa - recuada cerca de 50 Km - cabem lá praticamente todas as USF´s em funcionamento.
3.)Significa este estado de coisas que - para além dos dados casuísticos - que apontavam insuficiências de quadros médicos e de pessoal de saúde no litoral, as últimas deslocações foram no sentido de acentuar o movimento para o litoral.
4.) Esta pode ser a grande ruptura das USF's.
5.) Reformada, uma geração de profissionais de saúde que dura, quando muito, mais 10 anos, e que se aguenta num instavel equilíbrio entre o "joãosemanismo" e os centros de saúde pré-históricos, vamos assistir em termos de saúde a um intolerável desequilíbrio, completamente incomtatível com qualquer situação de equidade / acessibilidade.
6.) É melhor começarmos a estudar como se estão as resolver identicos problemas na Austrália, obviamente com outra dimensão. (Para isso podemos dispensar Unidades de Missão!);

Na realidade, os nossos aborigenes, isto é, a população que persiste (resiste) em viver no Interior, começaram a instalar-se a partir dos 50 Km de recuo da costa atlântica. Muito recuados apesar das IP, IC, etc.
Para já vão lentamente ficando desguarnecidos, já que a mobilidade continuará - nessas novas vias de comunicação - como tem sempre sido: de Este para Leste.
A reconversão só tem uma saída: os CCI.

Mas o problema mantem-se: como fixar e mobilizar pessoal de saúde qualificado para garantir este apoio?

São os problemas que transcendem a casuística...

10:29 da tarde  
Blogger Unknown said...

Para o comentador e-pá!

Falou nos CCI:

Do que fala ao dizer "A reconversão só tem uma saída: os CCI.

Mas o problema mantem-se: como fixar e mobilizar pessoal de saúde qualificado para garantir este apoio?"

E deixe-me perguntar-lhe o porquê de lhe perguntar o porquê?

É que siceramente não sei o que pretende que sejam os CCI, se uma continuação mais barata dos cuidados mais medicalizados que "extravasaram" do Hospital ou se realmente pretende que sejam mesmo CCI porque nesse caso perguntaria-lhe, de que profissionais está a falar?

Enfermeiros não faltam, fisioterapeutas também não, psicólogos muito menos e poderia continuar por aqui em diante... estará a referir-se a que profissionais? É que mais não vejo cuja necessidade seja colmatar essas "falhas", além de claro, lhes atribuir a autonomia no exercício e a nível organizacional, que a sua formação já lhes permite ter mas que lhes é negada por razões desconhecidas...

2:25 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Caro Magistral estratega:

Como já deve ter notado - se esteve atento a todo o desenvolvimento do plano de CCI - este sido implementado a todo apressadamete, com muitas comissões de decisão intermédia e pouca coordenação, com afectações de leitos "a la minute", mas não resistindo a agregar condições técnicas e humanas "à minima". Quando estabelecemos números como metas, acabamos nisto...é a preversão casuística...
Então quando nos debruçamos sobre as carências de pessoal qualificado - como aliás - sugere no seu comentário - as situações são confrangedoras...

Conhece algum médico fisiatra a trabalhar em equipa, nos cuidados de média e longa duração?
E psicológos? E enfermeiros?

Espero que não cheguemos ao estado de "casas de senescência desvalida", para usar uma terminologia de antanho que, entretanto, nos começamos a "aperceber"...
Mal!

12:33 da tarde  

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