quinta-feira, março 27

O "Salvador" reagiu mal e depressa



Depressa porque alguém lhe facilitou o "microfone" logo que o requisitou e porque queria aparecer primeiro - colher capital de queixa, assumir-se como capitão dos "coitadinhos" dos grupos privados.

Reagiu mal porque:
a) Não actuou com argumentos de gestão/concessionário que queria ajudar (ex. ficar pesaroso porque assim "não consegue tranferir ganhos para o SNS") antes teve reacção política atacando um governo legítimo como só os partidos devem fazer (virou á esquerda e vamos pagar caro por isso!);
b) Na ânsia de mostrar benefícios gerados e qualidades do Consórcio, o "Salvador" do SNS:
i) Mentiu. O Amadora Sintra não teve nada a ver ou com os SA («teria havido a necessidade de transformar os hospitais em SA ou EPE»). Primeiro porque aqueles decorreram da evolução das experiências inovadoras de gestão que por sua vez resultaram do esforço de inovação da gestão pública de HH (de Administradores Hospitalares que queriam melhorar e que se inspiraram no NHS e nas fundações hospitalares em Espanha). Segundo porque o Amadora Sintra foi um acto meio abortivo, não planeado nem inserido em nenhuma política de saúde ou no programa de saúde do governo de então - daí o carácter singular, pouco trabalhado e básico do contrato.
ii) Iludiu. Fala de qualidade mas sem a medir ou dar indicações seguras que era uma prioridade:
- Qualidade só passou a ser preocupação passados vários anos e apenas para ter a marca de acreditação. Poucos ou nenhuns esforços de melhoria contínua ou de benchmarking para detectar problemas de qualidade e ultrapassá-los;
- Quais são as medições e que indicadores de qualidade e apropriação existem para o Amadora Sintra ? Como compararam com os valores dos restantes hospitais do SNS?
- Um hospital que não consegue assegurar a urgência de obstetrícia para os ditos 750 mil habitantes é de qualidade? Um hospital que despachava os doentes para verdadeiros armazéns de doentes sem condições e apoio clínico adequado é qualidade? Que mantinha os doentes no SU horas nas macas e nos corredores sem apoio clínico ou que transferia os doentes só para não ter o TAC a funcionar de noite...etc
iii) Manipulou. Refere, ufano, ter satisfação de 80% dos doentes (internamento). Isso é alguma coisa de jeito? Normalmente os valores dos HH, a sério, são bem superiores.
iv) Omitiu. «Esqueceu-se» de referir, no arrazoado político partidário em que a entrevista se converteu, que o Governo tinha poucas ou nenhumas alterantivas:
- No concurso para o PPP do Hospital de Loures só houve 2 concorrentes. Ora é bem de ver que esta situação não dá garantias de verdadeira concorrência e mostra que não há uma oferta variada, capaz e que de modo sustentado aposta em contratos de longo prazo com o SNS;
- Houve manifestações de desinteresse dos restantes grupos de saúde no que respeita o PPP para Sintra e Amadora. O risco é ficar o Salvador a falar sózinho ou terem que ressuscitar a Cross para dar a ideia qe havia concorrência...
- O Presidente da ARSLVT acusou o Amadora Sintra de ter cobrado 20 milhões de euros a mais de 2004 a 2007, e essa é uma das razões porque as contas não estão arrumadas.
v) Esqueceu. Podia ter referido e especificado quais foram as inovaçõe clinicas e de gestão que o Amadora Sintra trouxe e que vieram a beneficiar o SNS (veja-se a diferença para o La Ribera por ex.), poderia falar do verdadeiro manancial, que foi zero na prática!

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2 Comments:

Blogger DrFeelGood said...

Tudo certo.
O processo Amadora Sintra está prestes a chegar o fim.

Que dizer da parceria do Hospital de Cascais, ganha pelos HPP, na qual os interesses dos trabalhadores do Estado não foram salvaguardados.

4:57 da tarde  
Blogger Joaopedro said...

Excelente post.

A história do primeiro hospital do SNS com gestão privada é bem triste.

Como de costume, face à decisão do Governo em acabar com esta marmelada, não faltaram as habituais carpideiras de serviço a lamentarem a decisão.
Os textos dados à estampa são de uma forma geral mal fundamentados. Desconhecendo, a grande maioria dos seus autores, o que efectivamente se passou ao longo de dez anos com a gestão deste hospital. Mas como há a obrigação de escrever. Vai de asneirar.

O que é de lamentar, é Sócrates manter, à laia de compensação, a concessão do Hospital Universitário de Braga aos Mellos.

Os profissionais do Hospital de Braga vão dando uma olhadela ao que se está a passar com os trabalhadores do Centro Hopitalar de Cascais. Para fazerem uma ideia dos que lhes vai acontecer!

6:46 da tarde  

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