ADSE revisitada
Em crónica ao Jornal de Negócios, sob o título “a andorinha que não faz a Primavera” link, Miguel Frasquilho, opina sobre a recente polémica entre Ana Jorge e Teixeira dos Santos em torno do contracto estabelecido entre a ADSE e o Hospital da Luz.
Nada dizendo sobre a substância do acordo, servindo-se de uma argumentação puramente especulativa, defende a opção do Ministro das Finanças alegando que se o mesmo foi estabelecido é porque fica mais barato para a ADSE e que portanto, lá vem a conversa do costume, os contribuintes irão pagar menos, etc. etc. e tal ……
Para mostrar equidistância, o ilustre deputado vem dizer-nos que “ fez muito bem o ministro das Finanças – e eu, que como o leitor mais assíduo desta coluna bem sabe, tenho sido tão crítico das opções de política económica e, em particular, das opções orçamental e fiscal deste Governo, não tenho aqui qualquer problema em concordar com Teixeira dos Santos”. O tom da ladainha mantém-se ao longo de todo o artigo, tecendo loas à eficiência dos serviços privados e aos benefícios que a opção pelos mesmos, não só na Saúde mas também na Educação, Transportes, ou na Área Social, poderá trazer para todos nós, contribuintes que somos…….
Nada dizendo sobre a substância do acordo, servindo-se de uma argumentação puramente especulativa, defende a opção do Ministro das Finanças alegando que se o mesmo foi estabelecido é porque fica mais barato para a ADSE e que portanto, lá vem a conversa do costume, os contribuintes irão pagar menos, etc. etc. e tal ……
Para mostrar equidistância, o ilustre deputado vem dizer-nos que “ fez muito bem o ministro das Finanças – e eu, que como o leitor mais assíduo desta coluna bem sabe, tenho sido tão crítico das opções de política económica e, em particular, das opções orçamental e fiscal deste Governo, não tenho aqui qualquer problema em concordar com Teixeira dos Santos”. O tom da ladainha mantém-se ao longo de todo o artigo, tecendo loas à eficiência dos serviços privados e aos benefícios que a opção pelos mesmos, não só na Saúde mas também na Educação, Transportes, ou na Área Social, poderá trazer para todos nós, contribuintes que somos…….
Para que não restassem quaisquer dúvidas quanto à seriedade e isenção da sua argumentação, Miguel Frasquilho, que ao longo de toda a legislatura deve ter sido a primeira vez que concorda com uma medida deste governo, vem sossegar as mentes mais suspeitosas e malévolas publicando em nota de rodapé, que se transcreve, os seus “disclosure”.
Nota: Declaração de interesses: para além de deputado do PSD à Assembleia da República, continuo hoje a estar ligado profissionalmente ao Banco Espírito Santo (BES), o que já acontece desde 1998, com a interrupção de um ano, que correspondeu ao desempenho de funções governativas entre Abril de 2002 e Abril de 2003. Considerei, porém, que este facto não deveria ser inibidor de expressar a minha opinião sobre um assunto que envolve o Hospital da Luz, unidade de saúde da Espírito Santo Saúde – que, tal como o BES, pertence ao Grupo Espírito Santo, porque mesmo que não estivesse ligado ao BES, ou o hospital em questão pertencesse a outro grupo, defenderia exactamente o mesmo e teria a mesma visão e a mesma linha de raciocínio que o leitor encontrou nas linhas acima.
Nota: Declaração de interesses: para além de deputado do PSD à Assembleia da República, continuo hoje a estar ligado profissionalmente ao Banco Espírito Santo (BES), o que já acontece desde 1998, com a interrupção de um ano, que correspondeu ao desempenho de funções governativas entre Abril de 2002 e Abril de 2003. Considerei, porém, que este facto não deveria ser inibidor de expressar a minha opinião sobre um assunto que envolve o Hospital da Luz, unidade de saúde da Espírito Santo Saúde – que, tal como o BES, pertence ao Grupo Espírito Santo, porque mesmo que não estivesse ligado ao BES, ou o hospital em questão pertencesse a outro grupo, defenderia exactamente o mesmo e teria a mesma visão e a mesma linha de raciocínio que o leitor encontrou nas linhas acima.
Mente perversa! Não me diga que ainda ficou com duvidas quanto á seriedade intelectual do Senhor Deputado?
Tá visto
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7 Comments:
Um perfeito liberal!
Com liberais assim é o que se quiser.
Intervenções à frasquilho.
Depois do fracasso da sua proposta do choque fiscal quem leva este senhor a serio?
O e-pá é que nos pode esclarecer o que é isso de "acto renovador" e "socialismo capitalista"...
Faz parte do código genético dos neo-liberais de pacotilha nos virem com a rábula habitual das virtudes de sistemas como a ADSE (a liberdade de escolha, o ficar mais barato, etc, etc). O Sr. Dr. Miguel Frasquilho deveria antes averiguar os factos relativos à dívida da ADSE aos HH públicos bem como os truques que, sistematicamente, utiliza para fazer prescrever os prazos através de manobras dilatórias burocrático-administrativas e assim “eliminar” responsabilidades para com as unidades públicas de saúde. A sustentabilidade da ADSE e a lógica de acordos com os privados não resistirá a uma avaliação rigorosa, séria e independente. É quase como dizer que há 1800000 pessoas com seguros de saúde em Portugal. Já alguém se lembrou de perguntar ao Instituto de Seguros de Portugal quantos correspondem a seguros "virtuais" acoplados em cartões de crédito e quejandos? Se assim fosse haveria alguma necessidade de disputar com tanta agressividade “parcerias” e convenções com o Estado? O que é facto é que o bolo é muito pequeno e começam a ser mais as bocas do que as fatias. Vide o arranque agónico do novel Hospital das Lusíadas…
Cara Clara:
Aí vai uma achega...
Sobre o "socialismo capitalista" julgo que os grandes timoneiros dessa nova doutrina serão essas lidimas personalidades do PS, Jose Lello, Vitalino Canas e o ideólogo das 2ªs. feiras, António Vitorino.
Eles estarão em condições de explicar como a direita do PS se movimenta alegremente de braço dado com os interesses do grande capital financeiro;
"Acto renovador" foi o que decidiu fazer na 3ª. feira Manuel Alegre.
O País está socialmente agónico. Mais de 2 milhões de portugueses estão abaixo do limiar (da Linha?)da pobreza.
Renovar seria, portanto, investir doutra maneira, noutras coisas, escolher outras prioridades.
Seria cancelar a reunião do Governo com empreendedores (nome pomposo de empreiteiros) com a finalidade de construir novas estradas. Chega de política do betão. Parece que estamos ainda na governação de Cavaco Silva.
Mais atenção aos problemas sociais reclamava Mário Soares. Os defensores do "socialismo capitalista", não o lerem, nem o ouviram, vieram a toque de caixa dizer que tudo estva bem. Ao fim e ao cabo pensam que Mário Soares está decrépito, está "cheché".
Hoje, saíram à rua mais 200.000 trabalhadores motivados pelas últimas alterações ao Código Laboral.
O 1º. ministro ignora, não lhe atribui qualqure significado. Está empenhado em governar, despreza a rua. Avilta as reclamações sociais e económicas no sentido de melhorar os salários e pensões e combater a pobreza. Um dia, será tarde.
Quando a turbe esfomeada levar tudo à frente, assaltar supermercados, incendiar carros, etc. o "acto renovador" deste governo será transformar carenciados em vândalos.
O que me parece é que cada governo maoritário tem a "sua" ponte 25 de Abril.
Liberalismo puro
Quando abandonamos os extremos, o comunitarismo passa a estar associado a um certo liberalismo: tudo parece mais misturado.
João Cardoso Rosas
A Teoria Política contemporânea recorre com frequência a uma categorização das visões políticas em dois campos distintos: o dos liberais e o dos comunitaristas. Os primeiros são defensores de algum tipo de individualismo e de uma ordem política que proteja efectivamente a auto-determinação individual, tanto no mercado, como na vida social em geral. Os segundos são os defensores daquilo que se costuma designar por “tese social”, ou seja, a ideia segundo a qual o indivíduo só faz sentido em função da sua inserção num grupo e, portanto, aquilo que a ordem política deve proteger são os valores colectivos que a sustentam e não uma esfera de auto-determinação pessoal em si mesma.
Se atentarmos no espectro político das democracias constitucionais podemos verificar uma coisa interessante. Tanto no ponto mais à esquerda, como no ponto mais à direita, predomina um certo comunitarismo. No caso dos extremismos isso é muito claro. O marxismo-leninismo, por exemplo, é um extremismo de esquerda cujo comunitarismo dissolve os indivíduos na sua pertença de classe e na acção colectiva do partido dos trabalhadores. Algo de parecido acontece com os extremismos de direita, de que é exemplo o salazarismo. Este dissolve o indivíduo na nação, na igreja e na família e sujeita-o à autoridade do chefe.
Mas, quando abandonamos os extremos, o comunitarismo passa a estar associado a um certo liberalismo. Fora dos extremos, tudo começa a parecer mais misturado. À direita, a tendência é para ser comunitarista em termos de costumes – defendendo as tradições sociais estabelecidas –, mas liberal na esfera do mercado – e apenas nela. À esquerda, passa-se o fenómeno inverso. A tendência é para ser comunitarista em termos económicos e criticar o mercado pelo seu individualismo. Mas, ao mesmo tempo, a esquerda parece ser individualista no domínio dos costumes – pelo menos em comparação com a direita.
À medida que nos aproximamos do centro político, gera-se uma maior compatibilidade nos dois pólos desta tensão essencial entre comunitarismo e liberalismo. Essa maior compatibilização é feita mediante a prevalência do ponto de vista liberal em relação ao ponto de vista comunitarista. À esquerda, aproximar-se do centro consiste em tornar-se mais liberal também de um ponto de vista económico. À direita, a aproximação ao centro faz-se pelo abandono do tradicionalismo estrito e por uma atitude mais liberal no plano dos costumes.
O centro do centro, portanto, o ponto hipotético da geometria política no qual coincidiria quem percorresse igual caminho a partir da esquerda e a partir da direita, é aquele no qual existe uma defesa coerente do liberalismo nas suas diferentes dimensões, económicas e sociais, e sem qualquer cedência, nem ao tradicionalismo cultural da direita, nem ao intervencionismo económico da esquerda. Estamos aqui diante do tipo-ideal do liberalismo, i.e., o liberalismo puro.
O liberalismo em estado puro, sem contaminações de direita nem de esquerda, pode ser apresentado como a posição política mais moderada, dada a sua centralidade no espectro constitucional. Este resultado pode ser surpreendente, uma vez que muitos não se cansam de nos dizer que o liberalismo estrito é uma coisa não apenas horrível, como também extremista. Foi essa a mensagem que tentaram passar a propósito da disputa pela liderança do PSD e é essa a visão predominante entre o senso comum pouco esclarecido. Mas quem assim pensa não percebe que, ao criticar o liberalismo, não está a aproximar-se do centro, mas antes a dirigir-se aos pontos mais afastados dele, na esquerda ou na direita.
Aquilo que podemos constatar, portanto, é que o liberalismo puro constitui a posição política menos extremista de todas. Mas também devemos reconhecer que, ao ser apenas individualista e sem sombra de comunitarismo, o liberalismo puro é muito radical na sua moderação. Ele constitui o grau máximo da moderação e, simultaneamente, a versão mais radical do que significa ser politicamente moderado. As versões impuras do liberalismo social (à esquerda) e do liberalismo conservador (à direita) são certamente menos radicais – porque misturadas de comunitarismo. Mas são também menos moderadas.
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João Cardoso Rosas, DE 05.06.08
O professor escusava estar a maçar-se. O dr. Frasquilho é apenas um liberal de pechisbeque
Cara Clara, ainda sobre o "socialismo capitalista" e a proósito daquele rapaz que criou a 3º. via para o socialismo, passei por um artigo do Guardian, que achei oportuno transcrever.
"BLAIR TO TEACH AT YALE UNIVERSITY"
Ewen MacAskill in Washington and Patrick Wintour
Guardian.co.uk, Friday March 7 2008
Article history
Tony Blair is to take up a senior academic post in the autumn at one of America's most prestigious universities teaching politics and religion.
Yale confirmed yesterday he is to join the schools of management and divinity, at the campus in New Haven, Connecticut.
He will combine his work at Yale with his duties as a special envoy to the Quartet, an international body committed to peace in the Middle East.
He is to spend part of each month in London and part in New Haven.
His work with the Quartet - which represents the United Nations, the US, the European Union and Russia - takes up about ten days a month. Sources close to Blair say that he is taking on an enormous work burden and will be tremendously over-committed in the coming year.
The deans of the Yale schools of management and divinity are in discussion with Blair about how much time he will spend at the university.
Professor Richard Levin, president of Yale, said: "The appointment of Mr. Blair provides a tremendous opportunity for our students and our community. As the world continues to become increasingly inter-dependent, it is essential that we explore how religious values can be channeled toward reconciliation rather than polarisation."
He added: "Mr Blair has demonstrated outstanding leadership in these areas and is especially qualified to bring his perspective to bear. We are honoured that he is planning to join the Yale community."
Blair and his then chief of staff, Jonathan Powell, sounded out the London School of Economics in 2006 about setting up a school of government but backed off after resistance from staff and students over his role in the Iraq war.
Blair's close links with President George Bush and his support for the 2003 Iraq invasion are less controversial in the US than in Britain.
Yale has strong ties with Bush and his father, both graduates. Blair's son Euan is an undergraduate at the university.
Blair, who is in the US and is due to return to the UK next week, saw Bush in Washington on Tuesday.
Yale had not been planning to announce his new post until later this year but brought forward a statement after being contacted by the Guardian.
His decision to teach religion as well as politics confirms how important his Christianity was during his years in Downing Street. Fearful that it could turn off some voters, he played it down in the run-up to the 1997 general election and the early years of his premiership.
He is to set up a Blair Faith Foundation, based in London, before heading to the US for the autumn term. The foundation is intended to promote understanding between Christianity, Judaism and Islam, and look at the role of religion in the modern world.
The new body was inspired by the Clinton Foundation, which raises money for the developing world.
Yale said that he will teach a seminar and be involved in other events round the campus, all related to examining issues of faith and globalisation related to his Faith Foundation. While at Downing Street, he read the Koran to try to better understand the Muslim world in the aftermath of 9/11.
His post at Yale is the Howland Distinguished Fellowship, created in 1915 for a "citizen of any country in recognition of some achievement of marked distinction in the field of literature or fine arts or the science of government." Among those who have been Howland Distinguished Fellows are the composer Ralph Vaughan Williams, journalist Sir Alistair Cooke and stateswoman Indira Gandhi"
Note:
teaching politics and religion...
and
millitar strategics, NO?
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