Longa vida
para António Arnaut
«O Serviço Nacional de Saúde é uma conquista de Abril, um serviço universal, geral e gratuito, ou tendencialmente gratuito», diz António Arnaut e sente-o a imensa maioria dos portugueses. link
Por isso, ou António Arnaut encontra outro cenário para abandonar o seu partido, ou vai continuar nele por muitos e longos anos, se a vida lhos conceder, porque dizer não ao SNS seria para o PS, como para o PSD, uma decisão incompatível com a dinâmica de conquista e de conservação do poder que ambos adoptam. O que significa que, digam os líderes o que disserem (artigo de Paulo Mendo no PJ link), esta é uma decisão que nenhum deles, no poder ou na oposição, pode tomar isoladamente. E não é por causa do art.º 64.º da CP!
Há, porém, uma certeza que António Arnaut e todos os que queremos o SNS deveríamos ter: o SNS não ficará como o sonhámos. Já não é assim, e não será entrar pela adivinhação dizer que nunca o será. Ao contrário do que se diz, os sonhos nunca se concretizam, haverá aproximações mais ou menos conseguidas.
Assim, justifica-se a defesa das características fundamentais do SNS e, em vez de clamar contra tudo e contra nada, seria nessa defesa que, no meu juízo, deveriam centrar-se os esforços. No que, gerando a convergência necessária entre poder e oposição, verdadeiramente pode por em causa o SNS: o consenso generalizado sobre a sua insustentabilidade financeira. Qualquer outra não será razão suficiente.
Francisco Ramos confirma ao DE, que a melhoria dos resultados económico-financeiros garante, por agora, a sustentabilidade do SNS e o adiamento da “eventual discussão” do modelo de financiamento para a próxima legislatura (post "Modelo de Financiamento" link). É uma afirmação cautelosa da sustentabilidade, embora se inscreva no discurso de optimismo oficial que temos ouvido, e seja anterior à revisão das previsões de crescimento económico. Além disso, a necessidade obriga e, afirmar agora coisa diferente viria bem em contra ciclo. Mas não vou contestá-la, nem sequer afirmar que durará pouco.
O mais importante penso que estará para além desta afirmação e mesmo para além do modelo de financiamento, ainda que tenha de reconhecer-se que há interdependência e tudo são fios da mesma meada.
Mais importante do que o modelo, propriamente dito, será a identificação das causas que provocam, ou podem provocar, maiores despesas que ameaçam o SNS de insustentabilidade. CC conhecia-as e tinha uma estratégia que, globalmente, visava a sua contenção. Havia nela lacunas, ou pontos de fragilidade, que foram largamente identificados, até aqui, no Saudesa, e que são do conhecimento de todos. Não tenho, por isso, que repetir o que está dito.
No fundo, tudo se reduz a sub produtividade e à criação de condições para que exista verdadeira concorrência, interna ao SNS e com o sector privado. É oportuno e não será dispensável agir nestes vectores para travar os riscos de insustentabilidade. Mas algumas das medidas iriam encontrar acesa resistência da parte dos interesses instalados. Viriam claramente em contra ciclo, e por isso, tudo indica que terão de esperar. O que é pena.
«O Serviço Nacional de Saúde é uma conquista de Abril, um serviço universal, geral e gratuito, ou tendencialmente gratuito», diz António Arnaut e sente-o a imensa maioria dos portugueses. link
Por isso, ou António Arnaut encontra outro cenário para abandonar o seu partido, ou vai continuar nele por muitos e longos anos, se a vida lhos conceder, porque dizer não ao SNS seria para o PS, como para o PSD, uma decisão incompatível com a dinâmica de conquista e de conservação do poder que ambos adoptam. O que significa que, digam os líderes o que disserem (artigo de Paulo Mendo no PJ link), esta é uma decisão que nenhum deles, no poder ou na oposição, pode tomar isoladamente. E não é por causa do art.º 64.º da CP!
Há, porém, uma certeza que António Arnaut e todos os que queremos o SNS deveríamos ter: o SNS não ficará como o sonhámos. Já não é assim, e não será entrar pela adivinhação dizer que nunca o será. Ao contrário do que se diz, os sonhos nunca se concretizam, haverá aproximações mais ou menos conseguidas.
Assim, justifica-se a defesa das características fundamentais do SNS e, em vez de clamar contra tudo e contra nada, seria nessa defesa que, no meu juízo, deveriam centrar-se os esforços. No que, gerando a convergência necessária entre poder e oposição, verdadeiramente pode por em causa o SNS: o consenso generalizado sobre a sua insustentabilidade financeira. Qualquer outra não será razão suficiente.
Francisco Ramos confirma ao DE, que a melhoria dos resultados económico-financeiros garante, por agora, a sustentabilidade do SNS e o adiamento da “eventual discussão” do modelo de financiamento para a próxima legislatura (post "Modelo de Financiamento" link). É uma afirmação cautelosa da sustentabilidade, embora se inscreva no discurso de optimismo oficial que temos ouvido, e seja anterior à revisão das previsões de crescimento económico. Além disso, a necessidade obriga e, afirmar agora coisa diferente viria bem em contra ciclo. Mas não vou contestá-la, nem sequer afirmar que durará pouco.
O mais importante penso que estará para além desta afirmação e mesmo para além do modelo de financiamento, ainda que tenha de reconhecer-se que há interdependência e tudo são fios da mesma meada.
Mais importante do que o modelo, propriamente dito, será a identificação das causas que provocam, ou podem provocar, maiores despesas que ameaçam o SNS de insustentabilidade. CC conhecia-as e tinha uma estratégia que, globalmente, visava a sua contenção. Havia nela lacunas, ou pontos de fragilidade, que foram largamente identificados, até aqui, no Saudesa, e que são do conhecimento de todos. Não tenho, por isso, que repetir o que está dito.
No fundo, tudo se reduz a sub produtividade e à criação de condições para que exista verdadeira concorrência, interna ao SNS e com o sector privado. É oportuno e não será dispensável agir nestes vectores para travar os riscos de insustentabilidade. Mas algumas das medidas iriam encontrar acesa resistência da parte dos interesses instalados. Viriam claramente em contra ciclo, e por isso, tudo indica que terão de esperar. O que é pena.
Aidenos
Etiquetas: Aidenós
4 Comments:
REFORMA DOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS COMPROMETIDA POR RESISTÊNCIAS INTERNAS
Dez ex-elementos
da missão denunciam "falta de vontade" para avançar com o processo de mudança.
Luís Pisco, coordenador nacional da Missão para os Cuidados de Saúde Primários, é o principal alvo das críticas.
(Público, 03.06.08,Margarida Gomes)
Exactamente o que se adivinhava...
Luís Pisco não tem capacidade de coordenação e vive distante das qualidades de liderança necessária.
O processo transacto da MCSP é disso, um paradigmático, exemplo.
"Foi este clima de diluição do projecto, de resistência à concretização da reforma e ao próprio plano de actividades da MCSP que deteriorou, até ao ponto de ruptura, o realcionamento no seeio duma equipa até aí reconhecida como de "alto rendimento".
(Público, 03.06.08,Margarida Gomes)
À parte o "auto-elogio" absolutamente suférfulo e deslocado", todos tinhamos apercebido desta tragédia.
A ministra conciliadora tenta fazer o papel de bombeiro. Mas o incêndio parece incontrolável.
A "renovada" MCSP deu seguimento ás unidades do tipo B, culjo trabalho, já estava feito.
Sobre as ACES, nada de concreto. Resta esperar nova crise.
A Reforma dos Cuidados de Saúde Primários encalhou. Não tem água para navegar.
O timoneiro, Luís Pisco, perdeu o Norte.
A resolução da crise que afectou a maioria da Missão, preservou o seu coordenador.
Não se percebeu porquê.
Mas hoje, apesar da boa vontada da Ministra e do seu empnhamento em não fazer "ondas", é público e notório a incapacidade para continuar com está ou tem estado.
A remodelação devrá de ser total, não há spaço para "paninhos quentes".
Trata-se, esquematicamente, de escolher entre o céu e o inferno.
Faz lembrar a história:
"Uma velhinha morre e ao chegar ao céu pergunta ao guardião dos portões:
- Porque é que existem duas portas, uma azul e outra vermelha?
São Pedro então responde:
- A azul leva ao Céu, a vermelha desce ao Inferno, pode escolher!
Nisto, ouve-se uma gritaria e o barulho de um berbequim atrás da porta azul.
- Mas o que é isto? - Pergunta a velhinha.
- Nada, é uma alma que acabou de chegar e estão a furar-lhe as costas para pôr as asas...
...é, portanto, pôr-lhe as asas, com Luís Pisco à cabeça.
Se não corremoos o risco de não fazer uma Reforma, mas uns remendos...
Vem tudo isto a propósito do slogan "Longa vida"!
ADSE revisitada
Em crónica ao Jornal de Negócios, sob o título “a andorinha que não faz a Primavera”, Miguel Frasquilho, opina sobre a recente polémica entre Ana Jorge e Teixeira dos Santos em torno do contracto estabelecido entre a ADSE e o Hospital da Luz.
Nada dizendo sob a substância do acordo, servindo-se de uma argumentação puramente especulativa, defende a opção do Ministro das Finanças alegando que se o mesmo foi estabelecido é porque fica mais barato para a ADSE e que portanto, lá vem a conversa do costume, os contribuintes irão pagar menos, etc. etc. e tal ……
Para mostrar equidistância, o ilustre deputado vem dizer-nos que “ fez muito bem o ministro das Finanças – e eu, que como o leitor mais assíduo desta coluna bem sabe, tenho sido tão crítico das opções de política económica e, em particular, das opções orçamental e fiscal deste Governo, não tenho aqui qualquer problema em concordar com Teixeira dos Santos”. O tom da ladainha mantém-se ao longo de todo o artigo, tecendo loas à eficiência dos serviços privados e aos benefícios que a opção pelos mesmos, não só na Saúde mas também na Educação, Transportes, ou na Área Social, poderá trazer para todos nós, contribuintes que somos…….
Para que não restassem quaisquer dúvidas quanto à seriedade e isenção da sua argumentação, Miguel Frasquilho, que ao longo de toda a legislatura deve ter sido a primeira vez que concorda com uma medida deste governo, vem sossegar as mentes mais suspeitosas e malévolas publicando em nota de rodapé, que se transcreve, os seus “disclosure”.
Nota: Declaração de interesses: para além de deputado do PSD à Assembleia da República, continuo hoje a estar ligado profissionalmente ao Banco Espírito Santo (BES), o que já acontece desde 1998, com a interrupção de um ano, que correspondeu ao desempenho de funções governativas entre Abril de 2002 e Abril de 2003. Considerei, porém, que este facto não deveria ser inibidor de expressar a minha opinião sobre um assunto que envolve o Hospital da Luz, unidade de saúde da Espírito Santo Saúde – que, tal como o BES, pertence ao Grupo Espírito Santo, porque mesmo que não estivesse ligado ao BES, ou o hospital em questão pertencesse a outro grupo, defenderia exactamente o mesmo e teria a mesma visão e a mesma linha de raciocínio que o leitor encontrou nas linhas acima.
Mente perversa! Não me diga que ainda ficou com duvidas quanto á seriedade intelectual do Senhor Deputado?
E porque não ficar com dúvidas?
Queira argumentar fundamente.
Meu caro “naoseiquenomeusar”, o meu amigo pergunta: E porque não ficar com dúvidas? Queira argumentar fundamente.
Mas o que é que quer que eu fundamente? Estando Miguel Frasquilho ligado ao grupo BES, manda a decência que se coibisse de opinar sobre a matéria. Ou então, fazendo-o, que se limitasse a dizer na declaração de interesses que estava ligado ao grupo financeiro, deixando a avaliação sobre a independência da sua opinião ao juízo de cada um. É isto que ditam as regras da ética e é assim que se deve proceder nestas circunstâncias.
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