segunda-feira, junho 2

CRI


Os administradores hospitalares justificam o baixo rendimento dos blocos operatórios do SNS por os médicos não colaborarem, estes explicam-no pela falta de organização. Eu diria que ambos têm razão, ou seja, com uma política salarial baseada em baixas remunerações e desligada da produtividade, e com directores de serviço mal pagos e em part-time, não há organização possível nem profissionais motivados.
Quem tem que organizar o serviço em termos de produção clínica não são os administradores como diz Jorge Breda, mas os médicos sendo o responsável último o director de serviço. E a prova que não se trata de “não saber como” ou da falta de equipamentos, está no facto de nos períodos de produção adicional (SIGIC) tudo funcionar na perfeição. As desculpas para não operar um doente, ou porque lhe falta aquela análise, ou teve a extrassistole que todos temos, ou porque a cirurgia já não vai terminar dentro da hora, pura e simplesmente desaparecem.

Tudo isto se resolveria com uma nova organização interna, baseada em Centros de Custos Integrados (CRI), com melhores vencimentos e ajustados à produtividade, com directores de serviço e chefias intermédias a tempo inteiro. Para quem não acredita basta ver o que se passa com o CRI de Professor Manuel Antunes, o mérito do que se faz não se deve apenas às inegáveis qualidades de quem o dirige, tem também muito a ver com uma nova cultura organizativa. Se o sistema funciona porque não replicá-lo?
O Ministério da Saúde vai continuar à espera que sejam os privados a fazê-lo para depois tecer loas às qualidades da gestão privada e decretar o fim dos hospitais públicos por ineficiência?

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3 Comments:

Blogger Hospitaisepe said...

A rede hospitalar, os hospitais, tem sido objecto de vários projectos de reorganização: empresarialização, reforço das centralizações onde se inclui a criação de unidades locais, contratualização, construção/renovação de vários hospitais, implementação de redes de informação, organização de serviços mediante a criação de departamentos, etc. etc.

Os CRI, a organização da denominada gestão intermédia não tem sido desenvolvida, talvez por se entender que a descentralização da gestão dos hospitais, poderá constituir um sério risco para o desempenho dos Conselhos de Administração, confrontados com a necessidade de implementação de introduzir profundas alterações à gestão dos hospitais (contratualização, empresarialização).

11:28 da manhã  
Blogger Clara said...

A descentralização da gestão dos HHs do SNS representa, efectivamente, um risco para os Conselhos de Administração de nomeação (confiança) partidária (e não só).

Os poucos CRIs a funcionar com êxito são casos excepcionais de confiança política que ultrapassam inclusivé a dos CAs dos HHs.
É o caso do referido CRI do professor Manuel Antunes. Um excepcional (em todos aspectos) na gestão dos nossos hospitais.

3:31 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Cara Clara:

Se há um exemplo acabado de um político do Bloco Central é o Prof. Manuel Antunes.
Ele sempre se identificou politicamente com o PSD. Por outro lado, o PS, enquanto governo, sempre lhe deu tudo!
Hoje, temos colado aos HUC, um faraónico "Hospital do Coração" em regime de subaproveitamento da sua dimensão, facto que se esconde por detrás de uma inegável eficiência.

Os CRI's, estou farto de clamar por eles neste Blog, funcionam bem porque responsabilizam todos os trabalhadores do Departamento, Serviço ou Unidade, fazem-no funcionar como uma equipa coesa e, sejamos claros, têm uma produção que gera incentivos ( ou um “chorilho” de horas extraordinárias).
Estas condições permitem, de facto, e com carácter realista, a tão reclamada exclusividade. De resto, o que se aponta é retirar perrogativas (económicas e inclusive clínicas) sem nada oferecer, excepto contratos programa irrealistas em relação à capacidade instalada e à disponibilidade de recursos materiais e humanos.

Nada mais fácil. Mas, também, nada mais "perigoso" para o exercício, melhor para exibição, dos poderes fátuos que os CA's estão "investidos" e "oferecem às A>RS's e ao Ministério.
Por fim, é certo e sabido, que adoram pavonear nas salas da administração e pelos corredores...a sua majestade.

8:16 da tarde  

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