Liturgias
No rescaldo da Conferência de Tallinn, no ambiente recatado de San Sérvolo, PKM "aprofunda o pensamento sobre políticas de saúde, longe da azáfama das grandes conferências e do ‘stress’ de políticos e politiqueiros. A discutir ‘policies’ e não ‘politics’. Entre gente importante como Marc Danzon, Josep Figueras, Martin McKee, António Duran, Nigel Edwards, Erio Ziglo ou Rheinard Busse entre outros influentes decisores de Bruxelas e do Banco Mundial.
Momento propício a grandes revelações:
(...) «O relato que faço aqui, em primeira mão, assume-se muito ciente da relevância dos tempos que se vivem na Europa em termos de redireccionamento das políticas de saúde.link
Marc Danzon, actual director da OMS Europa, deixou-nos com a constatação informal que reconhece hoje que o espírito de Alma-Ata, uma das mais importantes declarações da OMS e que muito influenciou também o meu pensamento, tem que ser revisto na medida em que, inadvertidamente, colocou, durante 30 anos, os cuidados de saúde primários (incluindo os centros de saúde) e os hospitais como entidades separadas e em constante rota de colisão como que auto-excluindo-se mutuamente. Propõe-se agora que ambos os sectores se assumam como parte de um todo indivisível e único o que, parecendo simples, confirma-se como uma grande mudança nas práticas discursivas sobre os sistemas de saúde.
Sob o tema dos processos de reengenharia dos hospitais, a Summer School promove a reflexão técnica sobre a reengenharia de todo o sistema de saúde e a revisão dos Planos Nacionais de Saúde (PNS) dos respectivos sistemas em que se inserem. Ou seja, na linha de pensamento da declaração de Tallinn, não podemos pensar na reengenharia dos hospitais se não pensarmos na reengenharia dos processos de relacionamento entre estes e os centros de saúde, os serviços de cuidados domiciliários, as unidades de longa-duração (do tipo lares de idosos) ou os serviços de saúde pública e controlo de riscos ambientais e alimentares, entre outros agentes do sistema. A reengenharia dos hospitais é tão mais complexa quanto a OMS constata que deve ser articulada com as unidades de cuidados sociais sob a égide da segurança social de cada estado membro.
Entre várias outras ideias interessantes para o debate em Portugal, o EOHSP admite que a gestão privada de unidades públicas introduz factores culturais positivos na gestão hospitalar. António Duran, um importante ‘opinion leader’ na Europa das políticas de saúde e um seu destacado colaborador, diz-nos que a reforma do sistema de saúde na Holanda é a que mais respeito lhe merece. Curiosamente, a Holanda acabou com as listas de espera quando o Estado abandonou a função da prestação de cuidados de saúde para se concentrar na regulação, financiamento e desenvolvimento das políticas de qualidade. É desta evolução aliás, que surge na Universidade de Amsterdão com a liderança técnica do professor Niek Klazinga, a já famosa Marquis Audit.
Foi também António Duran que nos deixou esta interessante reflexão: a conferência de Tallin é mais um produto de liturgia para as políticas de saúde. Vale a pena começar a recitar os seus princípios plurais, como o Universo!
PKM, DE, 07.08.08
Nota: PKM no epicento de eventos importantes. Poucas novidades. A preocupação com a articulação CSP/HH/CC, tem barbas. Detalhes ridiculos. A deixa da "gestão privada de unidades publicas", não podia faltar. Mesmo a despropósito.
Etiquetas: PKM
8 Comments:
Liturgias
Unidades locais de Saúde, financiamento por capitação a exemplo do que acontece com o Hospital de la Ribera, Rede de cuidados continuados do NHS.
Estes senhores parecem ter descoberto agora o segredo da polvora seca.
E os Serviços Públicos geridos por Privados. Como convém.
Estamos em Agosto e eu tenho de ir trabalhar.
Estes encontros de reflexão são importantes. Independentemente dos temas escolhidos e dos resultados.
Mais uma vez PKM é desastrado a apresentar as materias em debate.
Esta da liturgia,do Serviço Divino não lembrava o diabo. Por melhor que tenha sido a nata reunida na ilha de Servolo.
É preciso mais profundidade, discreção, bom gosto, e humildade na abordagem destas matérias. Que afinal só devem ter a haver com a melhoria da saúde das populações. A maioria da qual não sabe onde fica a ilha de San Sérvolo.
Em Tallinin Portugal assinou:
A "Carta Europeia dos Sistemas de Saúde".
O seu núcleo temático é :
"investir em Sistemas de Saúde conduz a prosperidade e coesão social."
" Portugal, que integrou o grupo restrito de países redactores desta Carta, é considerado pela OMS um dos países europeus cujo Sistema de Saúde apresenta muito bom desempenho e pretende contribuir com boas experiências em políticas de saúde, como a reforma dos Cuidados de Saúde Primários, e com novos projectos em desenvolvimento, como a avaliação do seu Sistema de Saúde por peritos externos da OMS, que irá ter lugar durante 2009."
E, ao assinar isto, a ACS-MS assumiu, para Portugal, importantes responsabilidades e muito trabalho para o futuro.
Entretanto, existe o divertimento. PKM, paramentou-se, alçou o báculo e "transfigurou-se" no finado Mons. Lefevre.
E vai daí, chega ao seu recanto, começa a recitar a ladainha dos seus velhos e gastos principios plurais.
Desta vez, traz um novo:
"EOHSP admite que a gestão privada de unidades públicas introduz factores culturais positivos na gestão hospitalar".
Quando as questões de eficiência de gestão e resultados dos cuidados prestados, não chegam ou não encaixam - porque eles são verificáveis - o melhor é enveredar por uma deriva "cultural".
Enfim, policies....
Entramos num mundo etéreo onde a liturgia pontifica.
Da liturgia dos sacerdotes (existem em todas as profissões) do neoliberalismo:
- encenação,
- paixão,
- morte
e,
- ressurreição.
Esta mesma liturgia seria, por exemplo, a liturgia que PKM ofciaria para o HH Amadora Sintra mas também podia servir para trazer ao bom caminho as "maltratadas" PPP's, ...
Os últimos actos litúrgicos de que me lembro de ter participado foram religiosos e na minha pré-adolescência.
Depois de ter adquirido algum discernimento tornei-me agnóstico.
Só posso sublinhar esta nova vivência "gnósica", actualmente a ser vivida por PKM, pelo seu conteúdo mistico e pela dificuldade em encaixá-la nas tão propagandeadas "policies", que não podem prescindir de uma representação adequada seja da vida pessoal (política), da Europa (EOHSP, p. ex.), do Mundo (OMS), ou no delírio fatalista do Universo!...
Resta saber se à sombra da Ciência se de alguma divindade...
Cada artigo no DE, vai esclarecendo o trajecto desta longa caminhada...
(Ainda no Brasil, a "descer" para Minas Gerais... donde extraímos, até a exaustão, ouro e diamantes...)
Liturgia de Agosto
Como alguém comentou perto de mim: É o contributo do PKM para este Agosto.
Liturgia Pimba
1.- Estamos a discutir ‘policies’ e não ‘politics’.
Neste ambiente recatado, com cerca de quarenta pessoas de vários pontos da Europa, temos a oportunidade e o privilégio de falar informal e pessoalmente com pessoas como Marc Danzon, Josep Figueras, Martin McKee, António Duran, Nigel Edwards, Erio Ziglo ou Rheinard Busse entre outros influentes decisores de Bruxelas e do Banco Mundial.
2.- O relato que faço aqui, em primeira mão, assume-se muito ciente da relevância dos tempos que se vivem na Europa em termos de redireccionamento das políticas de saúde.l
3.- Entre várias outras ideias interessantes para o debate em Portugal, o EOHSP admite que a gestão privada de unidades públicas introduz factores culturais positivos na gestão hospitalar.
4.- Marc Danzon, actual director da OMS Europa, deixou-nos com a constatação informal que reconhece hoje que o espírito de Alma-Ata, uma das mais importantes declarações da OMS e que muito influenciou também o meu pensamento.
5.- a conferência de Tallin é mais um produto de liturgia para as políticas de saúde. Vale a pena começar a recitar os seus princípios plurais, como o Universo!
Comentário:
Caro PKM tenha dó.
Prosa balofa. Erros de sintaxe. Desabafos provincianos.
Mas o que é isto?!
Será que o senhor Marc Danzon já leu este texto?
Mesmo em Agosto este texto destoa. Sinto vergonha e vontade de emigrar.
Realmente um texto infeliz.
Até para compôr um texto repleto de "fais divers" é preciso talento.
Quando leio as crónicas de PKM do DE, interrogo-me sobre quem são os seus potenciais leitores alvo.
A dr.ª Manuela Ferreira Leite? O dr. Correia de Campos? Os investidores privados da Saúde? Os frequentadores das grandes conferências? Os influentes decisores de Bruxelas e do Banco Mundial? Os ex-colegas de trabalho que estudou as alternativas ao modelo de financiamento do SNS? Os politiqueiros?
Quem pretende PKM impressionar?
A nossa esperança era que algumas das criticas que aqui lhe são feitas pudessem contribuir para alterar alguma coisa. Mais não seja ao nível do estilo. De forma a evitar os rococós ridiculos. Esperança vâ.
Está na altura de rever as minhas prioridades de leitura.
Claro que, do ponto de vista do discurso (da treta)não parece haver nada de novo nem na declaração de tallinn nem neste pequeno artigo de PKM.
Mas é só aparentemente. Como sabem os experimentados gestores e políticos bloggers deste blog, o facto de se repensar Alma Ata é novo e muito importante. O facto de estarmos a verificar a efectiva aproximação entre CSP e hospitais é novo e muito importante. Entre muitas outras novidades que, o texto de Tallin redefine (nas linhas e nas entrelinhas para bom observador). A proposta do artigo é que se leia em pormenor o texto original (e não as noticias que sairam na imprensa) E-pá: eleve a sua reflexão para além da demagogia pré-eleitoral (avaliar o SNS... em 2009???... hi-hi-hi).
Podem insitir no preconceito contra os privados na saúde (e até compreendemos pois os grupos privados portugueses deixam muito a desejar... mas também os públicos, claro, ainda que "possamos" ignorar defeitos próprios). Mas não conseguem alterar a tendência natural da pluralidade do universo... os privados têm espaço nos sistemas de saúde europeus e contributos positivos a dar. O resto é foclore de quem lê artigos pela rama e comenta sem se preocupar em querer analisar e discutir o texto que o inspirou. Tallin é, de facto, uma nova (espécie) de Liturgia, sim senhor. Novos simbolos, rituais e "preces" (novos principios e novos direitos) que só personagens distraidos ignoram. A despropósito (!) pois a OMS fez um enorme esforço por publicar este importante documento que Portugal, pelo exemplo destes comentários, poderá ter assinado de cruz e para aparecer na fotografia.
Nem em perido de férias se deixam de comentários ofensivos e vazios de conteúdo para debater. Esses sim, a despropósito.
Cuidado com o Sol na cabeça, camaradas!
Enviar um comentário
<< Home