quarta-feira, outubro 8

Depois do capitalismo

pablo picasso , sonho
O primarismo intelectual tem o defeito de prejudicar a qualidade de discussão dos problemas. O que está em causa não é uma espécie de campeonato de “bondades” do bloco central. Se é mais Mota-Engil ou mais Lusoponte. Nesta matéria os partidos do chamado “arco de governação” (que inclui o CDS) têm uma longa folha de serviços.

O que está em causa é a reconstrução do pensamento político e económico pós-capitalista num quadro de implosão brutal do modelo neo-liberal baseado na rejeição do Estado e numa (irresponsável) auto-regulação que falhou em toda a linha.

Percebe-se que quem vê a política numa óptica clubística não tem tempo nem espaço intelectual para ir ao fundo das questões. Compreende-se a dificuldade de grande número de actores (políticos e económicos) como Alexandre Relvas, Miguel Frasquilho e tantos outros quando confrontados com o fim do dogma sobre o qual foram criados e formados. No entanto, é espantoso ver Joe Berardo pedir a condenação dos especuladores e Ângelo Correia zurzir na desregulação do mercado. O mundo está a voltar as costas ao capitalismo, às teses neo-liberais e a refugiar-se na protecção do Estado. Obama já ganhou as eleições americanos. É o começo de um novo ciclo onde aventuras irresponsáveis (tipo PPP com gestão clínica na saúde) deixarão de poder existir. Cabe até perguntar se, neste cenário a JMS retira o “desconto” oferecida para Braga ou se pretende acautelar uma cláusula de “nacionalização” da operação se as coisas correrem mal...

rezingão

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12 Comments:

Blogger tambemquero said...

Inspirado pelo filme "Adeus Lenine", João Cardoso Rosas escreveu no Diário Económico um artigo intitulado "Adeus Socialismo" link
que conclui desta maneira:

"Mais cedo ou mais tarde, os socialistas terão de reconhecer, em nome da honestidade intelectual, que o projecto de uma sociedade socialista caducou. No tempo que passa, o ataque às liberdades económicas e ao mercado e a defesa da socialização dos meios de produção – e o que é o socialismo, senão isso? – apenas conduziriam ao isolamento, ao empobrecimento e à entropia social. Por isso seria bastante melhor para todos, incluindo para os próprios, que os socialistas permitissem que a sua matriz ideológica se confrontasse com a realidade, sem terceiras vias nem outros subterfúgios. Essa confrontação deixaria claro que, ao contrário do que dizem alguns dos seus adversários, não é verdade que os socialistas tenham traído a sua causa. A causa é que acabou. Ou seja, ela deixou de fazer sentido face à evolução do mundo."

Vital Moreira, em respostas no Causa Nossa link e no Público de hoje, discorda nestes termos:
"Segundo, apesar desse abandono da "economia socialista", não é ilegítimo que os partidos socialistas conservem a antiga denominação, dado que continuam a lutar pelas suas principais bandeiras na esfera social, designadamente direitos sociais, inclusão social, coesão social, Estado social, enfim, justiça social. Em suma, os partidos socialistas há muito disseram adeus ao "socialismo económico", mas os ideiais socialistas nunca se limitaram a isso. Por isso, dizer "adeus ao socialismo", como quer JCR, é por um lado redundante e por outro lado indevido."

Apetece-me responder aos dois de uma só vez.
Concordo que a situação é de esquizofrenia, no sentido em que se fala muito em socialismo sem se saber o que tal possa hoje significar, mas não está demonstrado que tenha necessariamente que ser assim.
Quanto a mim "sociedade de mercado", aquela que para existir depende das trocas económicas entre os seus membros, é onde vivemos há milhares de anos e onde vamos provavelmente continuar a viver. Coisa distinta é a "sociedade capitalista", ou seja aquela em que a relação de produção predominante é o assalariamento, o trabalho medido por tempo e retribuído com salário. Esta só existe há umas centenas de anos e, pela ordem natural das coisas, terá certamente um fim. Os dois autores em análise parecem argumentar como se ambas fossem não só a mesma coisa mas também realidades eternas. Vital e Rosas confundem mercado com capitalismo para poderem vender a perenidade do segundo com base na necessidade óbvia do primeiro.
Onde Cardoso Rosas e Vital Moreira divergem é na definição de Socialismo: para o primeiro ele pode resumir-se à "socialização dos meios de produção" enquanto que para o segundo basta manter de pé umas quantas "bandeiras na esfera social" para ter direito ao franchising.
Aquilo que virá depois da "sociedade capitalista", na acepção indicada mais acima, podemos chamar-lhe várias coisas. Se calhar, em homenagem aos percursores, vamos chamar-lhe socialismo. Porém essa sociedade pouco terá a ver com as experiências prematuras ocorridas na URSS e seus anexos em que, por manifesta incipiência tecnológica e científica, era impossível aceder a um novo patamar na organização social da produção. Será certamente uma "sociedade de mercado", no sentido que lhe dei mais acima, mas não será uma sociedade baseada no assalariamento mesmo que "adocicado" com umas quantas "bandeiras na esfera social".
Seja como fôr a ideia socialista esteve sempre ligada à criação de uma sociedade de novo tipo, com relações económicas que se desenrolam em bases qualitativamente novas e mais justas. A "socialização dos meios de produção" é uma expressão ambígua onde cabe quase tudo. As tecnologias actuais, só por si, parecem estar a produzir esse tipo de resultado.
O que os socialistas, ou que se reclamam como tal, deviam era tentar perceber como o "novo trabalho", criativo, descontínuo e de duração irrelevante, está a tornar o assalariamento inviável pois esse é o processo que, paulatinamente, obrigará a sociedade a inventar o pós-capitalismo, seja ele qual for.
F. Penim Redondo

Peter Drucker enganou-se.
O pós-capitalismo não é nem mais nem menos que o socialismo.

Por estes textos recentes se vê como tudo está a envelhecer rapidamente.
E Vital Moreira já deve estar arrependido do que tem andado a dizer e escrever nos últimos tempos.

1:51 da manhã  
Blogger tambemquero said...

HPP consegue hoje contrato do hospital de Cascais
O documento assinado hoje respeita todas as dúvidas do TC.

A HPP Saúde, do Grupo Geral de Depósitos, vai assinar hoje um novo contrato de gestão para o Hospital de Cascais com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e a Estrutura de Missão Parcerias Saúde. O novo documento segue depois para o Tribunal de Contas, “esperando-se que sejam ultrapassados todos os problemas levantados por aquele órgão”, diz José Miguel Boquinhas, administrador da HPP Saúde, que espera ter a “gestão do hospital no próximo dia 1 de Dezembro”.

A ausência de um serviço de oncologia no novo Hospital de Cascais estava no centro de toda a polémica. O Tribunal de Contas tinha atribuído um visto negativo ao contrato de gestão assinado pelo Grupo HPP Saúde, em parceria público-privada, relativo ao novo Hospital de Cascais. No acórdão, o Tribunal de Contas apontava “uma alteração do perfil assistencial, no que toca à prestação de cuidados continuados, à assistência a doentes infectados com HIV e à eliminação da produção em hospital de dia médico em oncologia, relativamente ao previsto no caderno de encargos”.

José Miguel Boquinhas disse ao Diário Económico que este “é um problema entre o Estado e o Tribunal de Contas e não directamente com a HPP”. No entanto, a empresa de saúde da CGD optou por “ir de encontro às pretensões” do Tribunal de Contas.

O novo contrato, segundo José Miguel Boquinhas, define que a “oncologia ficará no Hospital de Cascais, tal como estava no caderno de encargos”, mas ficando de fora “a prestação de serviços médicos, a qual será feita por outro hospital”, possivelmente o Francisco Xavier, o Instituto Português de Oncologia (IPO), ou os dois em conjunto. Para isso, a HPP terá de assinar um protocolo com estas unidades, prestando apenas os serviços de enfermagem e o hospital de dia, sendo a responsabilidade médica dos remédios prescritos pelas unidades de saúde referidas.

Quanto à questão da assistência aos doentes com HIV e ao pagamento dos cuidados continuados, aquele gestor diz que “também tudo ficou resolvido”.

Se o TC não levantar novas dúvidas, a gestão do Hospital de Cascais será da responsabilidade do HPP a 1 de Dezembro próximo.

O consórcio liderado pela HPP Saúde e a Teixeira Duarte ganhou o concurso internacional para a construção e gestão do novo hospital de Cascais, com uma proposta – a mais barata – de 302,850 milhões de euros, deixando de fora a José de Mello Saúde, que se propunha a concretizar o hospital (251 camas) por 335 milhões de euros.
DE 08.10.08

Sempre na cauda do progresso

Enquanto os EUA e UE se lançam numa nova era do pós capitalismo, Portugal dá inicio ao que há de mais duro e retrógrado no capitalismo neo liberal, entregando de mão beijada unidades do SNS à exploração privada.
Quem vai pagá-las são os contribuintes e os doentes do SNS.
Felizmente há o Tribunal de Contas.

10:50 da manhã  
Blogger tambemquero said...

Saúde não consegue identificar médicos nos hospitais

O Ministério não consegue saber o número de profissionais em cada especialidade porque os hospitais ainda não responderam ao pedido.

A Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), a entidade responsável pela gestão informática e recursos humanos de todo o Serviço Nacional de Saúde, não consegue identificar os profissionais que trabalham nos hospitais.

Isto mesmo é assumido numa circular que a ACSS enviou a todos os hospitais, pedindo para que estas unidades de saúde respondessem correctamente ao formulário que foi enviado e cujo objectivo era reunir os mapas de pessoal necessários para a preparação do Orçamento do Estado para o próximo ano, que vai ser entregue no Parlamento na próxima semana.

Na circular interna, datada de 4 de Agosto, e a que o Diário Económico teve acesso, o presidente da ACSS, Manuel Teixeira, começa por explicar que “a definição das políticas e planeamento de recursos humanos da saúde exigem o conhecimento, rigoroso e actualizado, da caracterização e distribuição dos efectivos existentes nos diversos serviços e organismos do Ministério da Saúde”.

Depois, assume que há “insuficiências e/ou incorrecção de dados registados”, o que obriga ao “recurso sistemático a inquéritos, com toda a sobrecarga que esse trabalho acarreta para os serviços e organismos do Ministério”. E conclui: na recolha de dados dos hospitais, a ACSS “confronta-se com dificuldades em concluir o apuramento dos efectivos existentes no Ministério na data de referência de 31/12/07, devido à insuficiência de dados registados” na aplicação informática RHV (Recursos Humanos e Vencimentos), o que origina “falta de rigor na informação disponível”.

Assim, Manuel Teixeira conclui a circular de duas páginas pedindo aos hospitais para procederem, “de imediato”, à verificação dos dados”, e para acelerar o processo. Até enviou emails com “um conjunto de mapas que referenciam dados omissos e/ou incorrectos”, solicitando que eles sejam devolvidos “com a maior brevidade possível”.

Falta de informação complica Orçamento

De acordo com as informações recolhidas pelo Diário Económico, mais de dois meses depois, ainda há hospitais que não responderam à missiva de Manuel Teixeira, o que dificulta o planeamento do Orçamento do Estado para o próximo ano.

De acordo com a circular N1343, do secretário de Estado do Orçamento, “no caso específico do Serviço Nacional de Saúde, os respectivos mapas financeiros serão enviados, de forma global, pela ACSS”. O Diário Económico colocou esta e outras perguntas à ACSS que preferiu não responder.

Dos vários hospitais contactados pelo Diário Económico, apenas o hospital de São João, no Porto, e o Centro Hospitalar de Lisboa Central (São José, Capuchos, Santa Marta, Estefânia e Desterro) responderam, garantindo que a ACSS já tem todas as informações pedidas na circular enviada em Agosto.

- A circular assinada pelo presidente da Administração Central do Sistema de Saúde é clara: a ACSS “confronta-se com dificuldades em concluir o apuramento dos efectivos existentes no Ministério na data de referência de 31/12/07, devido à insuficiência de dados registados” na aplicação informática.

- Manuel Teixeira explica que falta indicar, “nomeadamente, especialidades, áreas e ramos dos corpos especiais de saúde, situação que releva para a falta de rigor na informação disponível”.

- O presidente da ACSS termina dizendo que, como a informação tem “carácter urgente”, vai enviar “por correio electrónico, um conjunto de mapas que referenciam dados omissos ou incorrectos”, pedindo “a maior brevidade possível” no seu preenchimento.
DE 08.10.08

10:54 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Voltando ao tema do post:

Estou em "pulgas" para ouvir os figurões do chamado "Compromisso Portugal"!
Deve ser de partir o côco a rir...

2:51 da tarde  
Blogger tambemquero said...

O dr. Carrapatoso e companhia do " Compromisso Portugal", gastam do Sócrates.
E escrevem no seu site: «De um modo geral, o Governo cumpriu o que se propôs realizar no seu Programa de Governo e os principais compromissos assumidos pelos responsáveis.»
link

Vamos esperar pela sua reacção à próxima vaga de neo nacionalizações.

Quem anda nas nuvens é o Jerónimo de Sousa.
Um dia acordou e imaginou-se num PREC à escala do planeta, com planificação centralizada da economia e tudo.

9:27 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Caro tambemquero:

O que me ensurdece é aquela máxima que era repetida ad nauseum:
"Menos Estado, melhor Estado"...
Está à vista nos EUA, na Europa, etc, só não sei se chegou aos conciliábulos do Convento do Beato...

5:56 da tarde  
Blogger ochoa said...

Os nossos neoliberais de pacotilha como o José Manuel Fernandes, na esteira do The economist", vem dizer que é realismo e não socialismo e que tudo se reduz ~`as grandes quantidades de moeda em circulação.
Ou seja, a actual crise deve-se à má moeda (muita moeda) que no lugar de expulsar os especuladores fez com que estes últimos anos de laissez faire fosse um forrobodó pegado.
Ainda vamos ver o JMF na Wall Street. Oxalá!

6:17 da tarde  
Blogger e-pá! said...

A crise do capitalismo e os atacadores dos discípulos de Friedman …

A situação vivida em Portugal derivada da crise do rebentamento da “bolha” imobiliária americana e dos seus cúmplices por todo o Mundo (embora redundante, convém ter este facto sempre presente!) é um autêntico puzzle político e económico.
Só que, cada dia que passa, menos “pedras” encaixam no tabuleiro.

Sócrates, primeiro responsável pela governação deste País vem à liça afirmar que o nosso sistema financeiro/bancário é robusto e não tem problemas de solvência . A ser verdade esta asserção (todos esperamos que seja) esquece-se de avisar os cidadãos que a esta crise – mesmo que resolvida rapidamente e com sucesso - segue-se uma recessão económica grave, com todo o cortejo de consequências (desemprego, “crescimento negativo” ou estagnação da economia, atraso do desenvolvimento, acentuação da divergência em relação à Europa e, finalmente, uma crise social que afectará irremediavelmente as reformas, a saúde, a educação, etc). Isto é, “tudo” o que é consequência directa da crise do sector financeiro não poderá ser varrido para debaixo do tapete.

Teixeira dos Santos, Ministro das Finanças começa em “força” e afirma, categórico, que por cá :
“aconteça o que acontecer as poupanças dos portugueses, em qualquer banco que opere em Portugal, estão garantidas” (sic)
Vai para Bruxelas, encontram-se os 27, no Ecofin, e o ministro começa a tergiversar.
Diz que as garantias solenes prometidas na véspera não representam uma promessa de reposição na totalidade dos seus depósitos, mas uma garantia de que não haverá falências de bancos susceptíveis de os pôr em causa (os famigerados depósitos). Começa o filme pelo fim.
Ficamos, então, a saber que, quando falou para os portugueses, eram os Bancos que auferiam dessas soberanas garantias.
E, em vez de manter a posição inicial, em relação aos depositantes, capaz de “engolir o Mundo”, saí de Bruxelas de cabisbaixo, com a garantia de que, por titular, as poupanças estão garantidas no valor de 50.000 euros…

Destas contradições, destas hesitações, desta palrar insano, esperam os governantes conquistar (ou repor) níveis de confiança dos cidadãos nas instituições. E, como já duvidam da sua capacidade de persuasão, mandam para a ribalta política o Governador do Banco de Portugal, dizer que se acaso existirem problemas de solvência financeira, ele próprio, avisaria os portugueses. Talvez por SMS (dos verdadeiros), digo eu.

Portanto, em vez de começarmos já a preparar les pompes funèbres do sistema capitalista e iniciar um debate ideológico sobre o socialismo político e económico (a concepção de que o socialismo abandonou à área económica para dedicar-se à área social – faz compreender muito do VM anda a escrever…).

Vamos ser sucintos e pragmáticos.
O que realmente está à vista sobre este sistema financeiro capitalista, presentemente em decorrada, é o seguinte:
1.) Quando há lucros da Banca e da Bolsa eles são propriedade do(s) investidor(es) e açambarcados pelos empreendedores (para usar uma expressão da preferência do Dr. Luís Pisco) que vão aumentar a sua riqueza e o seu património.
2.) Quando há prejuízos – especialmente os vultuosos que “descapitalizam” as instituições – são para serem divididos e pagos pelos contribuintes. As intervenções dos Bancos Centrais não são mais do que isso.

É este logro que ninguém mais tolerará!

Não penso que o capitalismo foi, ou está na emin~encia de ser, vítima de uma “morte súbita”.
O mercado – tal como existia – será a próxima vítima.
Grave é que esse tipo de mercado, que tem sido invectivado por todos (políticos, economistas, banqueiros, desde os bunkers financeiros de Wall Street, à snob City londrina (onde os ingleses mais pragmáticos já se “conformaram” com a intervenção estatal (nacionalização parcial) dos 8 principais bancos - o Abbey (Santander), o Barclays, o HBOS, o HSBC, o Lloyds TSB, a Nationwide Building Society, o Royal Bank of Scotland e o Standard Chartered- , continua a “comandar” e a orientar o desenvolvimento da crise.
Ao intervirem nestas instituições passaram a regulá-las, a fiscalizá-las e, provavelmente, vão trabalhar para dispensar “injecções” sequenciais, quase diárias.

O que se passa noutras situações? É como se fosse um galinheiro, onde entrou, e se aninhou, um “bando” de raposas. As injecções de capital, mantendo a mesma administração, não trazem qualquer solvência duradoura. São como se atirassem frangos gordos para esse mesmo galinheiro. Eram logo devorados pelas raposas. Amanhã, o problema estava na mesma. Antes de meter mais dinheiro (dos contribuintes) é preciso expulsar as raposas do galinheiro. Não tem sido feito.
No seu seio permanecem – apesar de todas as ameaças do aparelhos de Estado – os “greedy” speculators para além dos stocks brockkers, fund salespersons, financial planner’s, etc. Sem que alguém os tenha beliscado.

A regulação do mercado não surge de leis avulsas, de vontades caridosas, de propósitos inocentes, nem de uma redutora reforma do sistema financeiro.
Dizia Milton Friedman "O único modo que já se descobriu de ter muitas pessoas cooperando entre si voluntariamente é através do livre mercado. É por isso que é tão essencial preservar a liberdade individual.". Milton Friedman faleceu recentemente, não assitiu a este “rebentar da bollha”, mas nós que ainda por cá andamos ficamos todos a saber do que era capaz o tal “livre” mercado…

Desta confusão e deste desabar, surgirá - é imperioso que assim seja - um reformado ou reformulado sistema político, económico e social, onde o Estado terá de ser (re)dimensionado.

Um Estado forte altamente disciplinador através de implacáveis sistemas de fiscalização e capaz de aplicar pesadas sanções ao bando de especuladores, neste momento, ainda intocáveis. Os mais radicais, os mais pragmáticos, defenderão que qualquer regulação exigirá a presença física e operativa nesses sectores estratégicos (banca, energia, saúde, educação). De resto, a cartelização será a regra e a livre actuação do mercado renascerá.

O grande problema é a criação de um Estado pluripotencial: “musculado” para intervir na regulação da sociedade económica, financeira e social e, simultaneamente, dotados de organismos e instituições capazes de garantir – sem qualquer tipo de indecisões ou de vacilações - as liberdades fundamentais e os direitos dos cidadãos e a Paz
De facto o capitalismo, tal como tem existido, afundou-se, fundamentalmente, em três vertentes:
A) deixou o mercado, sem regulação, criar uma das maior crise financeiras da história das nações;
B) promoveu e alimentou guerras regionais (pelo petróleo, pelo controlo económico, pelo “sujo” negócio do armamento, por questões étnica e tribais, etc)
C) não respeitou, nem fez respeitar, os direitos Humanos (negócios com ditaduras, Abu Graib, Guantámano, etc.)

Num momento em que a discussão do sistema político-económico do futuro parece incontornável, é importante, citar um revolucionário do século passado, que foi esconjurado da política pelo desabar do sistema político e económico (comunista) de que foi um dos principais construtores e teóricos. Era discípulo de um economista que hoje causa engulhos a muita gente: Karl Marx.
Ninguém negará que este homem passou parte significativa da vida a reflectir, e a produzir abundante teoria política, sobre (contra) o capitalismo.
Ninguém defende hoje o “leninismo” com as suas planificações centralizadas e centralizadoras, as NEP’s, o controlo das liberdades, os abusos do poder, a nomenklatura obsoleta, os apparatchiks, etc.

Mas Lenine deixou-nos um aviso:
Dizia: Os capitalistas são tão capazes de auto sacrifício como de se auto erguerem pelos seus próprios atacadores .

Já que estamos forçadamente a viver tempos de risco, sejamos, ao menos, prudentes…e previdentes.

10:27 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

... O problema é que os últimos administradores da Lehman pecaram pela falta de prudência na fase de expansão, comportamento esse contrário ao normal modus operandi da instituição. Tal como pecaram pela soberba ao correrem riscos excessivos no sector imobiliário, que estava fatidicamente destinado a sofrer um doloroso paliativo. Acontece, porém, que a Lehman morreu com as botas calçadas. Ou seja, morreu porque o Tesouro dos Estados Unidos se recusou a dar garantias aos que estavam dispostos a “absorvê-lo” aproveitando-se do seu cancro terminal. A Lehman foi vítima dos seus próprios erros e morreu sem assistência pública, mas fê-lo de cabeça erguida. Pode dizer-se que a sua liquidação, a sua falência, foi um contributo de luxo para a história do capitalismo: como se pode deixar cair o quarto maior banco do mundo sem que o sistema financeiro internacional se desmorone? Como se pode prestar homenagem à destruição criativa de que falava Schumpeter? link
Miguel Ángel Belloso, DE 09.10.08

11:19 da tarde  
Blogger cotovia said...

(...) em Portugal, normalmente, o capitalismo é reduzido aos “capitalistas” (aos grandes empresários). Mas o capitalismo é muito mais do que isso. É o capitalismo que permite o pluralismo de opiniões, a liberdade individual e, naturalmente, a democracia pluralista. Em Portugal, muitos ainda discutem a democracia de um modo abstracto, como se correspondesse a um destino natural ou a uma convicção partilhada por todos. Não é assim. Para haver democracia, é necessário que haja uma sociedade que crie condições para haver pluralismo e liberdade. São frutos das sociedades ricas e não das pobres. As democracias mais firmes existem nos países onde o capitalismo está mais desenvolvido. Todos os regimes totalitários do século XX, desde a Alemanha nazi à União Soviética, foram impostos por movimentos profundamente “anti-capitalistas”. Ou seja, a democracia é o resultado do capitalismo, e não o contrário. link

10:51 da manhã  
Blogger cotovia said...

The Growth Report - Strategies for Sustained Growth and Inclusive Development link

O ‘Consenso de Washington’ - estabilizar, privatizar, liberalizar - está morto. Longa vida ao novo pragmatismo».
Segundo o FT, esta é a mensagem central do relatório.
Algumas conclusões:
(1) nenhum país registou taxas de crescimento elevadas sem investimentos públicos maciços em infra-estruturas, educação e saúde para todos;
(2) não há crescimento sem um compromisso público com o combate às desigualdades extremas nos resultados alcançados e com a criação política de ampla igualdade de oportunidades (aqui está o principal bloqueio do nosso país na actualidade);
(3) as questões ambientais devem de ser encaradas desde os primeiros estádios do processo de crescimento.

11:18 da manhã  
Blogger e-pá! said...

À atenção do Sr. Bagão Felix

Há 3 anos atrás, a White House (Bush) e o Congresso (democratas e republicanos) tentaram privatizar a Segurança Social.
Como cá!

Esta operação financeira permitia a entrega à Wall Street para aplicações de fundos de investimento gigantescos(trilhiões de USD)

O argumento toda a gente conhece:
- A crónica e eminente (desde há dezenas de anos) falta de sustentabilidade do sistema público que, não arriscando, tem menos disponibilidades financeira... para assegurar as prestações sociais.

De facto, os investidores privados americanos prometiam maiores lucros, logo, a multiplicação dos fundos, maior e melhor sustentabilidade. Ouro sobre azul!

Tal operação teria levado - com investimentos em produtos espculação (agora chamam-se "tóxicos") e alavacagens para outras operações de alto risco - a Segurança Social americana a uma situação de bancarrota.

O projecto não foi avante.
A Segurança Social continuou sob a administração pública e está de boa saúde.

Mas, nos EUA, existem muitas pensões privadas que, neste momento, foram engolidas pela crise.
Muitos dos reformados americanos que alinharam no "esquema privado" movimentam-se para, apesar da provecta idade, recomeçarem a trabalhar...
A imagem do desespero!

O Plano Paulson não os comtempla...

Temos de guardar na memória estes factos.
Porque reincidentes senhores, por cá, sistematicamente, levantam este problema, com os mesmos argumentos, as mesmas promessas.
E nessa altura, sem perder tempo, devemos mandá-los dar uma volta ... ao bilhar grande.

10:54 da tarde  

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