A Crise
Será que a Caixa Geral de Depósitos...
Não se coloca em causa que a Caixa Geral de Depósitos esteja em excelente situação financeira, mas a venda à Parpública de parte das suas participações na REN e na Águas de Portugal surge numa altura de tal forma delicada que dá azo a várias conjecturas, a mais benéfica das quais a de que o banco está a ser preparado para apoiar outros bancos que possam entrar em dificuldades. semanário expresso 04.10.08
Não está na hora de rever nomedadamente as remunerações principescas e as mordomias dos gestores desta vetusta instituição bancária (do estado) ? ochoa
Caro Ochoa não tenha muitas esperanças quanto a isso. Pode não haver dinheiro para investimento reprodutivo ou, até para simples crédito aos pequenos empresários ou para os jovens poderem adquirir casa própria. Haverá, no entanto, dinheiro garantido na CGD (via HPP) para “aventuras empresariais” na saúde abrindo e mantendo unidades inviáveis ou mesmo adquirindo sub-sistemas de saúde falidos. É este o padrão dos neo-liberais de pacotilha. Basta lê-los nos jornais e ouvi-los nas televisões. Pateticamente, vêm agora dizer que o problema não está no liberalismo (vide Expresso e Sol de hoje) mas sim na gritante falha de regulação do Estado. É assim como o problema não estar num criminoso, que comete uma infracção, mas sim no polícia que não cumpriu o seu dever. Faz-me lembrar a expressão que ouvi, há tempos, a um dirigente de um hospital privado a propósito da regulação que teve a pueril sinceridade de dizer: …"se o Estado não é capaz de regular e deixa roubar o problema é do Estado”…
Valha-nos a animação a que vamos assistindo enquanto o liberalismo se vai desmoronando, pelo mundo. Estamos perante uma rábula divertida (quase circence) ao ver os benditos neo-liberais de pacotilha a contorcerem-se tentando explicar que, de facto o edificio está a ruir, mas o projecto e os materiais eram tão bons… Pena foi que o fiscal da obra fosse tão, profundamente, incompetente.
Em ano pré-eleitoral, meus caros amigos, o caminho será, seguramente, para desgosto de muitos, mais Estado e melhor Estado…
Nota Final:
PKM não vê, no serviço público, grandes motivos para celebrar os 30 anos de SNS. Não deverá desanimar porque, apesar de tudo, a evolução objectiva dos indicadores, não é má de todo. Certamente devido ao facto de, nestes trinta anos, termos podido contar com o Hospital da CUF, a Clínica de São Lucas, a Clínica de Oiã, o Hospital Particular e, meia dúzia de anos de JMS no Amadora-Sintra. Se não tivesse sido assim…
PKM não vê, no serviço público, grandes motivos para celebrar os 30 anos de SNS. Não deverá desanimar porque, apesar de tudo, a evolução objectiva dos indicadores, não é má de todo. Certamente devido ao facto de, nestes trinta anos, termos podido contar com o Hospital da CUF, a Clínica de São Lucas, a Clínica de Oiã, o Hospital Particular e, meia dúzia de anos de JMS no Amadora-Sintra. Se não tivesse sido assim…
silly season
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2 Comments:
O UTÓPICO DESFECHO DA CRISE EUROPEIA
"Não está na hora de rever nomedadamente as remunerações principescas e as mordomias dos gestores desta vetusta instituição bancária (do estado)? ".
Provavelmente, não existirá um português que não tenha levantado esta questão de má consciência, que não tenha inquirido, questionado, levantado interrogações, sobre esta iniquidade.
Mas, em Portugal, "isso", nunca se fará voluntariamente.
Não haverá abdicações. A única via é a coerciva.
O opróbrio é de outro cariz. É, para a resolução de questão ética, essencialmente, político.
Ética e política, nos actuais tempos, têm andado de costas voltadas...
Só se a crise trouxer a ética de volta...
Nesta crise, tem sido Sarkosy a levantar a questão. A Esquerda, no poder em alguns Países europeus (poucos) está calada, como que acanhada.
As 3 grandes linhas de combate ao neoliberalismo financeiro desenfreado vêm da própria Direita, nada interessada em "matar a galinha dos ovos de ouro".
Este tresdobrar de posições foram protagonizadas pelo presidente francês (presidente da UE em exercício):
1º. - o compromisso solene no sentido de apoiar os bancos e outras instituições financeiras perante as estilhas do "estourar da bolha imobiliária", importadas dos EUA;
2º. - uma viva censura e a rejeição das remunerações e indemnizações milionárias dos dirigentes das instituições financeiras.
3º. - o ajuste de contas, decorrente, do ponto anterior com os dirigentes que "falharam".
Difícil satisfazer este triplo conjunto de condições. A UE nem sequer chega a consenso sobre a criação de uma Agência Europeia de Regulação do Mercado de Capitais.. Isto mostra como estamos, na Europa, longe das "pragmáticas soluções".
Para o primeiro, contam com a colaboração do BCE (Banco Central Europeu) e do BEI (Banco Europeu de Investimentos).
Para a segunda e terceira exigências os governos têm 3 armas disponíveis:
- o papel fiscalizador dos Sistema Europeu de Bancos Centrais(BdP, p. exº)
- as taxas de agravamento fiscal coercivo, ou coimas,
- ou, ainda, "estorvar" ou onerar a participação nas Bolsas, das instituições pervaricadoras, como já se fez em relação ás
através de uma agência europeia regulação do mercado de capitais, a exemplo do Securities and Exchange Commission (SEC) americana, que, como verificamos, as políticas neo-cons esvaziaram das suas funções em favor do "mercado livre".
A proibição do "short-selling" foi o primeiro passo na moralização do mercado bolsista. Duvido, que regresse ao mercado...
Um mecanismo complexo.
E utópico. O Banco de Portugal (BdP), orgão público, tem o poder arbitário de calcular oas remunerações dos seus dirigentes. Nessa situaçã, mpor medidas tão restritivas a instituições privadas é utopia.
Uma utopia com custos. A fuga desenfreada para os off-shores que são, com toda a verosimilhança, parte integrante desta crise, mas ninguèm lhe mexe.
Off-shores, cuja conjuntura financeira, nomeadamente em relação à liquidez, não há qualquer sinal.
No news, good news?
Finalmente, se a Europa ou mais globalmente, o Mundo, retirar ou condicionar as mordomias financeiras dos chicago-boys, como podem continuar a existir esses raros exemplares exóticos, extravagentes e excênctricos que "brincam" com o dinheiro dos outros?
Regredimos aos "yuppies" dos anos 60?
... Em Portugal, o primeiro-ministro e o ministro das Finanças também fizeram questão de passar a mensagem de que o Estado não deixará que haja falências no sistema financeiro e que os depositantes e credores podem estar tranquilos. É fundamental que o recado seja interiorizado. Os bancos nacionais estão bem no que toca aos rácios de solvabilidade, mas uma eventual onda de pânico que leve a uma corrida aos depósitos de uma instituição vai atirá-la para uma situação de pré-falência, obrigando o Estado a intervir.
É por isso incompreensível que, na mesma semana em que passaram esta mensagem, José Sócrates e Teixeira dos Santos tenham permitido que a CGD concretizasse a venda de duas participações que detinha na REN e na AdP, à Parpública, por €390 milhões. Bem pode o ministro clamar que tal estava há muito previsto. Se estava, não se percebe que tenha sido concretizada agora, no exacto momento em que há receios, em todo o mundo, quanto à solidez das instituições financeiras. Ainda por cima, nos últimos sete meses, o Estado procedeu, pela calada, a dois aumentos de capital na Caixa, um a 31 de Dezembro de 2007, de €150 milhões, e outro de €400 milhões no final de Julho.
Ora de tudo isto o que resulta é a legítima dúvida de saber se os rácios de solvabilidade da Caixa não estariam debilitados 1) pelas participações que detém em diversas empresas que se desvalorizaram fortemente; 2) e por financiamentos que fez a diversas entidades para compra de acções contra garantias que estão hoje muito desvalorizadas.
Em alternativa, fica a outra dúvida: e se este reforço dos rácios da Caixa é para prever a possibilidade de esta ter de ir em socorro de alguma instituição financeira que esteja à beira de enfrentar sérias dificuldades?
nicolau santos, semanário expresso 04.10.08
Como é costume por cá faz-se tudopela calada. Até o combate à crise.
Fica no ar a expectativa se Portugal vai persistir em levar por diante os mega projectos como o TGV e a construção de mais autoestradas.
Neste pequeno país à beira mar plantado, periferia da Europa e do mundo, até os neo-liberais são de meia tijela.
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